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Diretor argentino diz que cinema de autor não é sinônimo de qualidade

Alice Braga e Gael García Bernal em cena de "A Ardência" - Reprodução
Alice Braga e Gael García Bernal em cena de "A Ardência" Imagem: Reprodução

Do Rio

03/10/2014 16h42

O diretor argentino Pablo Fendrik diz não ter abandonado o cinema de autor em seu terceiro longa-metragem, "A Ardência", e advertiu sobre "tomarem autor como sinônimo de qualidade, há autores muito ruins".

"Além de bons e ruins, que é uma definição espantosa, os autores têm momentos, vamos experimentando", afirmou Fendrik em entrevista à Agência Efe no lançamento de seu filme, durante o Festival Internacional de Cinema do Rio de Janeiro, um mês após a estreia na Argentina.

Segundo o diretor, seu "momento" neste filme é o de "continuar fazendo cinema de autor, mas em outra escala", já que "A Ardência" é um "western" ambientado na floresta e com a presença de dois protagonistas com apelo internacional, o mexicano Gael García Bernal e a brasileira Alice Braga.

O filme narra a história de uma família camponesa que vive perto da fronteira entre Brasil e Argentina, assediada pelo grupo de pistoleiros de um fazendeiro. Em sua defesa aparece o misterioso personagem de García Bernal, que tentará resgatar a filha da família, interpretada por Alice Braga.


"Trabalhar com atores com tanta experiência deixa a vida muito mais simples. É mais o que eu aprendo com eles do que o que eles têm para aprender de mim", disse um humilde Fendrik sobre seus dois protagonistas.

Referências

"A Ardência" recolhe várias referências de outros filmes, "diversão pura" segundo o diretor. Para ele, a crítica incute nos jovens diretores que "fazer referências a determinado cinema desvaloriza seu selo pessoal, e eu neste filme me permiti duvidar disso".

"Se tenho vontade de filmar como Leone, filmo como Leone, se tenho vontade de filmar como Peckinpah, filmo como Peckinpah", afirmou o argentino.

Seu próximo projeto pode ter a ver com uma busca totalmente inversa, um "universo estritamente próprio" e alheio a referências cinematográficas.

"Adoraria fazer agora um filme sem olhar para mais nada durante todo o processo de fazê-la, e ver que sai", confessou, acrescentando ser pouco provável que se trate de outra produção de gênero.

Após os dois filmes que o colocaram no panorama de novos criadores argentinos, "O Sangue Brota" e "O Assaltante", Fendrik assegurou que, com "A Ardência", pretende estar "aberto a um público maior", embora o diretor lembre que sempre teve liberdade para filmar e não teve "nenhuma interferência".