Filme sobre Sabotage é exibido em cinema ao ar livre na Cracolândia
Com cadeiras de plástico, um telão montado no meio da Rua Dino Bueno e pipoca grátis, os frequentadores da Cracolândia, na região central de São Paulo, tiveram a experiência de estar em um cinema de rua na noite de quinta-feira, 2. O filme "Sabotage: Maestro do Canão", do diretor Ivan Vale Ferreira, o Ivan 13P, que conta a história do rapper assassinado em 2003, foi recebido com aplausos.
O secretário municipal de Direitos Humanos, Eduardo Suplicy, foi quem teve a ideia e viabilizou a parceria da pasta com o diretor, os produtores e o CineB, que montou a estrutura. Antes das 19 horas, ele abriu a sessão falando sobre o cantor e a iniciativa. Os presentes, porém, não queriam esperar e logo gritaram: "Põe o filme". Quando começou, todo mundo prestou atenção.
"O Suplicy viu nosso filme no Cine Direitos Humanos (programa da Prefeitura) e nos convidou para exibi-lo na Cracolândia. Eu topei na hora. São essas pessoas que mais precisam das mensagens do Sabotage", afirmou o diretor. "Está sendo uma das sessões que vão ficar para a história, até porque estamos trazendo a história de um cara que era da periferia. Tenho a sensação de missão cumprida."
Influência
O filme mostra imagens de Sabotage feitas por Ivan 13P em 2002 para outro documentário, o Favela no Ar (2007). Cinco meses após a gravação, em janeiro de 2003, o rapper foi morto. Grande parte do material era inédita até o lançamento do longa, em 2015. Por meio de depoimentos de Mano Brown, Rappin Hood, João Gordo, Paulo Miklos e outros, o filme conta a trajetória de Sabotage, sua influência sobre as crianças da favela em que nasceu, seu gosto musical e a criatividade para a música e o cinema.
Nos trechos em que Sabotage aparecia cantando, a plateia na Cracolândia acompanhava e dançava. A primeira fila de espectadores, que praticamente não se mexeu durante a exibição, riu quando foi exibida a cena em que ele beija o bumbum de Rita Cadillac em "Carandiru".
O filho mais velho do rapper, Anderson, de 22 anos, ajudou na produção do longa e acompanhou a sessão. "As pessoas o conheceram pelo lado artístico, e eu tive o lado dele como pai, que sempre foi muito presente. Levava para a escola, apontava onde podia e não podia pichar."
No fim da sessão, Suplicy foi abraçado pelas pessoas e falou: "Estou contente porque foi muito tranquilo, e ninguém achava que seria. Gostaria de agradecer a vocês".
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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