Brad Pitt volta ao campo de batalha em "Corações de Ferro"
Cinco anos após escalpelar nazistas em "Bastardos Inglórios" (2009), Brad Pitt retorna ao cenário da Segunda Guerra Mundial sob o prisma hiper-realista de "Corações de Ferro", filme que leva o espectador ao interior de um tanque de guerra para testemunhar os horrores do conflito.
"Brad foi como um pai de família no set", disse à agência Efe David Ayer, diretor e roteirista do longa, que chega às salas americanas no próximo dia 17 e tem estreia prevista para fevereiro de 2015 no Brasil. "É um homem bem simples e trabalhador que se abre totalmente aos seus companheiros. Não chegou agindo como uma estrela, nem com guarda-costas, motoristas nem nada. Só ele com vontade de trabalhar", acrescentou.
"Ele é muito humilde", afirmou Michael Peña, um dos atores que, junto com Shia LaBeouf, Jon Bernthal e Logan Lerman, formam a brigada comandada pelo personagem de Pitt em "Corações de Ferro". "Ele era nosso chefe e nosso irmão mais velho, tanto na realidade como na ficção. É um grande ator e um cara legal", completou Peña.
O filme se passa em apenas um dia, em abril de 1945, quando as tropas aliadas enfrentam a reta final da guerra, e um sargento com muitas batalhas nas costas, após a invasão do norte da África, da Sicília e a libertação de França e Bélgica, empreende uma missão suicida no coração da Alemanha.
Nesse contexto, passa a fazer parte do grupo um jovem aterrorizado por sua nova incumbência, que precisa se moldar ao jeito de ser de seus novos companheiros, enquanto descobre a tragédia e o drama do conflito com cada míssil ou bala disparados por "Fury" (título original do filme), o tanque que dá cobertura a eles.
Realismo
"Para mim, o realismo e a naturalidade deste filme são importantes", explicou Ayer, diretor de títulos como "Tempos de Violência" (2005) e "Marcados para Morrer" (2012), e roteirista de "Dia de Treinamento" (2001). "O que o distingue entre os demais do gênero bélico é a definição dos personagens. Foram escritos com o coração. São uma família e vemos como reagem, como sobrevivem em condições horríveis", afirmou o diretor.
Não é de se estranhar que um dos personagens protagonistas seja Trini "Gordo" García (Peña), um combatente de origem mexicana, uma realidade que as produções de Hollywood quase não refletiram.
"Vou agarrar todos os papéis latinos que puder", disse o ator. "Lembro de ver Edward James Olmos em 'O Preço do Desafio' (1988) e aquilo fez com que estudasse cálculo no ensino médio. Acho que nós, atores latinos, temos responsabilidade de levar ao cinema exemplos destacados", comentou.
Peña, americano de origem mexicana, esteve a ponto de se alistar na Infantaria da Marinha dos EUA, e Ayer é veterano de guerra, da mesma forma que seu tio e seu avô. "Um diretor não o é de verdade até rodar um filme de guerra", afirmou Ayer. "Em meu caso, pus toda minha aprendizagem no serviço militar e minhas experiências ali, portanto esta história tem muito de mim", declarou.
Uma das arriscadas apostas do filme é a que mostra os supostos heróis da história executando prisioneiros ou matando crianças armadas. "O diretor sempre procura a verdade da conduta humana", admitiu Ayer. "Somos seres complexos. A guerra é cruel, cria monstros e anjos. É parte da mensagem do filme. As decisões que tomamos em situações limite estão nas mãos de cada um."
Em busca desse realismo, Peña realizou uma forte preparação física com membros das forças especiais Navy Seals.
"Perdi quase cinco quilos em uma semana", confessou. "Acordávamos às 5h da manhã e começávamos a fazer exercícios minutos depois, antes de tomar café. Depois vinha toda a preparação com as armas. Todos os atores fizemos juntos, porque no longa começamos apenas amigos e terminamos irmãos", apontou.
O elenco do filme mostra uma química e uma sintonia fruto dessa preparação, incluído Shia LaBeouf, que surpreende com seu desempenho. "É o papel perfeito para ele. Chegou em um momento de sua vida em que queria mudar e fazer algo diferente. LaBeouf se entregou totalmente, e o resultado não deixa dúvidas", concluiu.
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