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Polêmica intervenção de Clint Eastwood poderia ser recriada em filme sobre corrida eleitoral

Ator Clint Eastwood conversa com Obama imaginário para fazer críticas ao seu governo (30/8/12) - EFE
Ator Clint Eastwood conversa com Obama imaginário para fazer críticas ao seu governo (30/8/12) Imagem: EFE

Antonio Martín Guirado

02/09/2012 09h47

A mistura de cinema e política no discurso do ator e cineasta Clint Eastwood durante a convenção Republicana na semana passada relembra as tramas mais populares sobre campanhas eleitorais, algumas delas bem recentes, como a série "Virada no Jogo", centrada na figura de Sarah Palin.

A polêmica e cinematográfica intervenção de Eastwood, na qual o ator manteve uma conversa com Barack Obama invisível (um banco) repleta de acusações ("quando alguém não faz seu trabalho, é preciso tirá-lo"), poderia ser muito bem recriada em um futuro filme sobre a atual corrida eleitoral.

As cenas parecem ser irresistíveis para Hollywood, já que esta temática sempre foi explorada nos filmes americanos. A última proposta centrada neste âmbito veio à tona ainda no último dia 10 de agosto, com a estreia de "Os Candidatos", uma sátira protagonizada pelos humoristas Will Ferrell e Zach Galifianakis.

Reconhecido pelas extravagantes aventuras de Austin Powers e pelas discussões entre Ben Stiller e Robert De Niro em "Entrando Numa Fria" e "Entrando Numa Fria Ainda Maior", o diretor desta comédia, Jay Roach, adotou um tom mais sério para falar da campanha eleitoral de 2008 na série "Virada no Jogo", que estreou em março no canal "HBO". Nesta, o diretor esmiúça a escolha da então governadora do Alasca Sarah Palin como candidata à Vice-Presidência do Partido Republicano.

Anteriormente, Roach já tinha abordado o terreno político na série "Recount" (2008), também da "HBO", que exaltava as consequências das eleições presidenciais de 2000 - vencidas por George W. Bush -, com ênfase na decisiva apuração dos votos na Flórida.

Estes são os títulos mais recentes, mas, certamente, não são os mais conhecidos.

Nessa categoria, também aparecem obras como "A Mulher Faz o Homem" (1939), "Dave - Presidente Por um Dia" (1993), "Mera Coincidência" (1997), "Segredos do Poder" (1998), "Politicamente Incorreto" (1998) e "Tudo Pelo Poder", de George Clooney, que chegou às telas no último ano.

"A Mulher Faz o Homem" é um clássico de Frank Capra, vencedor do Oscar de melhor roteiro original, no qual James Stewart dá vida a um jovem idealista que, após a morte de um senador americano, é escolhido por um governador corrupto para suprir sua vaga e se tornar sua marionete, algo que o jovem se negará rotundamente.

Com um tom mais leve, "Dave - Presidente Por Um Dia", uma comédia com tinturas dramáticas protagonizada por Kevin Kline e Sigourney Weaver, narra a história de um homem que precisa se passar pelo presidente americano devido a sua grande semelhança física, já o verdadeiro chefe Estado encontra-se em coma.

No final, após a experiência na Casa Branca, o personagem de Kline decide realizar sua própria campanha eleitoral como candidato à Prefeitura de seu município.

Muito mais reflexivos e perigosamente similares com eventos que ocorreram recentemente, "Mera Coincidência" e "Segredos do Poder" parecem seguir a mesma receita - ambas eficientes dentro de suas propostas.

No primeiro, de Barry Levinson, um grupo de conselheiros presidenciais contrata um produtor de Hollywood para que ele organize uma guerra fictícia contra a Albânia. A ideia é atrair a atenção pública e resgatar a imagem do presidente americano, abalada por um escândalo sexual, antes de dar início a sua campanha de reeleição.

Neste caso, o curioso é que os Estados Unidos, pouco depois da estreia do filme, lançou uma série de ataques contra bases terroristas no Sudão e Afeganistão após a confirmação da "imprópria" relação entre Bill Clinton e Monica Lewinsky.

Algo similar ocorre com "Segredos do Poder", que estreou em março de 98. No filme, John Travolta encarna um afável governador sulista, com reputação de mulherengo, e candidato à nomeação democrata para a Presidência dos EUA. Detalhe, o filme chegou às telas dois meses antes do escândalo Lewinsky.

Também não foge desta lista o "one man show" oferecido por dois dos grandes galãs de Hollywood. Warren Beatty dirigiu, escreveu, coproduziu e protagonizou "Politicamente Incorreto", filme que relata a história de um improvável candidato, que, apesar de ter problemas com drogas, tendências suicidas e não gostar do povo, ainda aparece como favorito nas campanhas eleitorais para a Presidência.

A mesma função de "faz tudo" foi assumida por Clooney em "Tudo Pelo Poder", filme que apresenta um desolador panorama político com base na disputa política em Des Moines (Iowa), dias antes do caucus democrata nesse Estado, e na forte queda de braço entre Mike Morris, candidato à nomeação por esse partido (Clooney), e seu assessor de imprensa (Ryan Gosling).