Topo

Documentário expõe gigolôs de Bali e gera polêmica na Indonésia

Juan Palop

01/05/2010 06h04

Jacarta, 1º mai (EFE).- A difusão de um documentário sobre os gigolôs para mulheres estrangeiras na turística ilha de Bali, na Indonésia, gerou forte polêmica e provocou uma série de ameaças e detenções no local.

 

O vídeo "Cowboys in Paradise" aborda a vida de diversos jovens, a maioria guias turísticos e instrutores de surfe, e como eles transformaram Bali em "um dos principais destinos de turismo sexual" para mulheres ocidentais e japonesas, explica o diretor da produção, o cingapuriano Amit Virmani.

 

"A filmagem revela alguns dos segredos mais bem guardados da ilha. Por que os garotos não cobram pelas relações sexuais? Como as mulheres os recompensam? Como se sentem suas famílias?", perguntou-se o diretor, em declarações ao site "Twitchfilm.net".

 

O documentário inicia com um jovem indonésio rindo e falando diretamente à câmera em um inglês rústico, mas meloso: "Olá, meninas! Acho que nos conhecemos ontem à noite. O que vão fazer esta noite? Se não têm planos, podem vir comigo. Quero vocês!".

 

Os sorrisos acabam aí. Pouco depois da estreia do filme, em um festival de cinema da Coreia do Sul, começaram as críticas ferozes contra o diretor e as represálias contra os "cowboys" de Bali, embora quase ninguém tenha tido a oportunidade de assistir a todo o documentário.

 

"Se excedeu. Não mostra de nenhuma maneira o que Bali realmente representa, um destino cultural internacional", criticou o responsável da secretaria de Turismo da ilha, Ida Bagus Ngurah Wijaya.

 

Por sua vez, o governador de Bali, Made Mangku Pastika, assegurou que tomarão medidas sobre o assunto "para que a imagem de Bali, como uma ilha espiritual, não seja prejudicada".

 

Cerca de 30 supostos gigolôs foram detidos nesta semana depois de os policiais receberem ordens superiores para "limpar as praias da prostituição", indicou o porta-voz policial Gede Sugianyar.

 

No entanto, as forças de segurança os puseram em liberdade diante da impossibilidade de provar as denúncias contra os gigolôs.

 

A Polícia também intimou para depoimento as pessoas que aparecem no documentário na busca de supostas ilegalidades cometidas "durante a filmagem", pois cogitam processar o diretor por violar as leis de imigração e de trabalho.

 

Amit Virmani se mostrou "profundamente angustiado" com as reações geradas por seu documentário e alegou ter sido mal interpretado.

 

O diretor frisou que não pretendia atacar nem desqualificar os gigolôs e que seu objetivo era revelar como e por que eles transformaram Bali em um dos destinos favoritos para mulheres solteiras na busca de sol, descanso e companhia.

 

Além da investigação policial em curso, o artista foi objeto de uma campanha de assédio e recebeu centenas de e-mails com ameaças e desqualificações, como "idiota irresponsável", "lixo" e "inimigo de Bali".

 

Em sua defesa, saíram algumas poucas vozes, como a de Thomas Hogue, colunista do jornal "The Jakarta Globe". Em seu artigo, ele criticou a hipocrisia das autoridades e afirmou que "é difícil imaginar o turismo (em Bali) sem eles", presentes há três décadas.

 

"Toda turista solteira que conheço e não usa cadeira de rodas viveu alguma vez a experiência de um guia turístico ou um instrutor de surfe que se aproximou para dizer que está disponível a qualquer coisa que ela deseje", escreveu Hogue.