"Não imaginei que passaria mais de 20 anos antes da segunda parte", diz produtor de "Tron: O Legado"
Fernando Mexía.
LOS ANGELES, EUA - O universo cibernético de "Tron: Uma Odisséia Eletrônica" (1982) passa do MS-DOS à realidade virtual em sua sequência "Tron: O Legado", um filme que chega sexta-feira (17) aos cinemas transformado no maior espetáculo audiovisual desde "Avatar".
Com um orçamento estimado de U$ 200 milhões, o longa espera se transformar em um sucesso de bilheteria e em uma referência para a sétima arte como foi seu antecessor, filme cult de ficção científica pioneira no uso de imagens computadorizadas (CGI).
"Tron: O Legado" retoma a história de Kevin Flynn (Jeff Bridges), um visionário cibernético que acaba entrando na máquina e tornando-se um gladiador digital.
TRAILER DO FILME "TRON - O LEGADO"
Na sequência, seu filho Sam Flynn (Garret Hedlund) se envolve acidentalmente nesta dimensão virtual onde os programas têm forma humana, e o pai volta para resgatá-lo.
"Demorou uma geração inteira crescer com esse filme e desenvolver as tecnologias para chegar até aqui", disse Steven Lisberger, criador do original e produtor da versão 2.0.
"Nos anos 1980 pensamos que teria mais 'Tron', mas depois nos demos conta de que era muito inovador para a época. O que não imaginei é que passaria mais de 20 anos antes da segunda parte", declarou Lisberger. No novo longa, Joseph Kosinski vai estrear cinematograficamente como diretor.
"Vi o filme em uma fita de VHS quando tinha 9 anos. Era algo completamente diferente e isso foi o que me marcou, até que em 2007 Sean Bailey (produtor) comentou sobre a possibilidade de eu participar do projeto", explicou à Agência Efe Kosinski, arquiteto de carreira com uma longa trajetória na realização de anúncios.
Um desafio técnico e estético que Konsinski respondeu apresentando uma espécie de planeta inóspito e escuro dominado pelo alterego de Kevin Flynn, Clu. As cenas de perseguições executadas em coreografias cuidadosamente ensaiadas se destacam.
A música eletrônica de Daft Punk contribui notavelmente para dar corpo e volume a esta trabalhosa produção que apostou no efeito visual do 3D.
"Gravamos por cerca de 80 dias, embora já tenha começado a realizar testes há três anos", disse Kosinski, que insistiu em usar equipes mais modernas que a de "Avatar"(2009) para executar a continuação.
Em seu afã por dar um passo além, o cineasta decidiu criar um processo de rejuvenescimento digital para o personagem de Jeff Bridges, Clu, com o qual enfrenta a si mesmo na história, "algo que não foi feito até agora", disse.
Uma aposta que o próprio diretor qualificou de "grande risco" porque acredita que "pode causar estranheza para os espectadores". "De uma forma estranha isso sustenta o tema principal do filme: que supõe ser humano e daí pode ser digital", indicou Kosinski.
A espetacularidade dos cenários, o visual da ação e os trajes criados para a produção (que emitiam luz real, levavam baterias e controle remoto), não escondem, no entanto, aspectos menos convincentes de um filme talvez longo demais (126 minutos).
Olivia Wilde ("House"), que faz uma delicada e feroz guerreira, é a única mulher protagonista em um longa muito masculino e onde a trama acaba deixando os personagens em segundo plano.
Os produtores de "Tron: O Legado" mostraram seu interesse em transformar a saga em trilogia para abordar outros aspectos das relações entre o homem e a tecnologia.
"Não deixamos nada no tinteiro. Esperamos que o filme seja resoluto em si mesmo, mas instiga perguntas nos últimos segundos que poderiam ser exploradas, se a audiência quiser", afirmou o produtor Sean Bailey.
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