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Globo de Ouro aponta disputa entre "Boyhood" e "Birdman" no Oscar

Antonio Martín Guirado

Los Angeles

12/01/2015 17h36

Os resultados da 72ª edição do Globo de Ouro indicaram o mais que provável duelo entre "Boyhood" e "Birdman" nas indicações ao Oscar, que serão divulgadas nesta quinta-feira no teatro Samuel Goldwyn, em Los Angeles.

Embora historicamente as decisões da Associação da Imprensa Estrangeira de Hollywood (HFPA) - o grupo de 90 jornalistas que determina os ganhadores do Globo de Ouro - não serem um termômetro adequado para prever os ganhadores do Oscar, cravaram os vencedores das últimas duas edições ("Argo" e "12 Anos de Escravidão").

E embora não influenciem nas indicações de quinta-feira (a votação do Oscar terminou na semana passada), podem representar um impulso para determinados filmes na corrida aos prêmios da Academia de Hollywood.

Desta forma, "Boyhood", que ontem à noite levou o Globo de Ouro de melhor filme dramático, ganhou um reforçou para o Oscar, que acontece em 22 de fevereiro, enquanto "Birdman" perdeu algum fôlego ao ser batido na categoria de melhor filme de comédia ou musical por "O Grande Hotel Budapeste".

No entanto, "Birdman", que partiu como grande favorito com sete indicações, levou a estatueta de melhor roteiro e de melhor ator de comédia ou musical para Michael Keaton, cuja vida possui certo paralelismo com o papel que assumiu na obra do mexicano Alejandro González Iñárritu.

Keaton encarna no filme um ator que deseja voltar a ser grande enquanto vive à sombra do super-herói que encarnou anos atrás, como aconteceu com o ator depois de interpretar Batman nos filmes de Tim Burton.

A batalha entre "Boyhood" e "Birdman" também parece que continuará no Oscar para o prêmio de melhor diretor, apesar de a HFPA ter preferido Richard Linklater a González Iñárritu nessa categoria.

O Globo de Ouro reconheceu o descomunal trabalho de Linklater à frente de "Boyhood", uma história rodada durante 12 anos com o mesmo elenco, em que o cineasta propõe um relato íntimo sobre a infância e a adolescência através dos olhos de uma criança (Ellar Coltrane) que o espectador vê crescer.

Patricia Arquette, que interpreta a mãe do protagonista com assustadora naturalidade, doçura e proximidade, confirmou seu favoritismo como melhor atriz coadjuvante e levou a estatueta.

Por outro lado, os triunfos de Julianne Moore ("Para Sempre Alice") como melhor atriz de drama e de J.K. Simmons ("Whiplash: Em Busca da Perfeição") como melhor ator coadjuvante, reforçam ainda mais suas altíssimas probabilidades de vitória no Oscar, como a crítica especializada vem afirmando há meses.

Por outro lado, foi muito famoso o fracasso de filmes como "O Jogo da Imitação" e "Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo", que saíram de mãos vazias apesar de contarem com cinco e três indicações, respectivamente.

Chamou especialmente atenção a vitória de Eddie Redmayne ("A Teoria de Tudo") sobre Benedict Cumberbatch ("O Jogo da Imitação") de melhor ator dramático.

A vitória de Redmayne e a de Johann Johannsson na categoria de melhor trilha sonora original deixaram "A Teoria de Tudo" com duas estatuetas, certificando as possibilidades para o Oscar para esta biografia do astrofísico Stephen Hawking.

Pior saúde teve o drama sobre direitos civis "Selma", que, apesar de quatro indicações, só levou o prêmio de melhor canção para Common e John Legend ("Glory").

Mas se tem algo que ninguém pode tirar do filme é o fato de Ava DuVernay ter se tornado a primeira mulher negra a ser indicada como melhor diretor.

Hollywood viveu mais uma vez uma noite de humor, como o diálogo entre Jeremy Renner e Jennifer López antes de anunciar o nome de um dos premiados. López disse que tinha "as unhas" para abrir o envelope que encerrava o ganhador, e Renner respondeu marotamente que também tinha os globos, em referência ao decote da artista.

Certamente esse tom se repetirá na cerimônia do Oscar, que será apresentada por Neil Patrick Harris, assim como as referências ao ataque cibernético da Coreia do Norte ao estúdio Sony Pictures e, em um tom mais solene, ao atentado contra a revista satírica francesa Charlie Hebdo.