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"A animação brasileira está ganhando personalidade", diz fundador do Anima Mundi

Até domingo, Festival Anima Mundi exibe mais de 400 filmes em São Paulo - Reprodução
Até domingo, Festival Anima Mundi exibe mais de 400 filmes em São Paulo Imagem: Reprodução

28/07/2012 16h22

Com vocação independente, uma dose de irreverência e histórias e personagens originais, a indústria da animação brasileira procura traçar uma identidade com um olho no mercado e contrariar, assim, quem acha que desenhos animados são coisa de crianças.

"A animação brasileira está ganhando personalidade", disse à Agência Efe o diretor Marcos Magalhães, um dos fundadores de Anima Mundi, o festival de animação mais importante do país e um dos mais destacados do setor.

Para Magalhães, uma das características que define as produções de animação brasileiras é "a autoria", já que os profissionais do setor estão apostando na "criação de personagens e histórias originais": "Estamos criando outros padrões, não estamos seguindo uma escola", resumiu.

Além disso, o diretor opinou que no Brasil não há uma grande aposta da televisão ou de grandes estúdios na animação, e o que inicialmente poderia parecer uma desvantagem gerou em um movimento mais independente, capaz de assumir riscos.

Confira trailers de filmes do Anima Mundi


O humor, a ironia, o erotismo e a crítica estão presentes na animação brasileira em maiores doses, segundo o autor, que também identifica na indústria as características que definem a mentalidade brasileira, como sua alegria e inclinação à diversão. Além disso, a indústria da animação não se resume ao cinema: abrange segmentos como o videogame e os circuitos educativos.

Para além de estilos, escolas, tendências e inovações tecnológicas como o 3D, a base para fazer um produto de qualidade é "um bom roteiro, uma produção estruturada e entender o mercado a que se dirige", o que para Magalhães está sendo bem feito no Brasil.

Uma das molas propulsoras da animação no país é o Anima Mundi, festival que, depois de passar pelo Rio de Janeiro, está celebrando em São Paulo sua 20ª edição com quase 500 filmes em cartaz.

Além de promover uma mostra competitiva, o evento foi criado visando a oferecer oficinas gratuitas que mostrassem ao público como é feito um produto de animação, e impulsionar o desenvolvimento da indústria.

"Foi uma estratégia, pensamos que seria um estímulo para o Brasil", disse Magalhães, que observou que quando inauguraram o festival, no início da década de 1990, a cultura brasileira passava por um momento difícil.


Na programação deste ano, serão exibidas 80 produções brasileiras, além de criações de Espanha, França, Alemanha, Japão, Polônia, Portugal, Estados Unidos, Suíça, Dinamarca, República Tcheca, Síria e Tunísia, entre outros.

Na entrega de prêmios no Rio, o grande vencedor foi o curta "Head Over Heels", do britânico Tim Reckart, que recebeu vários prêmios, entre eles o de melhor filme - que o pré-selecionou automaticamente para a disputa do Oscar.

O festival termina neste domingo (29) no Memorial da América Latina, na capital paulista.