Filme mexicano conquista prêmio da mostra "Um Certo Olhar" no Festival de Cannes
O filme "Después de Lucía", do mexicano Michel Franco, conquistou neste sábado o prêmio do júri da mostra "Um Certo Olhar" do Festival de Cannes.
Este é o segundo filme que Franco, nascido na Cidade do México em 1979, apresenta em Cannes, onde já exibiu há dois anos "Daniel e Ana".
A produção premiada hoje aborda uma situação de assédio estudantil protagonizada pela jovem atriz Tessa Ia González, de 17 anos, irmã do ator Gael García Bernal, e pelo ator Hernán Mendoza, que encarnam os personagens do roteiro elaborado por Franco.
Em entrevista coletiva, o cineasta afirmou que a história se inspira em fatos reais. "O roteiro do filme é uma mistura de elementos: histórias que estão acontecendo, casos em uma escola que conheço bem e outros que ocorreram com muitos alunos", declarou o diretor, de 33 anos.
O filme de Franco, que reconheceu que o México está vivendo um tipo de guerra civil, mostra a relação entre Roberto (Hernán Mendoza) e sua filha Alejandra. Ele está muito deprimido após a morte de Lucía, sua esposa, e Alejandra tenta ajudá-lo. Alejandra sofre todo tipo de perseguições na escola e as suporta sem dizer nada porque não quer causar problemas ao pai.
"Nunca disse que ia fazer um filme sobre a violência nas escolas. A violência agora está em toda parte, não apenas nas escolas, mas também no ambiente de trabalho, nas ruas, nas casas", reconheceu Franco.
"Filmar e fazer filmes é minha maneira de iniciar um diálogo, de entender o que está acontecendo. O nível de violência e crueldade não é exclusivamente do México nem da América Latina, é sentido de maneira mundial e tento entender a razão", disse o diretor, citando os casos dos recentes massacres na Noruega e nos Estados Unidos.
Tessa Ia González disse que sua personagem "tenta tomar o lugar da mãe e se cala sobre o que ocorre na escola para proteger seu pai e tudo vai se emaranhando, é algo parecido com quando uma pessoa diz uma mentira e tudo se complica".
Outros prêmios
O júri outorgou ainda um prêmio especial à co-produção franco-belga "Le Grand Soir", dirigida por Benoît Delépine e Gustave Kerven e uma menção especial a "Djeca", da bósnia Aida Begic.
Já os prêmios de interpretação ficaram com duas atrizes, a belga Emilie Dequenne por "A Perdre la Raison", de Joachim Lafosse, e a canadense Suzanne Clément por "Laurence Anyways", de Xavier Dolan. Nenhum ator foi premiado na categoria.
Nesta mostra do Festival de Cannes participava também "Sete dias em Havana", uma história com sete histórias e sete produtores, entre eles Benicio del Toro, Pablo Trapero, Julio Medem e Juan Carlos Tabío, assim como "Elefante Blanco", do argentino Trapero, e "La Playa", do colombiano Juan Andrés Arango.
* Com informações da AFP.
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