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Diretor brasileiro diz que Argentina faz o melhor cinema da América Latina

O cineasta Wolney Oliveira posa para foto com Nicette Bruno no Cine Ceará 2011 - Divulgação
O cineasta Wolney Oliveira posa para foto com Nicette Bruno no Cine Ceará 2011 Imagem: Divulgação

13/06/2011 19h36

FORTALEZA - A formação de profissionais levou à Argentina a se transformar no país com a indústria cinematográfica de mais qualidade da América Latina, disse nesta segunda-feira o diretor-executivo do festival de ibero-americano Cinema Ceará, Wolney Oliveira.

"Para mim o melhor cinema da América Latina é o da Argentina", disse à Agência Efe Oliveira, na cidade de Fortaleza, onde estes dias acontece a 21ª edição do festival.

Para o cineasta, o cinema argentino vive sua melhor fase porque trata-se de "um dos países com mais cursos de cinema do mundo" e que investiu na formação de profissionais, principalmente na de roteiristas. "Os roteiristas argentinos são perfeitos", declarou Oliveira, que lembrou o Oscar de melhor filme estrangeiro conquistado no ano passado com "O Segredo dos seus Olhos", de Juan José Campanella.

Oliveira comentou que "a epidemia de festivais" cinematográficos no Brasil responde às dificuldades enfrentadas pelos cineastas para que os filmes cheguem ao público. Em sua opinião, um dos elementos positivos é que o país está desenvolvendo uma nova linguagem cinematográfica à margem da linha tradicional da produção cinematográfica nacional que se centrava em São Paulo e no Rio de Janeiro.

"As histórias são diferentes, têm uma linguagem diferenciada e está conseguindo sucesso de público e crítica", disse, e acrescentou que a digitalização da imagem e a redução dos custos de produção estão permitindo a realização de filmes de qualidade com mais facilidade.

Além de dirigir o festival, Oliveira aproveitou o evento para a lançar a pré-estreia de sua obra "Os Últimos Cangaceiros", um documentário que resgata a história de ex-integrantes do bando de Lampião e Maria Bonita. Alinhavado com acerto e narrado com humor, o cineasta focou na vida de Durvinha e Moreno, que por 66 anos esconderam suas identidades, até mesmo de seus filhos, para poderem reconstruir suas vidas.

Após a morte do líder, o casal de ex-cangaceiros empreendeu uma fuga a pé de quatro meses e mais de mil quilômetros e se estabeleceu em Minas Gerais, onde os dois mudaram de nome e formaram uma família. Porém, aos 95 anos, Moreno decidiu revelar seu passado.

O diretor rejeitou que o longa faz apologia ao movimento já que narra "essa coisa do herói e de bandido caminharem juntos" e lembra que nessa época a supremacia da lei "praticamente não existia".