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''Se um projeto me empolga, vou lá e faço'', diz Tony Ramos, onipresente no cinema e na TV

THIAGO STIVALETTI

Colaboração para o UOL, do Recife *

02/05/2010 16h59

“Faço cinema há 30 anos, mas talvez não com a constância que eu gostaria”. A frase é de Tony Ramos, que recebeu uma homenagem especial no Festival do Recife, aplaudido de pé pela plateia de 2.500 pessoas.

O ator estreou no cinema com um pequeno papel em 1968 e teve poucos grandes papéis, como em “Noites do Sertão” (1984), de Carlos Alberto Prates Corrêa, e “Bufo & Spallanzani” (2001), de Flávio Tambellini. Mas voltou com força total a partir de 2006 pelas mãos de Daniel Filho em uma sequência de quatro filmes: “Se Eu Fosse Você” 1 e 2, “Tempos de Paz” e “Chico Xavier”.

 Tony conversou com a imprensa ao lado de Julia Lemmertz, a outra homenageada do festival. Um momento emocionante foi quando Tony lembrou a ela que interpretou os filhos gêmeos de Lilian Lemmertz, mãe de Julia, na novela “Baila Comigo” (1981).

 Julia contou sobre a biografia que está sendo preparada sobre a mãe, a ser escrita pelo pesquisador Cleodon Coelho e publicada na Coleção Aplauso, com inúmeras fotos da carreira da atriz, que morreu precocemente de enfarte em 1986, aos 48 anos. Como o material é imenso, a pesquisa deve levar ao menos mais dois anos.

Mas foi Tony que roubou a cena, com comentários inteligentes sobre o cinema e a profissão de ator. Leia os melhores momentos:

 

Você tem trabalhado muito na Globo, toma um intervalo de uma novela das oito e já volta na novela seguinte. Não pensa em diminuir o ritmo e se dedicar mais ao cinema?

Nunca parei pra pensar nisso. Se um projeto me empolga, eu vou lá e faço. A novela “Passione” (que estreia em maio) já estava nos meus projetos desde 2007. Mas em 2008, estava no exterior e recebi uma ligação internacional da Glória Perez, me convidando para fazer “Caminhos das Índias” e resumindo meu personagem em duas linhas. Adorei, fiquei empolgado na hora e não tive como recusar.

No pouco tempo que me resta, estou empolgado em fazer cinema. Rodei o “Chico Xavier” aos sábados e domingos, nos dias de folga da novela. “Tempos de Paz” foi filmado em 11 dias, durante uma licença que consegui. O importante é a obra, ter uma boa história para contar.

 

Como você vê o cinema brasileiro hoje?

Tenho o sonho de que o nosso cinema se transforme numa indústria – não no sentido pejorativo, e sim que tenha uma continuidade. Que os exibidores tenham a coragem de assumir um certo risco e deixar em cartaz um filme que pode crescer lá na terceira semana de exibição.

 

Quem são seus ídolos na história do cinema e da TV?

Cito o muito o Oscarito, um ator que lembramos como comediante, fazia grandes observações sobre o ridículo humano, mas que também tinha grandes momentos dramáticos. No Brasil, temos tantos: Walter d’Ávila, Jaime Costa e Chico Anysio, um ator mediúnico, um dos maiores desse país. Dos estrangeiros, admiro muitos: Totó, Fernandel, Terry Thomas, Jerry Lewis e Steve Martin.

 

O que significou para você essa homenagem?

Meu maior orgulho é ser homenageado por um festival justamente de cinema. Mas não gosto dessa história de quem é o melhor, quem é o maior. Isso é insuportável. Essa competição não existe; se existe, é boba.

 

*O repórter viajou a convite da organização do Cine PE