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Sexo em filme chama mais atenção porque fiz Harry Potter, diz Radcliffe

Cena de "Kill Your Darlings", com Daniel Radcliffe  - Divulgação
Cena de "Kill Your Darlings", com Daniel Radcliffe Imagem: Divulgação

Antonio Martín Guirado

17/10/2013 11h43

O ator britânico Daniel Radcliffe apostou por se distanciar pouco a pouco de seu célebre papel como Harry Potter, mas agora decidiu enterrá-lo totalmente não por arte da magia, mas com um personagem homossexual em "Kill Your Darlings", onde protagoniza uma cena de sexo que deu muito o que falar.

Teaser de "Kill Your Darlings"

"Estou satisfeito pela cena e, principalmente, de como mostramos uma vulnerável perda da virgindade nesse contexto", explicou o intérprete recentemente durante a apresentação em Los Angeles do filme, que chegou ontem aos cinemas americanos.

"É uma cena a mais. Não fiquei louco pelo fato de ter que fazê-la com um homem. Sou um ator e esse é meu trabalho, portanto não é tão importante, embora para os demais pareça. Acho que recebe tanta atenção devido a minha carreira e ao fato de que interpretei Harry Potter", comentou.

"Kill Your Darling", estreia de John Krokidas na direção, gira em torno da chamada Geração Beat, baseando-se nas raízes da histórica rebeldia de escritores como Allen Ginsberg, Jack Kerouac e William Burroghs, cujas ações ficaram marcadas para sempre pelo assassinato em 1944 de David Kammerer, um amigo em comum.

O elenco conta ainda com Dane Dehaan, Michael C. Hall, Ben Foster e Jack Huston.

Radcliffe interpreta um tímido Ginsberg a caminho da autodescoberta na Universidade de Columbia, um portal rumo à arte, cultura e liberdade, que abraça de forma obsessiva com a ajuda de Lucien Caar, o jovem com o qual descobre uma vida repleta de emoções novas salpicadas de jazz, drogas e sexo.

O filme narra a viagem empreendida por Ginsberg desde que abandona o lar de seus pais em Patterson (Nova Jersey) até o momento no qual começa a escrever seu célebre poema "Howl".

Para o ator de 24 anos, foi simples ver similitudes entre seu personagem e ele, especialmente o dilema de "negociar a diferença entre o que é e o que quer ser, ou o que acha que quer ser e o que as pessoas esperam que seja", especialmente quando se trata de qualquer passo que dá em sua carreira após Harry Potter.

Já em 2007 e com 17 anos, o ator levantou certa polêmica com sua aparição na peça teatral "Equus", em Londres, onde aparecia nu e encenava um ato sexual. Naquela ocasião, Radcliffe encenava um jovem que desenvolvia uma obsessão religiosa e sexual com os cavalos.

O ator também ficou nu em filmes como "The F Word" e "Horns", exibidos no recente Festival Internacional de Cinema de Toronto, e provou com sucesso o terror em "A Mulher de Preto" (2012).

"Chama muito a atenção o fato de escolher material adulto porque estive em filmes voltados para o público jovem com Harry Potter. Mas simplesmente faço o que acho que a maioria dos atores faz: construir uma carreira variada e diversa. Acho que não vale a pena aceitar um papel se não há nenhum desafio nele", declarou.

O desafio nesta ocasião era trabalhar em um ambiente novo, longe do calor da equipe com a qual rodou desde o ano 2000 os oito filmes da saga de Harry Potter.

"Rodei 'A Mulher de Preto' na Inglaterra, com gente que já conhecia porque a equipe de Harry Potter está repleta de ingleses, portanto vir aqui era um passo decisivo para mim. Devia me encontrar e começar de novo. Me ensinou uma nova forma de trabalhar", disse.

Radcliffe ouviu falar deste projeto pela primeira vez em 2009, mas teve que renunciar a ele em um primeiro momento já que as datas de filmagem coincidiam com as das últimas duas partes da saga Harry Potter.

Por sorte, para ele, o financiamento de "Kill Your Darlings" encontrou problemas e o atraso fez com que finalmente pudesse aceitar o papel.

"Me alegrei em parte com esse atraso porque não se pode esconder que o roteiro é muito melhor do que a maioria dos que circulam por aí", declarou o ator, que admitiu que seus agentes não se opõem em absoluto a esta nova direção que está tomando sua trajetória.

"Não tenho o que falar com eles. Não me pressionam. Não me forçam a fazer nada. São pessoas sensíveis e reconhecem um roteiro brilhante quando o veem", concluiu.