Oswaldo Montenegro apresenta nova "experiência audiovisual" no Cine Ceará
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura de Fortaleza foi palco na noite de sexta (13) da exibição de "Solidões", último filme que fez parte da mostra competitiva do Cine Ceará, que termina neste sábado, embora seu diretor, o cantor Oswaldo Montenegro, tenha preferido classificar seu projeto como uma "experiência audiovisual".
"Não sou cineasta. O que faço é me cercar de uma equipe técnica que saiba fazer tudo e me dê liberdade para realizar minhas experimentações. Nesse caso, fiz uma mistura de gêneros, de ficção e documentário, é uma experiência audiovisual", definiu Oswaldo em entrevista coletiva realizada hoje para debater seu segundo filme como diretor.
"Solidões", de fato, não é um filme comum. A produção alterna drama e comédia, musical e documentário, e espalha na tela uma série de personagens solitários: uma mulher esperando o namorado no bar, um músico de rua perdido no Rio de Janeiro, um palhaço melancólico e um demônio em crise com Deus, entre tantos outros.
Para conduzir todas essas narrativas, o diretor optou pela atriz Vanessa Giácomo, o mais próximo do que se pode classificar como protagonista do filme, por sua capacidade de "misturar doçura e crueldade, juventude e maturidade".
Além disso, o próprio Oswaldo assumiu o desafio de viver um personagem-chave na trama. "A equipe insistiu pra que eu fosse o demônio, em uma espécie de metalinguagem. Mas foi muito penoso pra mim. O ator de verdade consegue dominar sua emoção, eu não. Eu jamais trabalharia comigo mesmo", brincou.
Apesar de fugir dos rótulos de ator e até mesmo de cineasta, durante a coletiva a atriz Kamila Pistori saiu em defesa do cantor, que já tinha no currículo experiências na direção de musicais e em seu longa-metragem de estreia, "Léo e Bia", lançado em 2010.
"Oswaldo é um grande diretor de atores. Ele consegue criar um clima ótimo no set e deixa o ator se entregar totalmente, com muita sensibilidade e criatividade", declarou a atriz e também produtora do longa que, diferente da maioria das produções brasileiras, não contou com recursos de leis de incentivo.
Com previsão de lançamento em salas de Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Curitiba e Porto Alegre, Kátia explicou que a ideia é levar o filme a outras capitais e cidades do interior em uma espécie de pacote que inclui debates e até shows do cantor para, assim, conseguir pagar os R$ 300 mil do orçamento do filme.
Quando questionado sobre as referências musicais e cinematográficas que inspiraram o processo de criação de "Solidões", Oswaldo Montenegro citou a música barroca mineira, que conheceu durante a infância na cidade mineira de São João del-Rei, e o filme argentino "Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual".
"Se eu fosse um cineasta de verdade, gostaria de ter feito esse filme. Mas não sou. Então o usei como inspiração, um estímulo para fazer esse meu ensaio sobre a solidão", comentou o cantor, que ressaltou que não tem ideia de como será a reação do público ao filme e que, na verdade, nem se importa tanto com isso.
"Não faço nada para os fãs, nem minhas músicas. Faço para exercer a arte com total liberdade, até com certa irresponsabilidade, no bom sentido. Gosto de assumir riscos e faço isso para desabafar. Se não fizesse isso, certamente estaria em um hospício. A verdade é que tenho a sorte de ser pago para fazer algo que eu pagaria para fazer", concluiu.
*Por Ricardo Diniz.
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