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Para se fazer um filme dos Smurfs é preciso seguir um manual de instruções

"Os Smurfs e a Vila Perdida" (2017), de Kelly Asbury - Divulgação
"Os Smurfs e a Vila Perdida" (2017), de Kelly Asbury
Imagem: Divulgação

Da AFP, em Los Angeles

07/02/2017 14h34

Kelly Asbury tinha 24 anos quando procurou emprego como desenhista na Hanna-Barbera para "Os Smurfs". E não conseguiu. Três décadas depois, ele dirige o novo filme sobre as aventuras destas pequenas e divertidas criaturas azuis. E quando assumiu o projeto, a primeira coisa que recebeu foi um livro de regras. "Tivemos que trabalhar dentro desses parâmetros", explica Asbury, 57.

Regra número um: "Os Smurfs só comem smurfresas. Podem comer um bolo de smurfresas, um sanduíche de smurfresas". "Seja o que for, mas com esse ingrediente, o mirtilo", afirmou.

Com esse livro debaixo do braço, Asbury está finalizando a próxima animação da Sony: "Smurfs: The Lost Village" (ou "Os Smurfs e a Vila Perdida, em tradução livre) na qual um misterioso mapa leva Smurfette e seus companheiros a uma "Floresta Proibida" cheia de criaturas mágicas, onde encontram uma misteriosa aldeia perdida de outros Smurfs antes do maligno feiticeiro Gargamel. "Apropriar-se de uma marca estabelecida, tão amada no mundo inteiro, é uma grande responsabilidade. Eu não quero ser acusado de arruinar 'Os Smurfs'".

No Brasil, o filme estreia em 6 de abril, um dia antes que nos Estados Unidos.

Começando do zero

Quando tomou a decisão de fazer este filme, Asbury ainda não trabalhava com a Sony e pouco sabia sobre esses personagens azuis, criados pelo cartunista belga Peyo em 1958 e que se tornou uma série de animação nos anos 80. "Eu gostaria de ter sido criança quando 'Os Smurfs' estrearam na televisão", declarou o também diretor de "Shrek 2" e um integrante da equipe que dirigiu o aclamado "A Bela e a Fera".

"É meio irônico, de verdade, porque não tinha filhos, estava com meus 20 anos, então não prestei muita atenção. O engraçado é que quando eu tinha uns 24 anos tentei trabalhar para 'Os Smurfs' em Hanna Barbera e não consegui", lembrou com uma risada. Mas 30 anos depois, a Sony o chamou para liderar este projeto, para o qual mergulhou em uma profunda pesquisa sobre a história e Peyo.

Agora, se diz um "expert" no assunto e se sente o "Smurf diretor" de dia e o "Smurf preguiçoso" de noite. Este filme é o terceiro da franquia do estúdio. Inicialmente, seria uma continuação dos dois primeiros filmes de live-action de 2011 e 2013, mas 100% animado.

Com o conhecimento adquirido, Asbury deu uma guinada radical ao projeto: os personagens tinham de ser mais próximo aos originais. "Redesenhamos tudo para torná-lo mais parecido a Peyo, mas ficou tão diferente dos filmes de live-action que dissemos que teríamos de romper [com as sequências anteriores] e começar do zero", disse ele.

E é engraçado como, por exemplo, uma joaninha é usada para "fotografar", como um smartphone, o mapa da floresta.

Escolha da voz

Julia Roberts faz parte do casting, interpretando a voz da "Smurf Willow", junto a Demi Lovato (Smurfette), Rainn Wilson (Gargamel), Joe Manganiello (Robusto), Jack McBrayer (Desastrado), Danny Pudi (Gênio) e Mandy Patinkin (Papai Smurf). "A forma em que escolhi as vozes foi escutá-las sem saber de quem se tratava para não ser seduzido por grandes nomes", explicou.

Segundo confessou, reconheceu imediatamente Julia Roberts, mas não Demi Lovato, que canta uma versão da famosa "Let It Go" ("Livre Estou") em "Frozen". "Eu conhecia o seu canto, mas não sua voz falada. Havia uma força, confiança, tinha qualidade, textura. É uma Smurfette diferente, mas neste filme ela é forte e determinada", disse o diretor, que empresta sua voz ao Smurf Entrometido.

Lovato, 24, pouco ou nada sabia dos personagens azuis quando o papel chegou às suas mãos. "Eu perguntei aos meus pais, olhei vídeos no YouTube", contou a atriz sobre sua preparação.

E para aqueles que se perguntam se o "la-ra-ra-la-la-la" está no filme, a resposta é sim. Mas Asbury, que sonha com um segundo filme, não adiantou onde, quando ou como.