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Vegetariano e alternativo, Woody Harrelson lembrava do governo Bush para matar zumbis

CINDY PEARLMAN

Do Hollywood Watch

30/01/2010 07h03

Woody Harrelson não daria um bom zumbi. Ele é vegetariano, de modos que não comeria um hambúrguer, muito menos seu vizinho. Logo, é bom que em seu novo filme, “Zumbilândia”, em cartaz desde sexta (29), ele não interprete um zumbi. Mesmo assim, seus hábitos alimentares dificultaram as coisas para os produtores do filme. “Meu personagem está à procura do seu alimento favorito supremo, que para ele não é outro ser humano, mas sim um Twinkie”, diz o ator de 48 anos, falando por telefone de um hotel em Los Angeles. “Eu não sou um fã de Twinkie. Eu também não como açúcar ou leite e derivados. Quando finalmente filmamos minha cena comendo um Twinkie, eles tiveram que me dar um Twinkie de mentira, feito de farinha de milho.”

  • Divulgação

    No filme com Woody Harrelson, homens lutam para sobreviver num mundo dominado por zumbis

Em “Zumbilândia”, um vírus transformou a maioria dos seres humanos em monstros canibais. Harrelson interpreta um sujeito durão chamado Tallahassee, um solitário que adora eliminar zumbis com um grande arsenal de armas que mantém em seu caminhão. Durante a busca pelo Twinkie, ele encontra Columbus (Jesse Eisenberg) e duas irmãs, Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin). Os quatro decidem relutantemente se aliar para rechaçar os mortos-vivos e encontrar um lugar onde estarão seguros.

Os críticos consideram o filme um sucesso e elogiam a interpretação de Harrelson como sua melhor em anos – o que é irônico, já que ele quase o rejeitou sem ler o roteiro. “Me enviaram este roteiro ‘Zumbilândia’ e eu não conseguia imaginar que era bom. Vamos ser honestos aqui. Veja o nome. Poderia ser um filme realmente idiota.”

ELENCO DE "ZUMBILÂNDIA" FALA SOBRE O FILME

Foi a pedido de seu agente que ele leu o roteiro. “Era genial. Não se trata apenas de um banho de sangue. O filme é engraçado e os personagens são interessantes.” Então ele assinou e logo estava enfrentando um exército de zumbis. “Eles realmente pareciam zumbis. E era fácil detestá-los, porque eu só precisava lembrar do último governo dos Estados Unidos. Bastava aquele pensamento para ficar com um espírito cruel.”

O confronto final em um parque de diversões infestado de zumbis precisou de três semanas de filmagens noturnas, o que não foi a ideia de diversão para Harrelson . “Eu tenho dificuldade em permanecer acordado a noite toda quando não estou quebrando as regras. Quando é obrigatório que eu permaneça acordado, é difícil. Três semanas atirando em zumbis e eu não tinha mais ideia de qual seria o resultado nas telas. Mas nós realmente acertamos.”

Em uma cena diferente, os quatro estão perambulando por Beverly Hills e se deparam com a mansão de Bill Murray. Quando eles veem seu rosto marcado, eles presumem que ele é um zumbi e se preparam para matá-lo... apenas para perceber que é simplesmente a aparência dele. “Eu tive muito a ver com a participação de Bill no filme. Eu telefonei para ele e insistia para que participasse. Originalmente, nós íamos até a casa dele e ele era um zumbi, e nós o matávamos. Encontrar um Bill não infectado foi muito mais engraçado.

Mais sério

Ele espera que o público esteja em um sentimento mais sério quando seu próximo filme, “O Mensageiro”, estrear no Brasil em 19 de fevereiro. O filme mostra Harrelson e Ben Foster como oficiais do Exército com uma função particularmente desagradável: dizer às famílias de militares, face a face, que seus filhos ou filhas morreram no exterior. “Eu sou um oficial de notificação de óbito. Foi um papel no qual realmente mergulhei.”

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    Woody Harrelson e Ben Foster no filme "O Mensageiro", de Oren Overman

Ao se preparar para o papel, Harrelson estudou fotos de homens e mulheres que morreram na guerra no Iraque. “Eu olhava para os rostos dos homens e mulheres jovens que foram mortos no Iraque e então não conseguia parar de olhar. Aquilo realmente me afetou profundamente, mas me ajudou a colocar no estado mental do personagem.”

Harrelson passou sua juventude em Lebanon, Ohio, crescendo em uma família problemática. Até hoje Harrelson não fala a respeito de seu pai, Charles Harrelson, que está cumprindo duas penas de prisão perpétua pelo assassinato de um juiz federal, John Howland Wood.

ASSISTA AO TRAILER DE "O MENSAGEIRO"

Talvez para escapar da realidade de sua vida, Harrelson optou desde cedo pelo teatro. Após receber um diploma em artes cênicas pelo Hanover College em Indiana, ele se mudou para Nova York e logo foi contratado como substituto na produção da Broadway de “Biloxi Blues” (1985), de Neil Simon.

Poucos meses depois, ele tirou a sorte grande ao ser escalado como o sem noção Woody da série de televisão “Cheers”. A série ficou no ar até 1993 e, como dizia seu slogan, todos em Hollywood conheciam o nome de Harrelson. Ele rapidamente obteve papéis secundários em filmes como “Uma Gatinha Boa de Bola” (1986) e “Doc Hollywood –Uma Receita de Amor” (1991).

“Homens Brancos Não Sabem Enterrar” (1992), no qual ele contracena com Wesley Snipes, provou que Harrelson podia ser uma atração de bilheteria, e ele participou de três sucessos seguidos de bilheteria, com “Proposta Indecente” (1993), “Assassinos por Natureza” (1994) e o aclamado “O Povo Contra Larry Flynt” (1996), que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator por sua interpretação de Flynt, o editor da revista “Hustler”.

“Felizmente ‘Homens Brancos Não Sabem Enterrar’ foi um grande sucesso de bilheteria. Antes daquele filme, eu achei que estava tudo acabado. Eu achei que me tornaria um revisor de textos, apesar de não ser um trabalho fácil. Honestamente, eu não sabia o que ia fazer. Eu apenas tinha muita esperança.”

A vida em família

Divorciado da filha de Simon, Nancy, Harrelson está casado desde 2008 com sua ex-assistente, Laura Louie. Eles vivem no Havaí com suas três filhas, Deni, 15 anos, Zoe, 13, e Makani, 3, que ele apelidou de “Trilogia das Deusas”. E, sim, ele é o único homem da casa. “Também tenho uma cadela e gatas. Mas eu tenho muita sorte e ocasionalmente consigo entrar no banheiro.”

Pode parecer óbvio que ele é o pai durão, mas ele insiste que está longe disso. “Eu acredito que crianças são como ervas – você apenas as deixa crescer. Na verdade, esta é uma fala de uma peça. Mas o que quero dizer é que não imponho meu ponto de vista às minhas filhas. Eu quero que elas experimentem o mundo por conta própria. Eu não quero infectá-las com minha mentalidade.”

Esta mentalidade inclui ativismo político para várias causas, incluindo o movimento pela paz, ambientalismo e a legalização da maconha. Mas Harrelson não se vê como um sujeito compelido. “Viver no Havaí é o paraíso. Eu entro na água todo dia e esqueço de qualquer estresse. Minhas filhas também curtem a água. Eu queria criar minhas filhas em um ambiente diferente de Los Angeles. Este é um lugar mais inocente para elas crescerem. Eu quero dar a elas a chance de serem crianças.”

Tradutor: George El Khouri Andolfato