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Cinema independente brasileiro procura meios para crescer no exterior

Cena de "Boa Sorte Meu Amor", filme do pernambucano Daniel Aragão, que integra a 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes - Divulgação
Cena de "Boa Sorte Meu Amor", filme do pernambucano Daniel Aragão, que integra a 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes Imagem: Divulgação

Marco Antonio Pereira.

Da EFE, em Tiradentes

24/01/2013 17h14

A 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes contou com a presença de curadores e convidados internacionais em um debate cujos objetivos foram gerar um intercâmbio e debater a imagem do cinema brasileiro, principalmente na Europa e na América, além de discutir os meios que o chamado cinema independente, ou de autor, tem para abrir caminho fora do país.

Eduardo Valente, mediador do debate "Um olhar sobre o cinema brasileiro" no festival e assessor internacional da Agência Nacional de Cinema (Ancine), afirmou que o perfil da mostra confirma a afirmação do cinema de autor, um circuito de filmes que se encaixa principalmente nos festivais internacionais. "É o cinema que costuma viajar mais", comentou.

Trata-se de um momento de visibilidade para estes filmes, como no Festival de Locarno (Suíça), que terá 17 obras brasileiras exibidas, chamando a atenção dos curadores internacionais. Por outro lado, a participação do Brasil em eventos no exterior, como em Berlim, tem sido irregular. Este ano o país está fora do certame alemão.

Segundo Valente, para mudar essa realidade, a Ancine está lançando junto com o Itamaraty um projeto de relacionamento direto com estes festivais.

Outros participantes falaram do movimento recente de ações para levar o cinema brasileiro ao exterior de forma privada, com a parceria de várias instituições, que entram com financiamento e apoio logístico. Essa parceria é essencial para o crescimento do número de filmes brasileiros nos festivais, mesmo que não estejam competindo no painel principal.

No âmbito de parcerias internacionais, Valente destacou a realizada com a Argentina, que passou a ser o principal convênio bilateral do país no setor, inclusive com o lançamento neste ano de um edital específico para patrocínio de obras.

O gerente de assuntos internacionais da INCAA (Argentina), órgão equivalente à Ancine, Diego Marambio, disse que o mercado de filmes para países de língua portuguesa e espanhola é incerto, pois ninguém sabe quem pode comprar um filme: "Uma obra pode não funcionar no Brasil e na Argentina, mas pode funcionar no Japão, por exemplo", comentou.

Anne Delseth, programadora da Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes (França), diz ter ficado impressionada com a diversidade da produção brasileira de cinema independente e com o talento dos brasileiros.

Ela afirmou estar no Brasil para criar relacionamentos com os produtores locais e para tentar entender como "se faz um filme no Brasil, não apenas para recolher DVDs, ver no quarto do hotel ou levar de volta a Paris".

Bernard Payen, programador da Semana da Crítica, também de Cannes, disse que acompanha e aprova a diversidade da produção local, que no país há diversos "cinemas brasileiros". Ao viajar pelo Brasil ele pôde observar isso, e afirmou que leva para a cinemateca da França, onde é programador, curtas brasileiros.

Sérgio Fant, programador de Locarno, afirmou que é difícil falar de um perfil de filme, mas que há uma forte relação entre Brasil e o festival suíço, e que nos últimos cinco anos tem havido pelo menos um curta do país por lá. Ele convidou produtores locais a inscrever seus filmes até o final do mês de maio. "Pensar fora da caixa é o que vai levar vocês e seus filmes para festivais como o de Locarno", declarou Fant.

Também participaram do debate José Roberto Rocha Filho, do Ministério das Relações Exteriores; André Sturm, coordenador do programa Cinema do Brasil; e Sandro Fiorin, da empresa Figa Films, que representa o cinema latino-americano nos Estados Unidos.