Topo

"Ficaria surpreso se mostrasse a realidade", diz Wozniak sobre "Jobs"

Los Angeles

15/08/2013 09h36

O cinema independente se antecipou a Hollywood com "Jobs", o primeiro filme biográfico sobre o cofundador da Apple, Steve Jobs, interpretado por Ashton Kutcher, enquanto a Sony desenvolve outro longa-metragem sobre o inventor falecido em 2011.

Exibido no encerramento do Festival de Sundance em janeiro, "Jobs" chega aos cinemas americanos nesta sexta-feira (16), precedido pelo frenesi midiático que acompanha tudo relacionado a Apple ou a seu lendário cofundador. No Brasil, o filme estreia em setembro.

O filme, que gerou reações tímidas em Sundance, narra 20 anos da vida de Steve Jobs, desde a criação da Apple em uma garagem da Califórnia até seu retorno triunfal à empresa em 1996, quando retomou o comando da companhia.

Interpretar alguém sobre quem todo mundo tem uma opinião ou uma crítica a fazer é muito, muito aterrorizante

Ashton Kutcher

Dirigido por Joshua Michael Stern e escrito por Matt Whiteley, "Jobs" parece mais inclinado a glorificar o visionário inventor do iPod do que a explorar os aspectos mais polêmicos do personagem, apesar de dedicar algumas cenas a seu caráter difícil, sua brusca ruptura com a namorada grávida e a recusa inicial de reconhecer a filha.

Na feira Macworld/iWorld de São Francisco em janeiro, Ashton Kutcher admitiu que ficou intimidado com o papel.

"Interpretar alguém sobre quem todo mundo tem uma opinião ou uma crítica a fazer é muito, muito aterrorizante", disse.

O ator de 35 anos, que se define como um "geek" e investe em "start-ups" tecnológicas, assistiu centenas de horas de vídeos de Steve Jobs para aprender sua maneira de caminhar e dicção.

Kutcher chegou ao extremo de adotar a estrita dieta de Steve Jobs, "comendo e bebendo apenas frutas e suco de cenoura por um mês". O resultado foi uma dor insuportável de estômago que o deixou internado por dois dias antes do início das filmagens.

O filme e o tema provocaram muitas críticas, incluindo do cofundador da Apple Steve Wozniak - interpretado por Josh Gad em "Jobs" -, que manifestou publicamente suas reservas.

  • Cofundador da Apple, Wozniak vai a todos os lançamentos da empresa até hoje

Outro filme, outra versão
O criador dos primeiros computadores da marca, Apple I e Apple II, digeriu mal uma cena em que Steve Jobs descreve o extraordinário potencial dos sistemas operacionais que acabara de inventar.

"Na cena, Steve me dá uma aula sobre o potencial dos computadores, mas na realidade foi exatamente o contrário", disse Wozniak ao jornal Los Angeles Times.

"Steve nunca criou um grande equipamento. Naquela época, sofria um fracasso atrás do outro. Era incrivelmente visionário, mas não tinha a capacidade de levar para a prática o que imaginava".

"Ficaria surpreso se o filme retratasse a realidade", afirmou.

Ashton Kutcher respondeu às críticas em uma entrevista ao "Hollywood Reporter", na qual afirmou que Wozniak queria que sua contribuição para a Apple fosse representada igualmente a de Steve Jobs.

"Mas, claramente, o filme se chama 'Jobs'. É sobre Steve Jobs, sobre a herança deixada por Steve Jobs, então penso que deve concentrar-se mais na contribuição de Jobs para a Apple".

Kutcher também disse que Wozniak colabora com a Sony em outra cinebiografia de Steve Jobs, baseada na biografia oficial escrita por Walter Isaacson e publicada pouco depois da morte do guru da Apple.

"Wozniak está sendo pago por outro estúdio para ajudar a defender seu próprio filme sobre Steve Jobs. Assim, sua opinião estará de algum modo conectada a este fato", disse Kutcher.

O segundo projeto ainda está na fase do roteiro, a cargo de Aaron Sorkin, que venceu o Oscar pelo roteiro adaptado de "A Rede Social", sobre a criação do Facebook.

O roteirista já revelou que construirá o filme em três fases de 30 minutos, nas quais descreverá Jobs com os lançamentos de três produtos importantes da marca.

O filme da Sony ainda não tem diretor nem protagonista definidos.