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Cine Ceará revela olhares ao cinema basco

Banner do Cine Ceará 2011 - Divulgação
Banner do Cine Ceará 2011 Imagem: Divulgação

11/06/2011 21h01

Fortaleza - A tentativa de tecer uma narrativa própria, a complexidade da condição humana, a construção da identidade sexual, a ousadia criativa dos curtas-metragens e o rigor dos documentários serão exibidos em uma mostra dedicada ao cinema do País Basco, que acontece desde quarta-feira em Fortaleza.

A 21ª edição do festival de cinema ibero-americano Cinema Ceará apresenta Begiradak - Olhares, que conta com 16 curtas-metragens e quatro longas - uma verdadeira seleção do cinema basco atual.

O curador e um dos membros do júri do festival, Unai Guerra, explicou neste sábado à Agência Efe que os organizadores do evento têm "muito interesse no cinema político atual".

Um dos trabalhos que será exibido é "Ama Lur" (Terra Mãe) estreado em 1968 e considerado por Guerra como a "pedra angular da cinematografia basca", já que supõe "uma narrativa particular e própria".

Guerra destacou os esforços realizados pela equipe de produção do filme para driblar as repressões durante o longo período franquista. Outra obra selecionada é "80 Egunean" (80 Dias), longa dos produtores José Mari Goenaga e Jon Garaño que será exibido esta noite após percorrer 60 festivais de cinema e ter conquistado 19 prêmios.

"Pensávamos que era uma história muito provinciana, não tínhamos certeza de que seria facilmente compreendida", disse à Efe Garaño, que foi para Fortaleza para apresentar a fita.

Garaño afirmou que o filme, que aborda a amizade e o amor homossexual entre duas mulheres de idade avançada, "é uma história de amor, de sentimentos que não se sabe definir". Em sua opinião, o cinema é "um veículo para contar histórias".

"Eu entendo que o cinema está na história. O mais importante é uma boa história, que me faça rir, chorar, pensar", disse Garaño, que reconheceu que além de arte trata-se de uma indústria que às vezes deixa pelo caminho trabalhos de grande interesse.

O diretor e produtor reiterou que atualmente atravessa "um momento estranho" porque "cada vez mais se faz mais cinema e é mais fácil fazer isso", um feito com que se soma ao aumento do consumo de filmes. Porém, paradoxalmente, devido a uma mudança de hábitos, a presença dos espectadores às salas de cinema continua caindo. No entanto se mostrou otimista: se uma obra é boa seguirá seu caminho, chegará a algum lugar.

A seção de longas bascos também inclui o documentário "Lúcio" (2007), que narra a vida de um humilde navarro Lúcio Urtubia, um pedreiro exilado na França que na década de 1970 falsificou cheques por valores milionários do First National Bank (agora Citibank) e cujo dinheiro destinava às causas que apoiava.

O programa se completa com "Sagarren Denbora" (O Tempo das Maçãs) "uma história de amor e política", em palavras de Guerra, que aborda a vida de um casal vinculado ao independentismo basco e marcado pela expatriação.

Além disso, os amantes do curta poderão curtir 16 trabalhos selecionados pela organização do festival, entre os que se destacam "7:35 de la Mañana", de Nacho Vigalondo, e "Éramos Pocos", de Borja Cobeaga, filmes que foram indicados ao Oscar.

O festival Cinema Ceará, evento de destaque do cinema independente, encerrará na próxima quarta-feira após uma semana de exibição de 100 trabalhos cinematográficos, seminários e homenagens a várias figuras da telona brasileira.

(Por Marta Berard.)