Topo

Donnie Yen, que estará em Veneza, sai da sombra de astros de ação como Chan e Li

Donnie Yen (de branco) enfrenta um oponente no filme "Legend of The Fist" - Divulgação
Donnie Yen (de branco) enfrenta um oponente no filme "Legend of The Fist" Imagem: Divulgação

MIN LEE

Em Hong Kong (China)

26/08/2010 07h02

Por anos, Donnie Yen trabalhou à sombra de Jackie Chan e Jet Li. Após lutar contra ambos nas telas, o ator de 47 anos era considerado um oponente de valor, mas não necessariamente um protagonista. A dinâmica mudou após Yen assumir o papel do mestre de kung fu de Bruce Lee em 2008. “O Grande Mestre” (Yip Man) foi um sucesso e, dois anos depois, a sequência também foi bem-sucedida. “O Grande Mestre 2” (Yip Man 2) foi o filme local de maior bilheteria na China no primeiro semestre do ano, arrecadou US$ 34 milhões, atrás apenas de “Avatar”, e superou outros sucessos de Hollywood como “Homem de Ferro 2” e “Fúria de Titãs”.

Com Chan e Li reduzindo sua produção e buscando papéis mais dramáticos, Yen agora é o astro de ação mais prolífico. No ano passado, ele lançou três filmes. Neste ano, quatro estão previstos, incluindo “Legend of the Fist: The Return of Chen Zhen”, que foi escolhido como um dos filmes de abertura do Festival de Cinema de Veneza, em setembro.

O papel de Yip, que o projetou, é o que melhor exibe sua personalidade e foi o certo para estes tempos, disse Yen para a agência de notícias “The Associated Press”, em uma entrevista recente. Yen disse que os espectadores chineses se cansaram de feitos sobre-humanos de heróis de ação como Lee, Li e Chan, considerando Yip mais acessível porque ele “parece ser seu amigo, um vizinho amistoso”.

“O que as pessoas querem ver é alguém mais próximo delas, alguém com valores familiares, talvez até um homem que tenha medo de sua esposa, um homem domesticado. Nós elaboramos este personagem –mas ao mesmo tempo ele demonstra excelência em kung fu. Ele é poderoso. Ele pode proteger sua família e as pessoas ao seu redor”, ele disse.

O estudioso de cinema, David Bordwell, disse que é exatamente essa qualidade prosaica, a falta de uma “personalidade de astro”, que definiu a carreira de Yen. “Ele não é feroz e irritadiço como foi Bruce Lee, ou uma figura cômica como Jackie Chan e Sammo Hung”, disse Bordwell, um especialista em cinema de Hong Kong.

“Ele pode interpretar muitos papéis diferentes, logo, de certa forma, ele pode ser considerado um astro de artes marciais de ponta de Hong Kong que também é um ator de composição, em vez de automaticamente um herói”, disse o professor aposentado da Universidade de Wisconsin, em Madison.

“O Grande Mestre” marcou um “grande passo à frente” para Yen, porque era o papel certo e o ator lidou habilmente com a transformação de Yip, de um professor de artes marciais reservado para o destemido defensor do orgulho chinês, disse Bordwell.

Restando três anos para completar 50, Yen, que nasceu na China e foi criado em Hong Kong e Boston, está explorando seu novo grau de estrelato e diz não ter planos para desacelerar. Em “Legend of the Fist”, ele interpreta o lutador nacionalista que Lee tornou famoso em seu filme de 1972, “A Fúria do Dragão”. Em dois futuros lançamentos, Yen interpreta o general Guan Yu do período dos Três Reinos da China antiga, assim como o mítico Rei Macaco. Ele também está trabalhando em um filme de artes marciais com Peter Chan, o diretor de Hong Kong mais conhecido por suas histórias de amor. O ator, que foi treinado por sua mãe, uma professora de artes marciais, também é coreógrafo de luta em todas as quatro produções.

“Eu quero continuar promovendo avanços em filmes de kung fu e de ação”, disse Yen, acrescentando que seu maior desafio agora é combinar cenas de luta estonteantes com narrativa envolvente.

“Sequências de luta vistosas, ferozes e com frescor não são mais a única exigência. Agora também é preciso emocionar o público”, ele disse. “Se o drama não for bem-sucedido, não importa quão espetaculares sejam as cenas de luta, elas não importarão.”

Mas Yen, que apareceu em “Highlander: A Batalha Final”, “Blade II” e “Bater ou Correr em Londres”, não está interessado em uma carreira em Hollywood, preferindo se concentrar em cultivar seu público no crescente mercado doméstico chinês, chamando isso de uma “oportunidade de ouro”.

“Para um ator, um cineasta de língua chinesa, dada a forma gloriosa como o mercado chinês se desenvolveu nos últimos três anos –os mercados externos não se equiparam ao tipo de espaço criativo que isso traz”, ele disse.

 

(Tradução: George El Khouri Andolfato)