"Temos o direito de falar de tudo no cinema, inclusive no que acontece depois da vida", diz o diretor de "Nosso Lar"
Que ninguém venha dizer ao diretor Wagner de Assis que seu segundo longa, “Nosso Lar”, é um filme espírita. “É uma história sobre a condição humana, sobre o resgate e a jornada de um homem. A diferença é que se passa num outro plano”, argumenta o cineasta, que também assina o roteiro, baseado no livro homônimo psicografado por Chico Xavier.
O longa, que estreia na próxima sexta (3), tem como personagem central André Luiz (Renato Prieto), um médico que morre e chega ao plano espiritual, onde irá aprender sobre a vida na Terra e no pós-morte. Assis, que em seu currículo tem “A Cartomante” (2005), sabia que estava diante de vários desafios, entre eles, como levar o público que não é espírita para ver o seu filme. “Essa foi a proposta desde o nascimento do projeto. Não queríamos fazer um filme para qualquer gueto e sim um filme universal. Temos o direito de falar de tudo no cinema, inclusive no que acontece depois da vida”, declarou em entrevista ao UOL Cinema.
A relação de Assis com o livro “Nosso Lar” vem desde a década de 1980. Quando terminou “A Cartomante”, ele procurou a Federação Espírita Brasileira, detentora dos direitos da obra, com a proposta de levá-la para o cinema. “Meu argumento foi que eu daria tudo o que a história merecia para se transformar num filme e chegar a muitas pessoas”. O resultado é um filme cuja produção está orçada em torno de R$ 20 milhões, repleto de efeitos especiais e a expectativa de uma das maiores bilheterias nacionais do ano, além de possíveis vendas para países como Rússia, Alemanha e Estados Unidos.
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MAKING OF
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TRAILER
O diretor acredita que vivemos uma época em que as pessoas estão mais interessadas em filmes sobre amor, paz e esperança, o que explicaria, fora a possibilidade de altas bilheterias, a explosão de filmes tendo como tema ou pano de fundo o espiritismo, como “Chico Xavier”, “Bezerra de Menezes” e outros ainda inéditos, como “As Mães de Chico Xavier” e “O Filme dos Espíritos”. “Espero que as pessoas estejam mais abertas ao tema e deixem de lado qualquer tipo de preconceito. ‘Nosso Lar’ é um filme para fazer pensar, para que o público questione sua vida e o que pode acontecer depois da morte. Não pretendemos fazer ninguém mudar de religião, apenas pensar”. Assis adianta que, dependendo do sucesso de “Nosso Lar”, poderá levar ao cinema outros livros psicografados por Chico Xavier, como “Os Mensageiros”.
Das páginas para a tela
Ao roteirizar “Nosso Lar”, o diretor deixou de lado muitas histórias, centrando a espinha dorsal na jornada de André Luiz e das pessoas, dos dois planos, que cruzam a vida do personagem. O contraponto a ele é Eloísa (Rosane Mulholand, de “Falsa Loira”), jovem que morre e não se conforma com isso, fazendo de tudo para voltar para a Terra e rever o noivo.
“Boa parte daquilo que se vê no filme já estava no livro. Como a arquitetura da cidade Nosso Lar, a praça com a estrela de seis pontas. Depois, pesquisando, descobri que isso é um símbolo bastante comum em várias religiões”, explica o diretor. Outro elemento que veio direto do livro é a muralha que cerca a cidade. Para criá-la, foi necessário construir um muro de 70m de comprimento, por 7m de altura, numa fazenda no Rio de Janeiro.
Muito depende também dos efeitos realizados por uma empresa canadense chamada Intelligent Creatures, que foi responsável por filmes como “Babel” e “Fonte da Vida”. “Os efeitos visuais do filme foram uma descoberta para nós. O trabalho de pós-produção, para deixar o filme com um belo acabamento, foi muito duro”. Os técnicos canadenses, no entanto, não são os únicos nomes estrangeiros nos créditos de “Nosso Lar”, que foi fotografado pelo suíço Ueli Steiger (que trabalhara no Brasil com “Do Começo ao Fim”). A trilha é do celebrado compositor Philip Glass (“As Horas”).
Já os cenários das casas da cidade Nosso Lar foram inspirados no estilo art déco. O Umbral, uma zona intermediária, uma espécie de purgatório, baseou-se nos desenhos e pinturas do francês Gustave Doré (1832-1883), especialmente as ilustrações que ele fez para livros como “O Paraíso Perdido”, de Milton, e “A Divina Comédia”, de Dante Alighieri.
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