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É Tudo Verdade divulga seleção internacional, com filme de Michael Moore

Michael Moore em cena do seu documentário ""Captalismo: uma História de Amor"" - Divulgação
Michael Moore em cena do seu documentário ''Captalismo: uma História de Amor'' Imagem: Divulgação

NEUSA BARBOSA

Especial para o UOL, do Cineweb

30/03/2010 14h26

O Festival É Tudo Verdade – Festival Internacional de Documentários divulgou nesta terça (30) a lista dos 12 longas que participam da competição internacional desta que será sua 15ª edição, a partir de 8 de abril, em São Paulo, e 9 de abril, no Rio de Janeiro. Dela fazem parte um dos finalistas do Oscar de documentário deste ano, “O Homem mais perigoso da América: Daniel Ellsberg e os Documentos do Pentágono”, de Rick Goldsmith e Judith Ehrlich, e “La Danse, o Balé da Ópera de Paris”, do prestigiado documentarista americano Frederick Wiseman. Fora da competição, o festival exibirá o mais recente filme de Michael Moore, “Capitalismo: Uma História de Amor”, inédito nos cinemas do País e que deverá ser lançado diretamente em DVD no Brasil, em junho.

Entre os documentários de tema mais contundente da competição está a produção australiana “Roubados”, em que os diretores Dan Fallshaw e Violeta Ayala flagram uma situação contemporânea de escravidão no Saara Ocidental, norte da África. Também concorrem nesta seção o argentino “Os Pais da Praça de Maio – 10 Caminhos Possíveis”, do diretor estreante Joaquin Daglio, e o canadense “Viver com o Homicídio”, de John Kastner” – que terá sua première mundial no festival brasileiro e conta os efeitos de um crime bárbaro sobre uma família.

Em relação ao ano passado, houve duas mudanças. Segundo o fundador e diretor do festival, Amir Labaki, o festival volta a ser um evento único – em 2009, dividiu-se em duas etapas – e sua sede passa a ser o Espaço Unibanco de Cinema, e não o CineSesc, como vinha acontecendo.

O diretor antecipou ainda que haverá itinerâncias da programação em outras cidades que serão anunciadas posteriormente. Também anunciou que haverá projeções ligadas ao festival ao longo de todo o ano, em São Paulo e Rio de Janeiro, cuja programação deverá ser divulgada ao final desta edição, em 18 de abril.

Legado e números

Indagado sobre a influência exercida pelo É Tudo Verdade ao longo destes 15 anos, Labaki declarou: “O documentário brasileiro está mais contemporâneo, mais ligado ao mundo e às artes do mundo inteiro. O documentário é o cinema brasileiro mais importante hoje. Não era assim há 10 anos e não se sabe se será assim dentro de outros 10”.

Para ele, essa mudança reflete a “criação de uma janela nobre”, que foi oferecida pelo festival aos documentários. “Assim como aconteceu com o Anima Mundi e a animação”, comparou.

O próprio salto dos números do festival indica o crescimento de interesse no gênero. Em 1997, o evento recebeu cerca de 180 filmes inscritos, contra mais de 1.000 entre 2009 e 2010. O público inicial, de 2000 espectadores, superou 25 mil pessoas nos últimos três anos, sempre com entrada franca.

Retrospectivas

A retrospectiva internacional destacará nove trabalhos, entre curtas e longas, do diretor francês Alain Cavalier. Como lembrou Labaki, Cavalier, que completa 80 anos em 2011, começou na ficção, na Nouvelle Vague, ao lado de diretores como Jean-Luc Godard e François Truffaut. Sem abandonar totalmente a ficção, o cineasta voltou seu foco para documentários, como seus retratos de mulheres dedicadas a trabalhos manuais, alguns dos quais serão exibidos na programação – caso de “A Optometrista” e “A Fazedora de Colchões”. Segundo Labaki, Cavalier não virá ao Brasil por estar filmando no momento.

A retrospectiva brasileira focalizará sete títulos do fotógrafo e documentarista paulista Benedito Junqueira Duarte (1910-1995). De acordo com o diretor do festival, além de registrar em fotos e filmes imagens do crescimento da cidade de São Paulo, entre os anos 30 e 60, Duarte tornou-se “o mais importante documentarista médico do Brasil”.

A lista dos convidados internacionais não foi ainda divulgada. Mas Labaki antecipou dois nomes: a cineasta portuguesa Susana Sousa Dias, que participa da competição internacional com “48”, vencedor do Grand Prix do festival Cinema du Réel, em Paris, e o israelense Yoav Shamir, diretor de “Checkpoint”, vencedor do prêmio principal do Festival Internacional de Documentários de Amsterdã em 2003, e que terá exibido este ano seu filme mais recente, “Difamação”, premiado nos festivais de Copenhagen, Tribeca e Varsóvia.

Outra parte da programação, a Conferência Internacional do Documentário, que completa este ano sua décima edição, focalizará o uso do filme de arquivo. Este ano, segundo Labaki “observou-se uma volta muito forte à utilização deste tipo de material em filmes e também a novas formas de seu uso”.