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Documentário de Hitchcock sobre Holocausto é restaurado e deve ser projetado

O diretor britânico Alfred Hitchcock - AP
O diretor britânico Alfred Hitchcock Imagem: AP

Em Londres

08/01/2014 17h13

Um documentário de Alfred Hitchcock sobre os campos de concentração nazistas, rodado em 1945, será projetado pela primeira integralmente após ser restaurado pelo Imperial War Museum de Londres.

Segundo informa nesta quarta-feira (8) o jornal "The Independent", o lendário cineasta se envolveu no projeto em 1945 depois que seu amigo Sydney Bernstein pediu ajuda para editar um documentário sobre as atrocidades cometidas pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

O conteúdo das imagens, filmadas por operadores de câmera da Unidade de Cinema do Exército Britânico ao mesmo tempo em que as tropas aliadas libertavam os judeus dos campos de concentração, "horrorizou" o criador de "Um Corpo Que Cai" e "Os Pássaros".

Hitchcock, apelidado de "mestre do suspende" pelo brilho de seus filmes de terror, ficou tão traumatizado pelo duro conteúdo das gravações que permaneceu afastado dos estúdios "Pinewood" durante uma semana.

Um curador do Departamento de Pesquisas do Imperial War Museum (Museu de Guerra Imperial), Toby Haggith, afirmou que o documentário "ficou suprimido pela transformação da situação política, particularmente para os britânicos".

"Quando descobriram os campos [de concentração], americanos e britânicos tiveram pressa para divulgar uma gravação que mostrasse os campos e fizesse com que os alemães aceitassem sua responsabilidade pelas atrocidades", disse ao "Independent".

Além do horror que esse material provocou no cineasta, o desejo aliado de não irritar a Alemanha derrotada por sua culpa no Holocausto levou ao esquecimento cinco de seis rolos cinematográficos, que terminaram nos arquivos do museu.

Nos anos 80, as imagens foram descobertas por um pesquisador norte-americano e, com o tempo, uma versão incompleta da fita foi projetada no Festival de Cinema de Berlim em 1984 para depois ser transmitida nos EUA, um ano depois, sob o título "Memória dos Campos", mas com má qualidade e sem incluir o sexto rolo.

Segundo o "The Independent", no final de 2014 o filme poderá ser projetado em uma versão restaurada pelo museu londrino, graças à tecnologia digital, como Hitchcock, Bernstein e outros colaboradores pretendiam.

Segundo Haggith, o filme, que descreve como "brilhante" e "sofisticado", é "muito mais fiel" do que outros documentários filmes rodados sobre o Holocausto.

O curador, apontou além disso, que o documentário "não só trata da morte", mas mostra também imagens de reconstrução e reconciliação, ao mesmo tempo em que elogiou a "brilho" e "originalidade" dos câmeras que fizeram as imagens.