Diretor Jeferson De quer que seu filme, "Bróder", chegue ao Oscar
Para Jeferson, “é importante sim, concorrer ao Oscar, sejamos nós, o ‘5 x Favela – Agora por Nós Mesmos’ ou qualquer outro filme”. O cineasta destacou que, nesta que é a terceira passagem de “Bróder” por um festival – o filme teve sua première mundial em Berlim, em fevereiro, fora de competição, e em Paulínia, em julho, concorrendo – ele finalmente superou as próprias dúvidas em relação à capacidade de comunicação da história.
“Nunca confessei isto, mas eu também tinha dúvidas. Berlim me mostrou que a história não era apenas meu umbigo. Em Paulínia, foi ótimo, teve a maior repercussão e eu também sou caipira paulista. Ontem, em Gramado, foi a projeção mais bonita que vi, inclusive tecnicamente. E me deu a certeza de que eu escolhi certo meu elenco. Isto salta da tela. Estou aliviado”, afirmou.
A vinda a Gramado fecha,também,uma espécie de ciclo, já que o projeto de “Bróder”nasceu aqui, em 2003, quando Jeferson veio apresentar, em competição, seu curta “Carolina”. “Naquela época, era o projeto de um curta e se chamava ’24 Horas com Dois Negros’. Graças a Deus, passou todo esse tempo e chegamos a ‘Bróder’”.
Falta de vaidade
Drama ambientado no Capão Redondo, zona sul da capital paulista, “Bróder” centra-se na amizade de três jovens (Caio Blat, Sílvio Guindane e Jonathan Haagensen), confrontados com dilemas pessoais e sociais. No elenco, o principal papel feminino é de Cássia Kiss, como Sonia, a mãe de Macu (Caio Blat). A atriz, que veio a Gramado, foi perguntada como se sente diante de vários papeis em que interpreta mulheres sofridas e desglamourizadas, inclusive este.
“Eu também fico impressionada com a minha falta de vaidade, porque na tela, tudo fica daquele tamanho”, divertiu-se a atriz. Cássia destacou que pertence a um “grupo de atrizes que não fez plástica e não vai fazer, porque precisa do rosto como é”. E acrescentou que “cuida muito da própria alma”. “Nós atores somos muito vaidosos. Precisamos jogar o ego na lata do lixo, senão, não rola a generosidade”
Projeto completamente diferente, o segundo candidato nacional da primeira noite, o gaúcho “Enquanto a noite não chega”, de Beto Souza (“Dias e noites”, “Netto perde sua alma”) parte de uma adaptação literária, no caso, um livro de Josué Guimarães. Na história, que tem um toque surrealista, um velho casal (Miguel Ramos e Clênia Teixeira), vaga por uma cidadezinha em ruínas, mergulhado nas memórias de filhos e amigos que morreram.
O diretor Beto Souza contou que o grande apuro visual de “Enquanto a noite não chega” decorre de uma experiência, segundo ele, inédita. De acordo com Souza, trata-se do primeiro filme feito e finalizado em 4K, uma moderna tecnologia digital.
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