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"Não é sobre o pornô. É sobre a intimidade", diz Julianne Moore sobre filme

Julianne Moore contracena com Joseph Gordon-Levitt em "Como Não Perder Essa Mulher" - AP
Julianne Moore contracena com Joseph Gordon-Levitt em "Como Não Perder Essa Mulher" Imagem: AP

Mateo Sancho Cardiel

20/10/2013 12h17

Julianne Moore conquistou sua primeira indicação ao Oscar por "Boogie Nights: Prazer Sem Limites", de Paul Thomas Anderson, fascinante mosaico sobre a indústria do pornô nos anos 1970, e agora volta à exploração do sexo em "Como Não Perder Essa Mulher", filme protagonizado e dirigido Joseph Gordon Levitt (500 Dias com Ela).

"Don Jon" no título original, estreia no Brasil no dia 6 de dezembro, e conta a história de um jovem obsessivo com a pornografia e incapaz de desfrutar de suas relações sexuais em carne e osso, mesmo quando a parceira é Scarlett Johansson.

No filme, Julianne Moore, em papel secundário, cumpre a função do que seria um filme erótico vintage: mais excitante por ser mais real, menos anatomicamente perfeito, mais elaborado e mais narrativo.

"Estava sentada no avião e peguei o roteiro. Conforme lia, disse a meu marido, sentado a meu lado: 'isso não é sobre o pornô. É adorável, surpreendente, emocionante e divertido. É um filme sobre a intimidade'", contou em entrevista à imprensa internacional.

Moore não procura em "Como Não Perder (...)" o mórbido do sexo explícito, mas a por vezes complicada conquista do prazer partilhado. "(A personagem de) Scarlett Johansson está decepcionada, porque seu namorado vê pornô em vez de transar com ela, porque tem mais intimidade com uma tela do que com ela. Esse é o problema", explica a atriz.

Por isso, para a ganhadora da Copa Volpi em Veneza por "Longe do Paraíso", a mensagem do filme é simples e se resume em que "na intimidade tudo é bom se for real", sentencia.

Sua personagem, uma original e misteriosa mulher que tenta seduzir Jon (Gordon Lewitt) da maneira mais surrealista, "não pode fazer nada que não seja autêntico, seja vintage ou não", analisa Moore.

"Não acredito que tenha a ver com uma geração ou outra. Acho que sempre houve regras, padrões de comportamento. No caso do protagonista dessa história, ele segue as leis da cultura de academia, amigos, igreja, família, pornô, de comédias românticas... O filme aposta em que você escolha sua própria narrativa, mais do que impõe algo de fora", descreve a atriz.

Nas regras de Hollywood, assim como nas dos cânones da beleza, não há dúvidas de que Julianne Moore cumpre todas. Ruiva de olhos verdes e traços marcantes, foi musa de grifes como Tom Ford e Bulgari.

Mas não apenas: o talento da atriz a levou a protagonizar alguns dos filmes mais originais dos últimos anos. "Magnólia", "Filhos da Esperança", "Minhas Mães e Meu Pai" e "As Horas" são alguns deles.

Moore escolhe filmes com temas delicados e profundos que, durante o lançamento, a fazem "falar demais", brinca.

"Me cansa tantos anos dando entrevistas, porque falo muito e na realidade não sei nada. Está estipulado que os jornalistas precisam fazer perguntas e eu preciso responder, mas não sou uma autoridade em absolutamente nada", afirma.

Talvez por isso esteja mais relaxada apresentando "Como Não Perder Essa Mulher", lançado no último Festival de Sundance e uma das raras aparições cômicas da atriz, que poucos associam a sua carreira, como em "Evolução", "Amor a Toda Prova" e "Leis da Atração".

"Gosto das comédias, mas em geral gosto de alguma coisa quando é diferente. Escolho projetos que me fazem trabalhar com gente com quem gosto de trabalhar. Na verdade, minha carreira não segue nenhum plano, mas nós atores às vezes somos como essas crianças que estão cansadas de ir todo verão para a praia com os pais", compara.

Suas próximas estreias confirmam isso. A primeira será a nova adaptação de "Carrie, a Estranha", de Stephen King, que já havia sido levada à tela por Brian de Palma com Sissy Spacek e Piper Laurie, de quem herda o inquietante papel de mãe da protagonista.

"É um filme de terror e é muito divertido, mas fala, sobretudo, do efeito do isolamento social, o que ele causa nas pessoas", pondera.

Em contraposição ao terror mais comercial e de sua participação na saga de "Jogos Vorazes", Julianne Moore voltará, para alegria dos fãs, ao cinema autoral pelas mãos de David Cronenberg, com quem acaba de rodar o filme de metalinguagem "Maps to the Stars" (ainda sem título em português). "Será um filme maravilhoso, espero isso de verdade", anuncia.