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"Você tem sorte quando encontra alguém que beija bem", diz Drew Barrymore sobre atuação

Drew Barrymore e Justin Long participam da première de ""Amor à Distância"" nos EUA (23/08/2010) - Getty Images
Drew Barrymore e Justin Long participam da première de ''Amor à Distância'' nos EUA (23/08/2010) Imagem: Getty Images

CINDY PEARLMAN

do Hollywood Watch

08/09/2010 07h00

Ser uma estrela de cinema, mais especificamente a rainha reinante da comédia romântica de Hollywood, tem seus reveses. Drew Barrymore sabe por experiência própria. Por exemplo, muito poucas mulheres precisam beijar profissionalmente. Mas quando você ganha a vida fazendo comédias românticas, beijar homens atraentes faz parte das funções do trabalho -e nem sempre é a parte mais fácil.

"Você tem sorte quando encontra alguém que beija bem", diz a atriz de 35 anos durante uma entrevista em um hotel de Beverly Hills, trajando uma camisa longa xadrez, preta e azul, e jeans. "Os lábios se encontram e você pensa, ‘Viva, graças a Deus!’"

"O pior é quando você beija alguém que não beija bem. Aí você tem que ralar. Sabe como é beijar alguém em cena que não sabe beijar? De repente você fica por conta própria. Você duvida de si mesma. Você se pergunta: ‘O problema sou eu?’"

Sem causar surpresa, Barrymore - que já contracenou com Eric Bana, Kevin Connolly, Jimmy Fallon, Hugh Grant, Matthew McConaughey, Edward Norton, Chris O’Donnell, Adam Sandler, Dougray Scott, Michael Vartan, Luke Wilson e Steve Zahn, entre outros - não cita nomes.

Ao ser perguntada a respeito de quais de seus protagonistas ficaram aquém no departamento de beijo, ela balança seus longos cabelos loiros e ri. "Oh, isso nunca vai acontecer. Eu nunca vou contar."

Novo romance nas telas

Presumivelmente, a lista não inclui seu atual protagonista, seu namorado na vida real, Justin Long, que estrela ao lado dela em "Amor À Distância", lançado nos Estados Unidos em 3 de setembro e que estreia no Brasil no dia 10.

Barrymore interpreta uma garçonete de Nova York que sonha ser redatora de jornal e Long é um jovem executivo da indústria musical que tem problemas crônicos com mulheres. Os dois se conhecem, se apaixonam... e então são afastados quando ela consegue o emprego de seus sonhos, só que em San Francisco. Logo os dois começam a acumular muitas milhas aéreas - e também a praticar sexo por telefone.

Em outras palavras, esta não é uma comédia romântica tipo contos de fadas, como em alguns dos filmes anteriores de Barrymore. Há uma cena picante na qual os dois estão tão felizes em verem um ao outro que não passam da mesa de jantar. "É diferente da comédia romântica típica", diz a diretora Nanette Burstein em uma entrevista separada. "Os personagens se comportam de modo não censurado no filme."

Barrymore, que é aberta a respeito de seus problemas no passado com drogas e álcool, até mesmo fica bêbada e chapada no filme.

"Eu fiquei empolgada em interpretar um novo tipo de personagem para mim. Para dizer a verdade, eu estava em um ponto na minha vida e na minha carreira em que não queria interpretar uma maluca ou uma personagem com inversão de papel. Eu queria interpretar exatamente alguém como a mulher neste filme. Ela é alguém que pode andar com os rapazes e também amar mulheres."

"Ela é real. Ela tem coragem e é divertida. Eu me identifico com esse tipo de mulher."

Desafios

O humor do roteiro foi um alívio bem-vindo após o último projeto de Barrymore, sua interpretação aclamada pela crítica como Little Edie, no triste "Grey Gardens" (2009) da HBO. "Aquele foi um dos pontos altos de toda a minha carreira, mas foi um papel muito dramático. Foi um prazer ir para um set onde eu podia ser engraçada e improvisar. Eu também pude trabalhar de uma forma mais fluente."

  • Divulgação

    Drew Barrymore estrela a comédia romântica ''Amor à Distância'' ao lado de Justin Long

"E desta vez eu não precisei me censurar. Eu sabia desde o início que este filme receberia uma classificação R (entrada de menores de 17 anos apenas acompanhados de pai ou responsável), o que foi ótimo, porque eu podia ser bem honesta a respeito de relacionamentos."

Ela gostou particularmente de fazer humor com o lado sombrio da personagem. "Um dos desafios com que fiquei mais empolgada foi a cena bêbada. Nós nos concentramos em que tipo de bêbada ela seria e no que eu poderia improvisar durante as cenas. É um momento no filme em que minha personagem está realmente furiosa. Era uma questão de como ela extravasaria."

"Foi o dia de trabalho mais divertido de todos. Eu pude me soltar."

A cena do sexo por telefone não foi tão divertida, por ter sido uma cena incomumente complexa. Para permitir a sincronização entre Barrymore e Long, dois cenários foram construídos lado a lado em estúdio, para que ambas as metades da cena pudessem ser filmadas simultaneamente. Mesmo assim, muitas tomadas foram necessárias até que tudo funcionasse.

"Foi uma ótima cena, mas eu sabia que seria uma que fracassaria miseravelmente ou seria divertida e empolgante. Eu simplesmente tinha que ir fundo e não fazer concessões, apesar de ter tido muito medo daquilo."

Em uma entrevista separada, Long concorda que foi uma cena particularmente difícil de filmar. "Posteriormente, Drew e eu comparamos quem teve a experiência mais constrangedora. Eu disse: ‘Toda a equipe tentava fazer piada para manter o clima leve. Isso deixou tudo ainda mais constrangedor’. Drew disse que todo mundo em sua sala ficou em extremo silêncio, o que foi muito estranho para ela."

Christina Applegate interpreta a irmã casada e obsessiva da personagem de Drew. "Eu adoro a escolha dela para o elenco", diz Barrymore, "porque somos parecidas. Eu acho que poderíamos ter vindo do mesmo útero."

  • Divulgação

    Christina Applegate interpreta a irmã casada de Drew Barrymore em ''Amor à Distância"

As atrizes são velhas amigas, ela acrescenta, e ela considera Applegate uma mentora. "Nós costumávamos estar na mesma classe de dança quando éramos crianças. Ela ficava realmente bem de colante e eu não. Mesmo com aquela idade, eu a celebrava, enquanto me sentia horrível e me escondia em um canto."

Por sua vez, Applegate diz em uma entrevista separada, há anos ela queria trabalhar com Barrymore. "A chave para Drew é que você olha para ela, tanto na tela quanto pessoalmente, e você vê seu interior. Ela não esconde suas emoções. Você realmente a conhece profundamente. Isso é o que a torna tão atraente como atriz -não há nada escondido."

Esse apelo transformou Barrymore em uma favorita do público desde que co-estrelou no clássico "E.T. - O Extraterrestre" (1982), de Steven Spielberg. Ela tinha apenas 7 anos quando o filme estreou e é aberta a respeito dos problemas que a atormentaram ao longo da década que se seguiu. Mas ela se recuperou com "Relação Indecente" (1992), e então esteve em filmes como "Somente Elas" (1995), "Todos Dizem Eu Te Amo" (1996), "Pânico" (1996), "Afinados no Amor" (1998), "Para Sempre Cinderela" (1998), "Nunca Fui Beijada" (1999), "Os Garotos da Minha Vida" (2001) e "Letra e Música" (2007).

Ao longo do caminho, ela se transformou em uma das atrizes/produtoras mais respeitadas da indústria. Sua produtora, a Flower Films, é responsável por sucessos como "As Panteras" (2000), "As Panteras: Detonando" (2003) e "Ele Não Está Tão a Fim de Você" (2009), além de ter feito sua estreia na direção com "Garota Fantástica" (2009).

Sua estética pessoal é simples. Ela quer fazer o tipo de filme que gosta de assistir como parte do público.

"Eu acho que os filmes funcionam melhor quando você se dedica a todo um grupo de pessoas na trama, não apenas a uma ou duas. Eu adoro os filmes feitos por Christopher Guest, nos quais você acompanha a história de todos. Isso dá uma sensação mais rica ao projeto. Eu adoro quando a química vai além dos personagens principais."

Fora das telas, a duas vezes divorciada Barrymore mantém um relacionamento intermitente com Long desde que se conheceram nas filmagens de "Ele Não Está Tão a Fim de Você". Eles aparentemente estão juntos de novo, mas nenhum deseja discutir o assunto publicamente. É difícil, suspira Barrymore, manter um relacionamento quando as duas pessoas estão envolvidas na indústria cinematográfica.

"Não é fácil. Um tem vontade de ver o outro, mas não dá por causa dos conflitos de agenda e obrigações. É realmente difícil fazer tudo o que você deseja em um dia."

Fora isso, tudo o que ela revela é com quem ela está dormindo. "Meus cães são as coisas mais queridas da minha vida. Fora isso, eu prefiro manter privado por ora."

(Cindy Pearlman é uma jornalista free-lance baseada em Chicago.)

Tradutor: George El Khouri Andolfato