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Futuro presidente no cinema, Darín diz que Argentina vive momento crítico

19.set.2015 - Ricardo Dárin no Festival Internacional de Cine de San Sebastian - Juan Herrero/EFE
19.set.2015 - Ricardo Dárin no Festival Internacional de Cine de San Sebastian Imagem: Juan Herrero/EFE

Paris

22/06/2016 02h04

Provável futuro presidente da Argentina na ficção, o ator Ricardo Darín, de 59, disse nesta terça-feira (21) que seu país pode sair até o fim do ano do momento "muito crítico" em que se encontra, "se a economia acompanhar".

Em entrevista à AFP em Paris, Darín falou sobre o filme "Truman", ganhador de vários prêmios Goya e que estreia em julho na França.

Também falou de seu novo filme - "Nieve Negra", drama familiar de Martín Horada que chega às telonas em setembro - e de um projeto: "La cordillera", de Santiago Mitre, no qual deve interpretar o presidente da Argentina.

O longa poderá começar a ser rodado este ano, na Cordilheira dos Andes, comentou o ator, esclarecendo: "ainda não está nada confirmando".

"Me propuseram ser o presidente da Argentina, me parece divertido", comentou.

O roteiro se concentra em uma cúpula de presidentes latino-americanos que tratam de um projeto regional sobre petróleo.

"A história vai pelo lado dos bastidores do poder", contou Darín, acrescentando que mostra "as inter-relações de como são as delegações e de como se tratam entre elas".

Há presidentes de Brasil, Venezuela, México, Chile, Bolívia e Uruguai. E, entre eles, várias chefes de Estado. Qualquer semelhança com a realidade, porém, é mera coincidência.

"É ficção pura: o presidente da Argentina não é baseado em nenhum em especial", garante o ator.

Política real
Na conversa com a AFP, Darín respondeu a perguntas sobre a situação do país, após seis meses de governo do liberal Mauricio Macri.

"Há indícios de coisas que estão funcionando melhor. Sobretudo em relação à justiça. Sendo sincero sobre qual é a realidade da Argentina hoje", disse.

Segundo o ator de "Nove rainhas" (2001), "havia muitas coisas subvencionadas, e isso gerou esse momento, em que há um aumento de tarifas e uma grande sensação de desconforto social, como é lógico. É um momento muito crítico".

"Se a economia acompanhar, é provável que, no fim deste ano, as coisas fiquem um pouco melhor", afirmou.

"Tento ser positivo e compreender que há mudanças, e as mudanças às vezes podem ser dolorosas. Se propuserem um plano de um futuro melhor, espero que fique bem, mas não ao custo de que a parte mais desfavorecida da população tenha de pagar esse preço", ressaltou.

Sobre os escândalos de corrupção da administração peronista anterior, Darín opinou que "é um problema global".

"Mas quando se transforma em algo mais do que isso, quando há estruturas de poder que permitem isso, aí se transforma em uma situação muito perversa e muito difícil de controlar. Uma das propostas dessa nova administração é exatamente essa: tentar deter os fluxos de corrupção, embora se veja corrupção por todos os lados", observou.

Vida e Morte

Darín participou, em Paris, do ciclo de cinema "Diferent 9! El otro cine español", que apresentou "Truman", em uma pré-estreia, e homenageou o ator.

Coprotagonizado pelo espanhol Javier Cámara, "Truman" conta, com humor e drama, a história de um ator em situação-limite e de sua relação com os demais na hora de enfrentá-la.

"Truman é uma despedida e, dentro disso, há muitas coisas, incluindo a amizade", disse à AFP o diretor e roteirista Cesc Gay.

O terceiro protagonista do filme é um velho cão bulmastife, de 80 kg, Truman, tão grande quanto manso, hoje falecido.

Segundo Darín, o filme "fala muito mais da vida do que da morte".

"Fala do direito a decidir sua própria vida, que ninguém venha dizer a você como reagir diante das coisas fortes da vida. Cada um faz o que pode. A vida em si é muito mais difícil do que a morte", filosofou.