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"A Dama de Ferro" coloca Meryl Streep em seleto grupo de atores com três estatuetas

Mateo Sancho Cardiel

27/02/2012 08h55

Apesar de seu recorde de 17 indicações, a história de amor entre Meryl Streep e a Academia de Cinema de Hollywood só se tinha materializado em dois prêmios e o último foi em 1982. Hoje, "A Dama de Ferro" a levou finalmente ao seleto grupo de atores com três estatuetas.

  • AFP

    Meryl Streep recebe o Oscar de melhor atriz por sua atuação como Margareth Tatcher em "A Dama De Ferro" (27/2/12)

No lado positivo estavam suas 17 indicações, passando em cinco as de Katherine Hepburn, com 12. No negativo, 14 derrotas, que a a tinham feito ironizar sobre o ritual demorado de arrumar um vestido cada vez que a Academia a tinha incluído entre as cinco finalistas.

Agora, graças a "A Dama de Ferro", a atriz de Nova Jersey voltou a ter em suas mãos um Oscar.

A primeira vez que ganhou foi em 1979, quando era um rosto emergente graças a "Kramer vs. Kramer", e nervosa esqueceu a estatueta no banheiro algumas horas depois.

Passados três anos, repetiu com "A Escolha de Sofia", como protagonista e com partes faladas em alemão. Então seu discurso caiu ao subir ao palco onde a esperava Sylvester Stallone. Depois, quase 30 anos de seca e o apelido de "a eterna indicada".


Muitos atores têm dois Oscar, mas agora Meryl é uma das quatro que tem três. E a única que a olha de cima é Katherine Hepburn, que tem quatro e, além disso, todos como protagonista.

Walter Brennan ganhou seus três Oscar entre 1936 e 1940 e todos como coadjuvante. Ingrid Bergman recebeu um em 1944 - por "À Meia-luz" - outro em 1956 por "Anastasia - A Princesa Esquecida", e um terceiro em 1974 por "Assassinato no Orient Express" como coadjuvante.

Jack Nicholson ganhou em 1975 por "Um Estranho no Ninho", em 1983 por "Laços de Ternura" - como coadjuvante - e em 1997 por "Melhor é Impossível".

Agora, finalmente, se soma Streep, que tem muitas interpretações rotineiras nesse catálogo de indicação, mas também papéis tão inesquecíveis como os de "Entre Dois Amores", "As Pontes de Madison" ou o de coadjuvante de luxo em "Adaptação", a qual tinha sido sua última condição de favorita ao prêmio.

No entanto, foi somente quando entrou na pele da ex-primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, que Hollywood lembrou que, por muito acostumada que esteja a seu extraordinário talento, Meryl Streep merecia ser premiada uma terceira vez.

"A Dama de Ferro", dirigido por Phyllida Lloyd - a produtora de "Mamma Mia!" - e que recebeu críticas mais bem mornas, parecia ter a única função de reportar a Streep este Oscar, embora os concorrentes fossem difíceis.

BRASIL NO OSCAR

  • Reuters

    Depois de perder o Oscar de melhor canção original para "Os Muppets", Carlinhos Brown, um dos autores de "Real in Rio", da trilha sonora da animação "Rio", não se deixou abalar e tuitou: "Não foi dessa vez, mas valeu muito!"


A antiga rivalidade com Glenn Close, com a qual competiu pelo Oscar em duas ocasiões - em 1987 e 1988 -, se reavivou em pleno século XXI com outra produção projetada para o brilho de seu protagonista, também transformação física envolvida, pois em "Albert Nobbs" se veste de homem.

O fato de que Close não tenha um Oscar com seis indicações a fez se juntar a outro seleto, mas menos honroso clube: o das grandes perdedoras, junto a Thelma Ritter e Deborah Kerr.

Por outro lado, e em um ano no qual a nostalgia parece a força motriz destes Oscar, a inicialmente ousada, mas finalmente deliciosa iniciativa de recriar Marilyn Monroe na grande tela, tinha aumentado as possibilidades de Michelle Williams, aos 31 anos e com três indicações em seis anos.

E nos últimos dias, as casas de apostas davam como certo um novo Oscar para uma atriz negra - o segundo na categoria principal depois do de Halle Berry - para Viola Davis, que começou roubando da própria Streep os elogios com uma brevíssima aparição em "Doubt" e que agora salta para o protagonismo em "Histórias Cruzadas".

Mas, finalmente, ninguém pôde com Meryl Streep, uma Dama de Ferro com três Oscar.