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40 anos depois de sua morte, Groucho Marx segue como referência de comédia

Groucho Marx - Reprodução/Telegraph
Groucho Marx Imagem: Reprodução/Telegraph

Helen Cook

De Nova York

19/08/2017 08h32

O mundo do cinema e da comédia completa 40 anos sem o gênio Groucho Marx, que com seu humor sagaz e o seu empenho em denunciar a hipocrisia da sociedade se tornou uma das figuras mais marcantes do século XX.

Em 19 de agosto de 1977, aos 86 anos de idade, Goucho morria em uma clínica de Los Angeles devido a uma pneumonia, mas deixou como legado atuações e frases satíricas que o transformaram em uma lenda do mundo do entretenimento.

Uma de suas entrevistas mais conhecidas foi a que ele afirmou que queria que inscrevessem em sua lápide: "Perdoe-me por não me levantar", um desejo que nunca se concretizou.

Apesar da sua morte há quatro décadas, a figura de Groucho continuou muito presente na cultura popular, e seus característicos óculos, nariz, charuto e bigode se transformaram em um ícone da comédia.

Nos últimos dias, milhares de pessoas prestaram homenagens ao ator nas redes sociais escrevendo suas frases mais conhecidas, como "Desculpem-me se os chamo cavalheiros, é que não os conheço muito bem" e "Em quem você vai acreditar? Em mim ou em seus próprios olhos?".

Nascido em 2 de outubro de 1890 em Manhattan, Julius Marx foi o quarto dos seis filhos de Sam Marx e Minnie Schonberg, imigrantes judeus, e o mais jovem do trio cômico "Os Irmãos Marx", completado por Leonard, que adotou o nome de "Chico", e Arthur, que era chamado de "Harpo".

Ainda que as ambições de Minnie Schonberg os tenham levado aos palcos desde a adolescência, Groucho só se tornou famoso após a formação dos "Irmãos Marx", inicialmente nos teatros da Broadway, onde os três se consolidaram como grandes estrelas da comédia.

Quando gravou o primeiro dos 13 filmes dos "Irmãos Marx", "Hotel da Fuzarca" (1929), o trio já era bem conhecido.

Em seus 86 anos de vida, Groucho não só participou de 26 filmes, mas também criou gosto pela literatura. Escreveu cinco livros e fez amizade com romancistas como T.S Elliot e Carl Sandburg.

Notável também foi sua simpatia pelo cineasta Woody Allen, sobre quem chegou a dizer que era "o melhor".

"Dizem que Allen pegou coisas dos 'Irmãos Marx'. Não pegou nada. Talvez há 20 anos tenha se inspirado, mas hoje é original. O melhor, o mais engraçado", disse em uma entrevista ao crítico de cinema Roger Ebert.

A posição que alcançou e o seu caráter indomável o permitiram rejeitar trabalhos com grandes ícones do cinema como Federico Fellini, considerado um dos melhores diretores da história.

Muito conhecida também foi a sua reação ao convite para fazer parte do exclusivo clube de comediantes "Friars Club of Beverly Hills", respondendo com um taxativo "me recuso a entrar para qualquer clube que me aceite como membro".

Outro atrevimento que refletiu perfeitamente seu caráter irreverente foi o de dançar sobre o bunker em que Adolf Hitler se suicidou no verão de 1958, quando Groucho viajou para a Alemanha para visitar o país natal da sua mãe, de família judia.

Apesar de suas conquistas, Groucho Marx, que se casou e se divorciou três vezes, sempre conservou o humor ácido que o fez ver a vida com um realismo extremo.

"Sucesso? O segredo do sucesso está na sinceridade e na honestidade. Se for capaz de simular isso, você o alcançará", disse em uma de suas frases mais célebres.