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Shrek vive crise de meia idade em 3D no quarto filme da série

O ogro e Rumpelstiltskin firmam contrato em ""Shrek para Sempre"", animação da Dreamworks - Divulgação
O ogro e Rumpelstiltskin firmam contrato em ''Shrek para Sempre'', animação da Dreamworks Imagem: Divulgação

ALESSANDRO GIANNINI

Editor de UOL Cinema

07/07/2010 00h34

Shrek está em crise, mas não sabe disso. Casado, com três filhos e uma mulher apaixonada, ele enfrenta as agruras da vida em família. Mais: não consegue lidar com o peso da fama. Tudo isso faz parte de "Shrek Para Sempre", quarto episódio da bem sucedida série de animação da Dreamworks. O filme entra em cartaz nesta quarta (7), em pré-estreia em cinemas selecionados - nas versões convencional e 3D, em cópias legendadas e dubladas. Se não é o melhor segmento até agora, certamente é o mais elaborado - incluindo o humor e a trilha sonora.

Para fugir da realidade que pesa sobre seus ombros na fabulosa Tão Tão Distante, Shrek cede à tentação de trocar um dia qualquer de sua vida por 24 horas do velho anonimato que lhe permitia alguns prazeres simples, como tomar banho de lama sem ser importunado. Quem faz a proposta indecente para o ogro é Rumpelstiltskin, o duende das fábulas dos irmãos Grimm, aqui apresentado como um pequeno negociador cínico, mesquinho e autoritário.

Jogado em uma "realidade" paralela, Shrek reencontra com seus amigos, que mal o reconhecem, e descobre que jamais existiu. Descobre ainda que o contrato mágico que assinou traz nas letras miúdas um truque: o ogro só será libertado desse mundo sombrio por obra de um beijo apaixonado. Em outras palavras, só o amor verdadeiro o libertará. Para isso, ele terá que encontrar e convencer Fiona, líder da "resistência ogra", de que viveram uma vida juntos e são apaixonados.

Mike Mitchell, cineasta escolhido para dirigir "Shrek Para Sempre", fez o que se esperava diante da tendência hollywoodiana de investir na tecnologia para superar o êxodo das salas: apostou na história. Se o filme parece mais sério e sombrio do que os anteriores, há menos vontade de fazer rir a todo instante e a qualquer custo. A história e os personagens mandam mais do que qualquer outra coisa e contemplam todos os públicos - das crianças aos seus avós, passando pelos pais.

O que leva, nos dias de hoje, à questão inevitável: e o 3D? Concebido desde o início como um filme que seria apresentado em terceira dimensão, "Shrek Para Sempre" carrega todos os problemas da nova tecnologia: é mais escuro, os planos próximos são escassos, as cores não tão brilhantes. Nada disso, no entanto, impede o espectador de vivenciar a experiência de uma boa história, repleta de referências literárias e contemporâneas. Que é o que se espera de um bom filme.