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Boicote de diretor ao Oscar aumenta chances de vitória de "O Apartamento"

21.mai.2016 - O diretor iraniano Asghar Farhadi na exibição do filme "The Salesman", no Festival de Cannes, na França - Xinhua/Jin Yu
21.mai.2016 - O diretor iraniano Asghar Farhadi na exibição do filme "The Salesman", no Festival de Cannes, na França Imagem: Xinhua/Jin Yu

23/02/2017 16h06

O alemão "Toni Erdmann" era até pouco tempo o grande favorito ao prêmio de melhor filme em língua estrangeira no Oscar, mas as chances de "O Apartamento" aumentaram depois de seu diretor, o iraniano Asghar Farhadi, ter anunciado que não irá à cerimônia como forma de protesto.

Farhadi decidiu boicotar o Oscar em resposta ao veto decretado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à entrada de cidadãos do Irã e outros seis países de maioria muçulmana no país.

O humor surrealista de "Toni Erdmann", dirigido por Maren Ade, conquistou os espectadores e a crítica desde a primeira projeção no Festival de Cannes. A completa e especial relação de um pai e sua filha, com grandes interpretações de Peter Simonischek e Sandra Hüller, fizeram esse filme conquistar prêmios dos críticos de Toronto, Noruega, Nova York, Londres e Denver, além dos festivais de Palm Springs, Sevilla e Bruxelas.

O longa-metragem alemão também foi escolhido o filme do ano pelo Parlamento Europeu e, desde o início, é considerado como um dos favoritos ao Oscar. A condição ainda se ampliou depois que "Elle", de Paul Verhoeven, foi cortado da lista de indicados.

O terceiro filme de Maren Ade conseguiu a décima indicação para a Alemanha desde a reunificação. Caso leve a estatueta, será a terceira do país após as de "Lugar Nenhum na África", em 2003, e "A Vida dos Outros", em 2006. Ade também se tornará a quarta diretora a conquistar o Oscar na categoria após a holandesa Marleen Gorris, a também alemã Caroline Link e a dinamarquesa Susanne Bier.

Cena do filme "O Apartamento", de Asghar Farhadi - Divulgação - Divulgação
Cena do filme "O Apartamento", de Asghar Farhadi
Imagem: Divulgação

Oscar político

Há seis anos, o iraniano Asghar Farhadi conquistou um Oscar com "A Separação", que era sem dúvidas o melhor filme em língua não inglesa do ano.

Desta vez, Farhadi está entre os indicados com "O Apartamento", um filme muito bem recebido em Cannes, onde levou o prêmio de melhor ator para Shahab Hosseini e de roteiro para o próprio diretor.

Um exercício de reflexão sobre a violência ideológica que há no mundo através de uma caso doméstico. Nas palavras do próprio Farhadi, "um exemplo de como o mundo de hoje está".

O filme tinha poucas possibilidades de ganhar o Oscar até o fim de janeiro, quando o diretor decidiu boicotar a cerimônia que será realizado neste domingo em protesto contra a "injusta" política de Trump contra cidadãos de sete países muçulmanos.

A reação favorável à postura de Farfahi fez crescerem as apostas a favor de seu filme no Oscar que, segundo a imprensa americana, se tornou o principal favorito ao prêmio.

Antes dos filmes de Farhadi, o Irã tinha tido uma única indicação, em 1998, por "Filhos do Paraíso".

A maldição sueca

É inquestionável que Ingmar Bergman é um dos grandes produtores de todos os tempos e ele é o responsável pelas três estatuetas de melhor filme em língua estrangeira conquistados pela Suécia.

Mas, desde seu último Oscar, por "Fanny & Alexander", em 1983, uma "maldição" parece ter caído sobre a cinematografia sueca, que, apesar de cinco indicações, não conseguiu nenhum reconhecimento.

Hannes Holms volta a tentar nesse ano com "Um Homem Chamado Ove", uma mistura de drama, humor e ternura que concorre não só ao Oscar de melhor filme estrangeiro, mas também o de melhor maquiagem e penteados.

"Terra de Minas", de Martin Zandvliet, concorre ao Oscar para a Dinamarca com uma história que mistura dois temas que sempre funcionam bem no cinema: a guerra e as crianças. Além disso, é baseado em fatos reais, um outro adicional do filme.

Na primeira indicação da Austrália, "Tanna", de Bentley Dean e Martin Butler, parte com menos chances de levar o Oscar, com a história de amor à Romeo e Julieta em uma população aborígine de Vanuatu.

Gravado na ilha com muitos atores não profissionais, o filme se beneficia do frescor de seus intérpretes, mas, ao mesmo tempo, a falta de experiência também é o ponto fraco de um filme que se parece com um estudo antropológico.