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Fãs e amigos se despedem de Seymour Hoffman com discreto adeus em Nova York

Em Nova York

04/02/2014 20h28

"Sua 'Morte de um viajante' foi a noite mais mágica que eu tive no teatro. Descanse em paz", diz um bilhete anônimo escrito a mão junto com uma rosa branca na porta do prédio de Manhattan onde o ator americano Philip Seymour Hoffman, de 46 anos, foi encontrado morto no domingo (2).

O bilhete lembra da atuação de Seymour Hoffman na Broadway na obra do dramaturgo americano Arthur Miller, e que lhe valeu a indicação ao Prêmio Tony de Melhor Ator em 2012 por sua interpretação de Willy Loman, o personagem principal do drama.

Buquês de flores, velas, fotos, um bonequinho de neve, garrafas de cerveja vazias: o pequeno memorial montado dos dois lados da entrada do número 53 da Bethune Street, no elegante bairro de West Village, é discreto e não atrai multidões. Um policial toma conta do lugar discretamente.

O estilista e ator amador Forest Young, de 38, chega, deixa flores e fica olhando por um tempo, sem dizer nada.

"Vim lhe prestar uma homenagem. Espero que seja lembrado por seu trabalho e por seu compromisso com a arte, por seus filmes e pelo modo como chegava nas pessoas. Não se pode pedir mais do que isso de um artista", diz à AFP esse morador do bairro.

"Sabia que estava lutando contra o vício, mas, ao mesmo tempo, acho que todos os grandes artistas exploram os limites da condição humana. Fazem isso porque podem", acrescenta ele, referindo-se aos problemas de drogas de Hoffman, aparentemente vítima de uma overdose de heroína.

A estudante de dança Anna Zekan, de 22 anos, não traz nada, mas também para por alguns momentos e tira fotos. Ela diz ser uma admiradora do ator, preferindo "Capote", no qual Seymour interpretou o famoso escritor e ganhou a estatueta do Oscar de melhor ator.

Anna, que há seis meses chegou a Nova York vinda de Oregon (oeste), conta que não conseguia acreditar quando soube da notícia. "É inacreditável. Ele era muito aberto sobre sua luta [contra as drogas], mas você nunca espera que vá acontecer algo assim com alguém que é tão bem-sucedido e que está trabalhando tão bem", comentou.

Considerado um dos atores mais respeitados de Hollywood após mais de 50 filmes em 20 anos de carreira, Seymour Hoffman havia se separado recentemente da mulher, a estilista Mimi O'Donnell, mãe de seus três filhos (de 10, 7 e 5 anos) e com quem vivia em uma casa na rua Jane, perto do apartamento alugado no qual foi encontrado morto.

Um dos lugares aonde costumava ir com os filhos era o café Chocolate Bar, na Oitava avenida. Aberta há 12 anos e há seis nesse endereço, a loja encarna o espírito de muitos lugares de West Village: pequena, acolhedora, com um toque artístico, mas também burguês.

A jovem por trás do balcão começa a falar sobre as visitas do ator com os filhos até ser interrompida por outro funcionário: "Não falamos sobre o assunto".

Hoffman e sua família "eram parte da comunidade" do West Village, disse no domingo à AFP uma moradora do bairro que se identificou como Janine, acrescentando que costumava cruzar com ele e as crianças no calçadão às margens do rio Hudson.

Segundo a imprensa local, vários amigos famosos passaram nos últimos dias pela casa da rua Jane. Entre eles, esteve a atriz australiana Cate Blanchett, que levou presentes para os filhos de Hoffman.

A necropsia para determinar as causas da morte começou na segunda-feira. A Polícia de Nova York confirmou ter encontrado heroína junto com o ator.