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Oscar 2017: Academia tem nova chance de trazer diversidade entre indicados

Denzel Washington e Viola Davis no set do filme "Fences", dirigido pelo próprio ator - David Lee/Divulgação
Denzel Washington e Viola Davis no set do filme "Fences", dirigido pelo próprio ator
Imagem: David Lee/Divulgação

Antonio Martín Guirado

16/12/2016 12h41

Hollywood se despede de um ano marcado pela polêmica sobre a falta de diversidade na premiação do Oscar, que em algumas semanas tem a chance de virar o jogo e se tornar o melhor antídoto para as críticas sobre a pouca presença de minorias entre os filmes prestigiados pelos membros da Academia.

À espera da confirmação oficial, que virá com o anúncio das indicações ao Oscar no dia 24 de janeiro, as previsões apontam para vários atores e atrizes negros na disputa pelas estatuetas douradas na próxima edição da cerimônia.

Dois nomes que não faltam em nenhuma das apostas são os de Denzel Washington e Viola Davis pelo drama "Fences", baseado no livro de August Wilson ganhador do Pulitzer, cuja adaptação teatral ma Broadway já foi feita por ambos em 2010.

Denzel Washington pode entrar na disputa do prêmio de melhor filme (como produtor), melhor diretor e melhor ator, enquanto Viola Davis parte como favorita em melhor atriz coadjuvante, categoria que também poderia contar com outra atriz negra, Ruth Negga ("Loving").

Na categoria de melhor ator coadjuvante, Mahershala Ali ("Moonlight") é visto pelos especialistas como um dos atores com mais chances de levar a estatueta.

Viola Davis pode ser acompanhada por Naomie Harris ("Moonlight") e Octavia Spencer ("Estrelas Além do Tempo") na disputa de melhor atriz coadjuvante, uma quantidade de nomes que ajudará a atenuar uma situação que afetou consideravelmente a Academia de Hollywood.

A bomba explodiu em 14 de janeiro, quando a instituição não incluiu nenhum ator ou atriz de pele negra pelo segundo ano consecutivo nas indicações ao Oscar, apesar de haver 20 artistas em disputa entre as categorias de melhor ator, melhor atriz, melhor ator coadjuvante e melhor atriz coadjuvante.

Essa situação levou à criação da hashtag #Oscarssowhite (Oscar tão branco) nas redes sociais em 2015, e, um ano depois, se ampliou como #OscarsStillSoWhite (Oscar ainda tão branco).

Spike Lee e Jada Pinkett-Smith, esposa de Will Smith, foram os primeiros a se manifestar e disseram que não compareceriam à cerimônia do Oscar em sinal de protesto.

O mesmo foi feito pelo sempre crítico Michael Moore e Will Smith, que argumentou que "a diversidade é o 'superpoder' da América". Inclusive Tyrese Gibson e o rapper 50 Cent pediram a Chris Rock, o apresentador da cerimônia, que desistisse da função.

Reese Witherspoon ("eu gostaria ver um grupo mais diverso entre os membros eleitores da Academia"), Lupita Nyong'o ("decepcionada pela falta de inclusão nas indicações") e David Oyelowo ("a Academia não reflete o que é esta nação") também se juntaram à polêmica.

Viola Davis, indicada ao Oscar por "Dúvida" (2008) e "Histórias Cruzadas" (2011), retratou com clareza a situação e disse que "os prêmios Oscar são um sintoma de um problema muito maior, que é o sistema de produção de filmes em Hollywood".

"As oportunidades não se equiparam ao talento existente. Há de haver muitas mais oportunidades. É preciso investir nisso", criticou durante o programa "Entertainment Tonight".

Viola Davis se tornou no ano passado a primeira mulher negra a ganhar um Emmy como melhor atriz em uma série dramática, por "How to Get Away With Murder".

Em seu discurso de agradecimento afirmou que "A única coisa que separa as mulheres negras de qualquer outra pessoa é oportunidade", e que "não dá para ganhar um Emmy por papéis que, simplesmente, não existem".

Em junho, a Academia de Hollywood convidou 683 pessoas como novos membros da organização, número que duplica o do ano passado. Desses novos integrantes, 46% são mulheres e 41% são pessoas de negros, informou a entidade.