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Neta de Jorge Amado diz que "agora é a vez dos brasileiros exportarem cinema"

A diretora Cecília Amado posa para fotos com o músico Carlinhos Brown, responsável pela trilha sonora de "Capitães da Areia", antes da pré-estreia do filme no Festival do Rio 2011 (7/10/11) - AgNews
A diretora Cecília Amado posa para fotos com o músico Carlinhos Brown, responsável pela trilha sonora de "Capitães da Areia", antes da pré-estreia do filme no Festival do Rio 2011 (7/10/11) Imagem: AgNews

Paris

10/05/2012 12h47

A diretora brasileira Cecília Amado, neta do escritor Jorge Amado, afirmou nesta quinta-feira que o Brasil precisa começar a exportar cinema com força para mostrar sua cinematografia e o próprio país ao mundo, assim como fizeram e fazem a Itália e a França.

"A temática do atual cinema brasileiro é muito variada", declarou a cineasta à Agência Efe. "Os filmes produzidas aqui não falam somente de violência, favelas e meninos de rua, embora esses assuntos estejam presentes nas telas por fazerem parte da realidade do país", completou.


Escalada para a abertura da 14ª edição do Festival de Cinema Brasileiro de Paris com seu primeiro longa-metragem - "Capitães da Areia", uma adaptação homônima do livro de seu avô -, Cecília lembrou que a miséria é retratada em seu filme, embora não seja o tema central da trama, que acompanha um grupo de jovens moradores de rua de Salvador.

Veja o trailer de "Capitães da Areia"

"Este livro é um verdadeiro clássico, além de leitura obrigatória nas escolas", explicou a cineasta ao reconhecer entre risos que, "da mesma forma que grande parte das meninas", ela também se encantou com o protagonista.

Desta forma, a cineasta carioca tenta contar "uma história universal" não só de pobreza, mas, principalmente, "de amor, de liberdade e da conflitante passagem que supõe a saída da infância e a chegada da idade adulta", disse.

Apesar da intenção de se manter fiel ao livro, o filme se abstrai da onipresente faceta política para priorizar um retrato social. Assim, a cineasta consegue fazer justiça ao avô, que escreveu o livro aos 24 anos e cheio de convicções comunistas, mas se transformou em um humanista com o passar do tempo.

Cecília Amado também falou sobre a atual realidade do país, onde, segundo ela, "a crise econômica chegou com atraso". A classe média brasileira, com problemas mais existenciais do que financeiros, será tema de seu próximo filme, intitulado "Trinta Carnavais". Segundo a cineasta, o filme acompanha a trajetória de dois irmãos que entram em crise ao chegar aos 30 anos.

Mesmo diante do favorável momento econômico, Cecília admitiu que, "apesar do país seguir um bom caminho, ainda há muito o que percorrer".

"A saúde e a educação são duas contas pendentes no país", aponta Cecília, que lamentou que os jovens atores selecionados para atuar no "Capitães da Areia", com 13 e 14 anos, "quase não sabiam ler e nem escrever".

A 14ª edição do Festival de Cinema Brasileiro de Paris, que se estende até o dia 22 de maio, projetará mais de 30 longas-metragens de ficção e documentários nas salas do cinema "Le Nouveau Latino" da capital francesa.