"As Melhores Coisas do Mundo" vence oito prêmios no Festival do Recife
“As Melhores Coisas do Mundo”, filme de Laís Bodanzky sobre o universo adolescente já em cartaz no Brasil, foi o grande vencedor da premiação do Cine PE, o Festival do Recife, que se encerrou na noite deste domingo. O filme levou oito prêmios: melhor filme, direção, ator (Francisco Miguez, de 15 anos), roteiro, fotografia, direção de arte, edição de som e o prêmio da crítica.
Com o arrastão de prêmios, o filme paulista deixou os outros na sombra. O irregular “O Homem Mau Dorme Bem”, de Geraldo Moraes (DF), ainda sem estreia definida, conseguiu três prêmios importantes: prêmio do público, ator coadjuvante (Bruno Torres) e atriz coadjuvante (Mariana Nunes). Paloma Duarte era a favorita disparada e levou o prêmio de atriz por seu papel no musical “Léo e Bia”, de Oswaldo Montenegro (RJ). O documentário “Sequestro” levou roteiro (dividido com “As Melhores Coisas”) e montagem.
O grande injustiçado foi “Não se Pode Viver Sem Amor” (RJ), de Jorge Durán, um drama familiar com toques sobrenaturais que deu muito o que falar no festival. Não à toa, o filme venceu o prêmio da associação dos cineclubistas do Recife, que justificaram o prêmio como um filme “que permite uma rica reflexão”. Do júri oficial, só levou um estranho Prêmio Especial do Júri para o veterano Rogério Fróes. Ao subir ao palco, Rogério brincou: “Sabia que receberia um prêmio, mas pensei que dividiria com Paulo José o prêmio de melhor defunto do festival”. (Paulo faz o protagonista de “Quincas Berro d’Água”, exibido fora de competição). “Cinema de Guerrilha” (SP), documentário de Evaldo Mocarzel muito criticado no evento, foi o único longa da competição que não levou nenhum prêmio.
De uma rica competição de curtas-metragens, que mostrou a vitalidade do formato no país e sinaliza uma grande safra de futuros diretores de longas, o júri premiou “Bailão” (SP), de Marcelo Caetano, curta em 35 mm que faz um sensível retrato dos gays de meia-idade que frequentam uma tradicional festa underground do centro de São Paulo. No mesmo formato, a crítica ficou com “Geral” (RJ), de Anna Azevedo, documentário fascinante sobre a Geral do Maracanã, desativada em 2005, cheio de rostos de torcedores aflitos e capazes de tudo por seus times. “Faço de Mim o que Quero”, um ousado e surpreendente retrato da cena brega no Recife, levou o Prêmio Aquisição do Canal Brasil.
Entre os digitais, foram premiados os dois curtas mais interessantes da seleção: “Áurea” (RJ), de Zeca Ferreira, ficção com trechos de documentário sobre uma cantora de gafieira no Rio; e “Ensaio de Cinema” (RJ), de Allan Ribeiro, retrato da rotina de um casal gay que, sem sair de seu apartamento em Santa Tereza, mistura momentos banais do cotidiano com a filmagem imaginária de um curta-metragem cheio de som e fúria.
Lista de premiados:
LONGAS-METRAGENS
Melhor Filme: As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanzky
Direção: Laís Bodanzky, por As Melhores Coisas do Mundo
Ator: Francisco Miguez, por As Melhores Coisas do Mundo
Atriz: Paloma Duarte, por Léo e Bia
Atriz Coadjuvante: Mariana Nunes, por O Homem Mau Dorme Bem
Ator Coadjuvante: Bruno Torres, por O Homem Mau Dorme Bem
Roteiro (prêmio dividido): Luiz Bolognesi, por As Melhores Coisas do Mundoe Wolney Atalla e Caio Cavechini por Sequestro
Fotografia: Mauro Pinheiro Jr., por As Melhores Coisas do Mundo
Montagem: Marcelo Moraes e Marcelo Bala, por Sequestro
Trilha Sonora: Oswaldo Montenegro, por Léo e Bia
Direção de Arte: Cássio Amarante, por As Melhores Coisas do Mundo.
Edição de Som: Alessandro Laroca, por As Melhores Coisas do Mundo.
Prêmio Especial do Júri: Rogério Fróes, por Não Se Pode Viver Sem Amor
Melhor Filme/Júri Popular: O Homem Mau Dorme Bem
Prêmio da Crítica: As Melhores Coisas do Mundo
CURTAS EM 35mm
Melhor Curta-Metragem: Bailão, de Marcelo Caetano.
Diretor: Kleber Mendonça Filho, por Recife Frio.
Atriz: Zezita Matos, por Azul
Ator: Ricardo Lilja, por Amigos Bizarros do Ricardinho
Roteiro: Kleber Mendonça Filho, por Recife Frio.
Fotografia (prêmio dividido): Ivo Lopes Araújo, por A Montanha Mágica; e André Lavenère, por A Noite por Testemunha
Direção de Arte: Juliano Dornelles, por Recife Frio
Melhor Montagem: Lucas Gonzaga, por Amigos Bizarros do Ricardinho
Trilha Sonora: Revertere AD Locum Tuum
Edição de Som: Vinícius Leal e Jessé Marmo, por Geral
Melhor Curta-Metragem/Júri Popular: A Noite Por Testemunha, de Bruno Torres
Prêmio Especial do Júri: Circuito Interno, de Júlio Martí.
Menção Honrosa do Júri: ZÉ(S), de Piu Gomes.
Prêmio da Crítica: Geral, de Anna Azevedo.
Prêmio Aquisição Canal Brasil: Faço de Mim o Que Quero, de Sergio Oliveira e Petrônio Lorena.
CURTAS-METRAGENS EM DIGITAL
Melhor Curta-Metragem Digital: Áurea (de Zeca Ferreira).
Diretor: Allan Ribeiro, por Ensaio de Cinema.
Roteiro: Maria Camargo, por Se Meu Pai Fosse de Pedra.
Montagem: Luelane Corrêa, por Áurea (de Zeca Ferreira).
Melhor Curta-Metragem/Júri Popular: Tanto, de Nataly Callai
Prêmio Especial do Júri: À Fotografia de Áurea (de Zeca Ferreira).
Prêmio da Crítica: Áurea, de Zeca Ferreira
Menção Honrosa: Sweet Karolynne, de Ana Bárbara Ramos (PB).
MOSTRA PERNAMBUCO
Melhor Longa-Metragem: Porta a Porta, de Marcelo Brennand
Melhor Curta-Metragem (1º colocado): Tereza – Cor Na Primeira Pessoa (Amaro Filho e Marcilio Brandão
Curta-Metragem (2º colocado): Tchau e Bênção, de Daniel Bandeira
*O jornalista viajou a convite da organização do Cine PE
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