EUA tentam obter a prisão de Roman Polanski durante visita à Polônia
O governo dos Estados Unidos solicitou à Polônia a detenção de Roman Polanski, que viajou ao país para participar na inauguração do Museu da História dos Judeus Poloneses, informou a promotoria polonesa.
A polícia americana persegue Polanski, 81 anos, desde 1977. O diretor, que tem nacionalidade francesa e polonesa, é acusado de ter mantido relações sexuais com uma menor de idade.
O cineasta foi interrogado nesta quinta-feira (30) pelo promotor de Cracóvia e posteriormente colocado em liberdade, anunciou um porta-voz da Justiça.
Polanski apresentou garantias suficientes sobre onde está hospedado e dados de contato para que a detenção não fosse considerada necessária, afirmou a porta-voz da Promotoria de Cracóvia, Boguslawa Marcinkowska.
"O promotor interrogou Roman Polanski, que se negou a responder perguntas relacionadas com o ato do qual é acusado", disse a porta-voz. "Ao mesmo tempo, ele se comprometeu a comparecer toda vez que for solicitado à Promotoria ou ao tribunal", completou.
Segundo uma fonte do Ministério da Justiça da Polônia citada pelo jornal "Gazeta Wyborcza", que antecipou a informação, a Justiça americana pretendia obter a detenção, à espera de iniciar um processo de extradição.
O pedido teria sido rejeitado em um primeiro momento por uma questão formal, por não ter sido traduzido para o idioma polonês, explicou Mateusz Martyniuk, porta-voz do ministério, mas o problema foi solucionado na quarta-feira à noite.
Assim, a Procuradoria regional iniciou o processo solicitado por Washington, destacou Martyniuk, dizendo que esse trâmite "pode durar quase dez dias e sobre o qual a opinião pública será informada".
Em 2010, Varsóvia negou a possibilidade de uma extradição porque o crime já havia prescrito, segundo a legislação polonesa.
A porta-voz da Promotoria admitiu que, apesar da prescrição segundo a lei polonesa, o crime do qual o diretor é acusado (relações sexuais ilegais com uma menor), é preciso levar em consideração a colaboração com a Justiça americana e que, formalmente, a extradição era "possível".
Na Polônia, a decisão cabe a um tribunal independente. No caso de permissão, a decisão final cabe ao ministro da Justiça. "O senhor Polanski é um cidadão livre e pode viajar com liberdade", declarou à AFP Mateusz Martyniuk.
Jogo de gato e rato
O jogo de gato e rato com a Justiça americana não é novidade para Polanski.
Em 2009, ele foi detido e colocado em prisão domiciliar durante alguns meses em Zurique, para onde havia viajado para receber um prêmio, mas não foi extraditado.
Além disso, o cineasta viajou de maneira incógnita à Polônia em 2011, sem despertar atenção. Mas desta vez foi impossível passar despercebido, por sua aparição na TV durante a inauguração do Museu Judaico na terça-feira.
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