"A Ascensão Skywalker": por que críticos não gostaram do novo Star Wars
Crítica parece tão dividida em amar e odiar longa que estreou nesta quinta-feira (19) que a avaliação do jornal americano The New York Times faz os dois: '(O filme) é um dos melhores. E também um dos piores.'
"O pior filme de 'Star Wars' em 20 anos", resume o Metacritic, site que reúne milhares de críticas de cinema, música, TV e games. Mas para o crítico da revista especializada Variety, Star Wars - A Ascensão de Skywalker é o mais elegante e gratificante desde a trilogia original criada por George Lucas nos anos 1970.
A crítica parece tão dividida em amar e odiar o longa que estreou nesta quinta-feira (19) que a avaliação do jornal americano The New York Times faz os dois. "(O filme) é um dos melhores. E também um dos piores. Perfeitamente mediano. Dá no mesmo."
O longa é o nono episódio da saga que começou em 1977 numa luta entre um império autoritário e forças rebeldes ambientada "há muito tempo atrás numa galáxia distante".
O fio narrativo da trilogia original seguia a mítica jornada do herói, na qual resumidamente o personagem surge em seu mundo tradicional, recebe um chamado para uma aventura, ganha a ajuda de um mentor, passa por hesitações e provações, é recompensado e faz seu caminho de volta transformado.
Décadas depois, Lucas lançou uma trilogia que contava o que aconteceu antes da trama original (esta, aliás, é a mais mal avaliada por público e crítica). Agora, o nono episódio encerra a trilogia que se passa depois da história original e foi lançada pela atual dona dos direitos da obra, a Disney.
Ao todo, os oito filmes renderam mais de R$ 27,5 bilhões somente nos cinemas americanos, em valores corrigidos.
'Mais do mesmo'
No site Metacritic, as 53 avaliações de Ascensão Skywalker são divididas em três categorias: 17 são positivas, 34 são mistas e 2 são negativas. No Rotten Tomatoes, outro site agregador de críticas, há duas categorias: 26 são negativas e 20 são positivas.
Para Nicholas Barber, da BBC, apesar das pessoas talentosas envolvidas do novo filme, "o melhor que elas podem fazer é prestar tributo ao que George Lucas fez décadas atrás". Ele deu 3 de 5 estrelas para o longa.
"O problema é que O Retorno de Jedi foi uma conclusão perfeitamente satisfatória para a saga Star Wars, amarrando tudo que havia para ser amarrado. Tudo que A Ascensão de Skywalker faz é amarrar tudo uma segunda vez, respondendo às mesmas questões e revisitando os mesmos temas", escreve Barber.
Helen O'Hara, crítica da revista especializada Empire, afirma que a volta de J.J. Abrams à direção (ele foi o responsável pelo sétimo episódio) atrapalha o avanço da trama e faz com que a nova trilogia se mostre desconjuntada, em vez de uma história pensada em três partes.
Para A. O. Scott, do New York Times, Abrams é "astuto e superficial demais para dar consistência, com peso moral e metafísico, a dramas e embates entre opressão e rebeldia, fardo familiar e destino individual e solidariedade e a 'vontade de poder' (conceito de força/impulso que move cada indivíduo desenvolvido pelo filósofo alemão Friederich Nietzsche)".
Inácio Araujo, do jornal Folha de S.Paulo, dá 2 de 5 estrelas e afirma que "a série, mesmo esgotada, preserva certos encantos", mas agora ela se "iguala em muitos momentos à vulgaridade de séries de super-heróis" com sua "sensação de peso" e "academismo de efeitos".
'O melhor desde o primeiro'
Segundo parte dos críticos que avaliaram mal o novo filme, um dos principais problemas de Ascensão Skywalker é algo recorrente em críticas de filmes de franquias ou de super-heróis.
"Abrams está determinado a entregar aos fãs tudo o que eles querem e esperam", escreve Barber, da BBC.
Esse ponto aparece em avaliações das revistas Time e Time Out e da agência de notícias Associated Press, entre outros.
Stephanie Zacharek, da Time, afirma que o filme "entretém mas passa a sensação de ser carregado de uma engenharia reversa para não causar qualquer incômodo a fãs puristas". "Em sua ansiedade para não ofender, ele se torna mais uma 'fanfiction' (obra escrita por fã) do que uma criação de cineastas profissionais."
Mas há aqueles que defendem o resultado do apego à saga original.
Owen Gleiberman, da Variety, afirma ser inescapável que, 42 anos depois do filme original, um longa da saga consiga ser uma brilhante obra escapista independente em vez de um pacote autorreferente bem executado.
Para ele, nenhum filme conseguirá resgatar a emoção de 40 anos atrás, mas Ascensão Skywalker é o que mais se aproxima disso desde então.
No IMDB, maior portal de cinema, a nota dada pelo público chegou a 6,8, com média maior entre as mulheres (7,4) do que entre os homens (6,7). A avaliação supera apenas às dos primeiro e segundo episódios (com 6,5 e 6,6, respectivamente) da segunda trilogia.
O resultado irregular na bilheteria dos filmes lançados depois que a Disney comprou a saga em 2012 alimentou a hipótese de que existe uma fadiga do público. Nos últimos sete anos, foram cinco filmes ligados ao universo de Star Wars e a Disney decidiu dar uma pausa de três anos até retomar novamente a franquia.
A nostalgia e a passionalidade do público é tanta em torno do filme que o jornal The Guardian decidiu publicar um texto assinado por um fã. Jordan Hoffman dá nota máxima (cinco estrelas) à obra "destinada a agradar a todos". Mas ele faz críticas a outros aficionados por ele.
"Toda essa postura defensiva dos fãs (em relação à críticas ou mudanças na saga) se tornou extrema. Estou aliviado, de certa maneira, que isso tudo acabou por ora e espero que, com o tempo, esse barulho fique distante se possamos desfrutar desses filmes maravilhosos e divertidos por aquilo que eles são: valiosas histórias nerds tão básicas que crianças conseguem entendê-las."
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