Sensibilidade e poesia substituirão 3D em novo ''Tainá'', diz produtor do filme

O produtor Pedro Rovai até cogitou, mas acabou abandonando a ideia de fazer o terceiro filme da série “Tainá”, cujas filmagens começaram na quinta (1º), no formato 3D. “É muito caro e inviável. É preciso ter o controle absoluto da luz e gente vai fazer o filme a céu aberto, no norte do Brasil. Ou seja, seria impossível”, explicou ao UOL Cinema. No entanto, ele não abandonou o projeto e, com um novo roteiro, contará agora as origens da personagem. “O filme vai se chamar ‘Tainá 3 – A Origem’ e vai explicar como surgiu a indiazinha. Como não temos tecnologia, temos que ir para o lado da sensibilidade, da poesia”.

A protagonista, desta vez, não será interpretada por Eunice Baía, estrela dos dois filmes anteriores, de 2000 e 2004, mas pela pequena índia Wirandu Tembé, da aldeia Tekohãw – Paragominas (PA). A nova atriz foi escolhida mediante um processo de seleção com mais de 1000 crianças de seis estados do Brasil. O processo foi concluído numa votação pela internet, que culminou com a escolha da menina de 5 anos, que nunca tinha saído da aldeia e sequer falava português.

No roteiro, assinado por Claudia Levay (a mesma roteirista dos outros dois filmes), Tainá é apresentada como um bebê cuja mãe foi obrigada a abandoná-la. “A princípio, ela vive isolada com o avô [Gracindo Júnior] e em comunhão com a natureza. Aos poucos, ela começa a questionar suas origens, quer saber quem é sua mãe”.

Para dirigir “Tainá 3 – A Origem”, Rovai convidou Rosane Svartman (“Mais Uma Vez Amor”). “Ela não é uma escolha óbvia para o filme. Sempre fez filmes muito urbanos, mas quando eu vi seu novo trabalho [o ainda inédito “Desenrola”], achei que ela tinha a sensibilidade que eu estava procurando”, explica o produtor.

Já Rosane conta que um filme como “Tainá 3 – A Origem” era exatamente o que ela procurava quando acabou de rodar “Desenrola”. “Eu tenho filhos pequenos e eles nunca podem ver os meus filmes, que sempre têm uma temática adulta. Queria fazer algo que eles pudessem ir ao cinema comigo para assistir”, explica. Além disso, a diretora ressalta que nem precisa se preparar para rodar uma aventura infantil, afinal, nos últimos anos, o que ela mais tem visto é filme infantil. “Estou muito familiarizada com esse universo. Vejo essas produções com um olhar mais técnico. Acho que isso vai me ajudar na hora de rodar ‘Tainá 3’”.

Pré-produção

Rosane conversou com o UOL Cinema poucos dias antes de embarcar para Santarém (PA), onde foram construídos os cenários e será rodada boa parte do filme. “Será um desafio muito bom filmar na Amazônia. Eu conheço a região, já havia ido para lá diversas vezes. Até minha filha eu já levei para conhecer a floresta. Mas trabalhar lá vai ser bem diferente do que quando fui apenas visitar. Como diretora, terei de me adaptar àquilo que a região me oferece, saber lidar com a falta de algumas coisas”, antecipa a diretora.

Para filmar no norte do Brasil, o produtor Rovai conta que foi necessário um bom investimento na pré-produção, com a construção de cenários e a logística para o trabalho de atores e técnicos. Além disso, é preciso levar em conta os ciclos da natureza. “Filmaremos às margens do rio Tapajós. Nessa época, as águas sobem e invadem as matas. Fica uma paisagem muito bonita que dura até o final de agosto, começo de setembro. Depois disso, quando as águas baixam, é mais complicado e não tão bonito. Por isso o filme precisa ser rodado logo”.

Além da protagonista Wiranu, o elenco infantil, traz Beatriz Noskoski e Igor Ozzy. “Dirigir criança é um processo diferente de trabalhar com adultos, é preciso trazer o personagem para o ator, é preciso saber adaptar a cena a ele”, comenta Rosane. A diretora participou da seleção da protagonista e diz que “a menina é muito especial e vai surpreender na tela”.

Orçado em torno de R$ 8 milhões, “Tainá 3- A Origem” traz também no elenco Nuno Leal Maia, Leon Góes, Mayara Bentes (como mãe de Tainá, que aparecerá sob forma de espírito) e Fidelis Baniwa, no papel de um cacique. Como é comum na série, o terceiro filme também trará uma mensagem sobre ecologia. “Já é possível, inclusive, ‘plantar’ uma árvore na Amazônia no site oficial do filme”, avisa o produtor. Segundo Rovai, os dois primeiros “Tainá” fizeram muito sucesso com as crianças, no cinema e na televisão. Por isso, o terceiro longa deverá ser lançado numa época de férias escolares, possivelmente no começo de 2011.