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Lars von Trier não dará mais entrevistas coletivas após escândalos em Cannes

O diretor Lars von Trier é fotografado durante entrevista para a Reuters, na cidade Mougins, na França (21/5/11). O diretor foi banido do Festival de Cannes após declarar que simpatiza com o nazismo e que entende Hitler - Reuters
O diretor Lars von Trier é fotografado durante entrevista para a Reuters, na cidade Mougins, na França (21/5/11). O diretor foi banido do Festival de Cannes após declarar que simpatiza com o nazismo e que entende Hitler Imagem: Reuters

10/08/2011 11h17

Paris - O cineasta dinamarquês Lars von Trier afirmou nesta quarta-feira que "não dará mais entrevistas coletivas" após o escândalo que provocou no último Festival de Cannes ao dizer na apresentação de seu filme "Melancholia" que simpatizava com Hitler.

Em entrevista publicada pelo jornal francês "Libération", Von Trier disse que foi "estúpido" ao dar as declarações nessas circunstâncias e que de agora em diante fará como o diretor americano Terrence Malick e "se calará".
 
"Eu entendo Hitler, embora saiba que fez coisas erradas, sei disso. Só estou dizendo que entendo o homem, não é o que chamaríamos de um bom homem, mas simpatizo um pouco com ele", declarou em Cannes no dia 18 de maio.
 
No dia seguinte, a organização do festival decretou o diretor "persona non grata", embora seu filme tenha continuado na competição e inclusive sua protagonista, a americana Kirsten Dunst, tenha recebido o prêmio de Melhor Atriz.
 
"No fundo, gosto de ser 'persona non grata'. É um papel romântico e solitário que me aproxima de meus heróis. Acho que não faço nada para facilitar minha vida," afirmou o diretor ao "Libération".
 

Trailer do filme "Melancolia"

Na entrevista, no entanto, Von Trier voltou a se desculpar e disse que durante a coletiva se encontrou em "frente a 200 jornalistas sem ter preparado nada" e teve "pânico".
 
"Em Cannes toquei um tema tabu, e isso explica as reações violentas. Mas também quero dizer que o politicamente correto está matando o mundo. Se caímos nesta armadilha, o pensamento se empobrecerá. Não devem existir temas proibidos", acrescentou.
 
Questionado sobre "Melancholia", lembrou que em princípio tinha escrito o papel principal para a espanhola Penélope Cruz. "Construía o roteiro em minha cabeça pensando nela. Quando me reuni com Penélope, me inspirou esta palavra, 'melancolia' e tive vontade de tomar sua melancolia. Embora o filme tenha sido feito sem ela, a inspiração está presente".
 
O cineasta também antecipou que seu próximo projeto será um filme "radicalmente diferente" sobre uma mulher que será rejeitada "como um transplante que não foi aceito", mas não revelou mais detalhes a respeito.