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Após anos de produção, Irã prepara estreia de polêmico filme sobre Maomé

Cena de "Maomé - O Mensageiro de Deus", de Majid Majidi Imagem: Divulgação

19/08/2015 11h17

Após sete anos de trabalho e um longo debate teológico sobre o respeito à figura do profeta do islã, o Irã se prepara para a estreia mundial do filme "Maomé, o mensageiro de Deus", a maior e uma das mais polêmicas produções cinematográficas já feitas no mundo islâmico.

Dirigido pelo prestigiado cineasta Majid Majidi, o filme chega aos cinemas iranianos no dia 26 de agosto, após vários meses de atrasos e discussão. Uma das questões que fez o filme atrasar foi a legitimidade religiosa da representação da imagem de Maomé -- proibida para a corrente ortodoxa muçulmana sunita, mas aceitável pelo ramo xiita do islã, majoritário no Irã.

A figura de Maomé aparece no filme de modo difuso, sem nunca mostrar o rosto. No entanto, a representação serviu para que instituições religiosas como a prestigiada universidade islâmica de Al-Azhar, no Cairo, pedissem o cancelamento da produção.

"O filme é muito sensível sobre isto, já que existem 1,6 bilhão de muçulmanos no mundo. Desde o princípio nosso esforço foi para trabalhar, tanto no roteiro como na execução, para que não se veja o rosto do profeta, mesmo na infância. Vemos sua figura, mas não seu rosto", explicou Majidi em um encontro com a imprensa para anunciar a chegada do filme às salas comerciais.

De fato, Majidi consultou várias autoridades religiosas tanto xiitas como sunitas. Segundo os produtores, todos deram o sinal verde para sua exibição.

Orçamento milionário
Com o financiamento e o apoio declarado das autoridades iranianas, "Maomé, o mensageiro de Deus" não esconde seu desejo de exaltar a palavra do profeta.

Tudo na produção está pensado para constituir um marco visual na história da cinematografia do mundo islâmico, e narra ao longo de 171 minutos a vida do profeta desde seu nascimento até sua entrada na adolescência na turbulenta cidade de Meca no final do século VI.

Junto com Majidi, indicado ao Oscar em 1998 por "Filhos do Paraíso", também participaram do filme cineastas internacionais, como o diretor de fotografia italiano Vittorio Storano, o editor Roberto Perpignani e o americano Scott E. Anderson, especialista em efeitos especiais.

Apesar da insistência de Majidi em assinalar que o importante do filme é "a visão que do profeta, de mensageiro de paz e misericórdia", a multimilionária produção deu a este drama religioso um cenário espetacular que inclui batalhas com elefantes, tempestade de pedras e uma minuciosa reprodução da vida na Arábia na época.

Foram construídas no meio do deserto, a cerca de 70 quilômetros ao sul de Teerã, réplicas precisas das cidades sagradas de Meca e de Medina, que levaram dois anos para ficar prontas, e que incluem centenas de casas, estábulos, muralhas, banhos e poços.

Mohamad Reza Saberi, um dos produtores, declarou à Agência Efe que o set foi construído "para durar 25 anos", já com a ideia de rodar outros dois filmes sobre Maomé, e se transformar no futuro em um centro turístico.

O custo total deste projeto também foi motivo de polêmica, já que alguns meios de comunicação iranianos informaram que teria sido superior a US$ 500 milhões.

Essa informação foi desmentida categoricamente pelos produtores, que baixaram as cifras para US$ 37 milhões, substancialmente menor, mas que mesmo assim supera amplamente qualquer outra produção cinematográfica realizada no Irã e em qualquer outro país muçulmano. 

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