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Hollywood se une para rejeitar projeto de lei antigay do Estado da Geórgia

Nathan Deal, governador do Estado americano da Geórgia, que pode aprovar lei antigay - Moses Robinson/Getty Images
Nathan Deal, governador do Estado americano da Geórgia, que pode aprovar lei antigay Imagem: Moses Robinson/Getty Images

Los Angeles (EUA)

24/03/2016 18h43

Estúdios, companhias e cineastas de Hollywood estão se unindo para mostrar rejeição e ameaçar à Geórgia com um boicote caso o governador Nathan Deal assine uma polêmica lei contra os homossexuais.

Disney, Viacom, AMC, Starz, 21st Century Fox, Lions Gate Entertainment e Weinstein Company são algumas das empresas que se opuseram ao projeto de lei "HB 757" que, se for aprovado, permitirá que líderes religiosos e donos de negócios se neguem a dar emprego e aceitar clientes homossexuais se consideram que contradiz suas crenças.

A Geórgia é um destino muito apreciado em Hollywood para filmagens por seus incentivos fiscais.

"Disney e Marvel caminham lado a lado. Tivemos ótimas experiências de filmagem na Geórgia, mas levaremos nossas equipes para outro lugar se qualquer legislação que permita práticas discriminatórias se transformar em lei estatal", garantiu ontem um porta-voz da Disney, de acordo com o portal especializado "Deadline".

A Viacom, dona da Paramount, Comedy Central, Nickelodeon e MTV, também se pronunciou ontem. A empresa afirmou que a diversidade e a aceitação são "valores centrais da companhia" e pediu ao governador da Geórgia para "resistir e rejeitar" o projeto de lei, informou a revista "The Hollywood Reporter".

A Time Warner, que nesta quinta-feira disse que a lei "claramente viola os valores e princípios de inclusão", e a Weinstein Company, que afirmou que não apoiará "a discriminação de grupos LGBT ou de qualquer americano", se uniram também ao movimento de repúdio.

Além disso, artistas de Hollywood se organizaram e conseguiram com que 30 figuras do cinema assinassem uma carta junto a Human Rights Campaign (HRC), a maior organização dos Estados Unidos para a defesa dos direitos civis da comunidade LGBT.

O texto dirigido ao governador da Geórgia pede que seja vetado o projeto de lei e envia uma "potente mensagem" de que o estado "não tolerará a discriminação contra cidadãos, trabalhadores e visitantes". Entre os signatários desta carta de protesto estão os atores Julianne Moore, Anne Hathaway e Matthew Bomer; os roteiristas Diablo Cody e Aaron Sorkin; e os cineastas Gus Van Sant, Seth MacFarlane e Rob Reiner.

Vários legisladores afirmaram que a aprovação da chamada "Lei da Liberdade Religiosa" da Geórgia criaria "cidadãos de segunda classe" e permitiria a discriminação de homossexuais. O governador da Geórgia expressou em várias ocasiões sua preocupação perante a aprovação da lei por parte da legislatura estadual. No entanto, até o momento, não disse se vetará ou promulgará a "HB 757".

Na medida em que se aproxima a data limite de 3 de maio, prazo de Deal para se pronunciar, mais empresas que se opõem à proposta, entre elas Google, PayPal, Synovus, Intel e Hilton Worldwide. Recentemente, a NFL disse que a promulgação da lei poderia colocar em risco a escolha da cidade de Atlanta como sede para a Super Bowl em 2017.

A Geórgia se tornou nos últimos anos uma pequena meca do cinema graças aos incentivos fiscais aprovados para atrair à indústria. De acordo com estimativas do setor, o estado ocuparia o terceiro lugar no quesito produções de cinema e TV, só perdendo para Califórnia e Nova York. Prova disso é que a Disney acaba de rodar na Geórgia "Capitão América: Guerra Civil" e, atualmente, tem em Atlanta a produção de "Guardiões da Galáxia Vol. 2".