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Último filme de Wajda será apresentado no Festival de Roma

Cena de "Afterimage", de Andrzej Wajda, - Reprodução
Cena de "Afterimage", de Andrzej Wajda, Imagem: Reprodução

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10/10/2016 10h48

O mais famoso cineasta polonês Andrzej Wajda, 90 anos, faleceu na noite deste domingo (9) vítima de uma insuficiência pulmonar, informou a mídia polonesa. O diretor estava internado há alguns dias e tinha sido colocado em coma induzido para tratar de problemas nos pulmões.

A última obra do diretor, indicada recentemente pela Polônia ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, "After Image", é um dos destaques do Festival de Cinema de Roma e será apresentado na próxima quinta-feira (13).  

Wajda nunca recebeu o maior prêmio do cinema norte-americano por algum filme, mas, em 2000, foi agraciado com uma premiação pelo "conjunto da obra" e pela importância de seu trabalho durante os turbulentos momentos políticos e sociais vividos por seu país no século passado.  

O polonês ainda recebeu homenagens do tipo dos maiores festivais de Cinema da Europa, como o Festival de Berlim e o Festival de Veneza.

Entre as suas maiores obras cinematográficas estão "O Homem de Mármore" (1977), "O Homem de Ferro" (1981), sendo que este lhe rendeu a Palma de Ouro do Festival de Cannes, e "Danton, O Processo da Revolução" (1983) - que foi produzido durante seu exílio na França.

Nascido em 6 de março de 1926, na cidade de Suwalki, Wajda formou-se na Academia de Belas-Artes de Cracóvia e na Escola Nacional de Cinema e Teatro Lodz após a Segunda Guerra Mundial.  

Além disso, virou membro da Academia Francesa de Belas Artes.

O diretor também teve carreira política após seu exílio francês e foi senador entre os anos de 1989 e 1991 e do Conselho Presidencial da Cultura entre 1992 e 1994.

Para um dos maiores críticos poloneses de cinema, Tadeusz Sobolewski, Wajda é o símbolo da sétima arte polonesa que está buscando dar respostas aos espectadores locais. Para Sobolewski, a arte do cineasta estava em lembrar os poloneses para não repetir "os sacrifícios inúteis", o "heroísmo vão" e "o culto da derrota". "Ele acreditava na missão do cinema e na responsabilidade do artista perante à sociedade", conclui o crítico.

Homenagens

Figuras destacadas do mundo das artes e da política prestaram nesta segunda-feira na Polônia uma emotiva homenagem ao diretor Andrzej Wajda, que faleceu na véspera aos 90 anos.

"Todos somos Wajda. Víamos a Polônia e a nós mesmos através dele. E a entendíamos melhor. A partir de agora, será mais difícil", lamentou no Twitter Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu e ex-primeiro-ministro polonês.

Em seus filmes, Wajda explicou aos poloneses e ao mundo inteiro sua história, dos grandes momentos ao períodos mais obscuros.


"Um grande personagem, um grande polonês, um grande patriota e um grande diretor passaram à eternidade", lamentou Lech Walesa, líder histórico do sindicato Solidariedade e Prêmio Nobel da Paz.

"Nós voltaremos a nos ver; já fiz minha malas", acrescentou Walesa ante vários jornalista, sem mais detalhes.

A escola de cinema de Lodz (centro), de onde saíram todos os grandes nomes da sétima arte na Polônia, incluindo Wajda, colocou nesta segunda-feira bandeiras negras em sua entrada.

"Foi um homem corajoso, de uma grande autoridade, um mestre para os jovens", assinalou o ator Daniel Olbrychski, que atuou em 13 filmes de Wajda.

Resumindo o sentimento geral, um crítico de cinema, Tomasz Raczek, escreveu no Twitter: "O luto no cinema polonês será longo".

*Com informações AFP