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Relembre fatos marcantes da vida da atriz Ingrid Bergman 30 anos após sua morte

A atriz sueca Ingrid Bergman - Reprodução
A atriz sueca Ingrid Bergman Imagem: Reprodução

Mateo Sancho Cardiel

28/08/2012 07h46

Ela foi a Ilsa Lund de "Casablanca", a loira de Hitchcock, a apaixonada amante e esposa de Roberto Rossellini e, finalmente, filmou com o outro Bergman, Ingmar, no crepúsculo de sua carreira: Ingrid Bergman, uma das melhores atrizes da história do cinema, morreu no dia de seu 67º aniversário há três décadas, no dia 29 de agosto de 1982.

No cinema, foi a inspiração para a célebre frase "Nós sempre teremos Paris", com a qual Humphrey Bogart deixava aberta a história de amor mais clássica da telona. Na vida, escreveu a Roberto Rossellini outra não menos célebre: "Só sei dizer uma coisa em italiano: Ti amo".

Trailer de "Casablanca"


A maior descoberta sueca de Hollywood após a aposentadoria da "divina" Greta Garbo fora uma autêntica loira de Hitchcock também fora das telas. Um vulcão gélido que, apesar de ter representado a candura em produções como "À meia luz" (1944) - o primeiro de seus três Oscar - e "Spellbound: Quando Fala o Coração" (1945), sempre foi ruidosa.

"Era o ser humano mais tímido jamais criado, mas tinha um leão dentro de si que não se calaria", resumiu depois em sua autobiografia, que foi um sucesso de vendas e na qual expôs ao mundo uma fidelidade a si mesma muito adiantada para o seu tempo.

Em pleno Hollywood da Caça às Bruxas e do código Hays de moral e censura, Ingrid Bergman abandonara seu marido e fugira à Itália com Roberto Rossellini. Só precisou assistir a "Roma, Cidade Aberta" (1945) para apaixonar-se por ele, com quem se casou e teve três filhos.

"Acho que ninguém tem o direito de intrometer-se na sua intimidade, mas as pessoas fazem isso. Eu gostaria que as pessoas separassem a atriz da mulher", disse quando as crônicas sociais encheram páginas e mais páginas com sua história de amor.

Após demonstrar em "Por Quem os Sinos Dobram" (1943) e "Joana d'Arc" (1948) que era a perfeita heroína do imaculado cinema americano, se tornou musa do neo-realismo em obras convulsas como "Stromboli" (1950), "Europa 51" (1952) e "Viagem pela Itália" (1954).

Embora tenha rejeitado o magnata Howard Hughes, já tinha protagonizado romances com personalidades como o fotógrafo Robert Capa durante as filmagens de "Interlúdio" (1946). Hitchcock chegou a reconhecer que se baseou em sua história de amor para conceber o roteiro de "Janela Indiscreta" (1954).

Ingrid Bergman, nascida em 29 de agosto de 1915 em Estocolmo e falecida em Londres no mesmo dia em 1982, chegara a Hollywood marcada por sua beleza um pouco campestre, sua voz grave e sua estatura excessiva (1,75m), que fez com que Humphrey Bogart em "Casablanca" (1942) e Claude Rains em "Interlúdio" tivessem que usar saltos ao seu lado.

Em pouco tempo conquistou o público com um talento dramático fora de série, até o ponto em que "traiu" essa imagem - que ficara marcada por sua elogiada atuação em "Os Sinos de Santa Maria" (1945) - e deixou Hollywood órfão de seu talento, dando a "volta por cima" em 1956 com um segundo Oscar, desta vez por "Anastácia, a Princesa Esquecida".

Eram outros tempos, e Ingrid Bergman começou a ser uma atriz madura poucos anos depois, ganhando elegância e presença com a idade.

"Envelhecer não me preocupa. Se eu fosse a única, me preocuparia, mas todos estamos no mesmo barco e todos meus amigos vêm comigo. Todos rumo à velhice", disse certa vez.

E no final de sua carreira seguiu luzindo um gênio dramático que se traduziu em um terceiro Oscar, por "Assassinato no Expresso do Oriente" (1974), e, sobretudo, em "Sonata de Outono" (1978), de Ingmar Bergman, em que interpretou uma mãe castradora e no qual voltou a apresentar uma de suas habilidades: tocar piano.

Corria o ano de 1979 e voltou a ser indicada ao Oscar, mas não pôde comparecer à cerimônia desse ano porque começava a lutar contra um câncer de mama. "Se me impedir de atuar, deixarei de respirar", disse.

Por fim, não deixou de atuar, mas migrou para a televisão, com um aclamado telefilme que coroou sua trajetória com um Emmy póstumo. Já ganhara um por "A Volta do Parafuso", de Henry James, em 1960, mas "Uma Mulher Chamada Golda", em que interpretou a primeira-ministra israelense Golda Meir, foi seu magistral canto do cisne.

O prêmio foi recebido por sua primeira filha, Pia, de seu primeiro casamento, com o médico sueco Petter Lindström. "Tive diferentes maridos e famílias, e me orgulho de todos eles, visito todos. Mas no mais profundo do meu ser sinto que pertenço de verdade ao mundo do espetáculo", confessou em uma ocasião.