"Futebol pode ser mediador das relações afetivas", diz diretor de documentário sobre o São Paulo
Enquanto estava fazendo o documentário “Soberano – Seis Vezes São Paulo”, que mostra sob o ponto de vista de torcedores e jogadores os seis títulos nacionais do time paulista, o premiado documentarista Carlos Nader percebeu um ponto bastante forte na maioria dos depoimentos. “O amor pelo São Paulo é um elo, algo que passa de pai para filho. O futebol acaba sendo um mediador de relações afetivas e familiares. Até aqueles pais que são turrões e mal conversam com os filhos, podem sair dando abraços com uma vitória, ou chorar numa derrota”, disse ele, em entrevista ao UOL Cinema.
Em “Soberano – Seis Vezes São Paulo”, que estreia na sexta (17) em todo país, Nader (“Pan-Cinema Permanente”) divide a direção e roteiro com Maurício Arruda, roteirista do curta “Uma História de Futebol”, que foi indicado ao Oscar em 2001. Apesar de todas essas credenciais, o que falou mais alto para serem convidados para o filme foi a paixão pelo time. O próprio Nader confessa: “É um filme apaixonado para torcedor. Não dá para ter isenção. Os documentários que faço são completamente subjetivos, então, dessa vez, pude deixar o lado torcedor aflorar. É preciso ter atenção com a realidade. Tratar com carinho a matéria que a realidade te dá”. E Arruda também não esconde: “Uma das coisas mais legais de fazer o documentário foi a oportunidade de estar próximos dos nossos ídolos do futebol”.
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Por isso, o que se vê na tela é uma história de suor, lágrimas e títulos. “Soberano – Seis Vezes São Paulo” acompanha cada uma das conquistas do time no campeonato brasileiro – em 1977, 1986, 1991, 2006, 2007 e 2008. O filme tem uma estrutura clara, intercalando depoimento de torcedores, jogadores – como Raí e Rogério Ceni - que tiveram destaque no campeonato e, claro, imagens de gols, muitos gols. “Encontramos os torcedores por meio de uma pesquisa na internet. Eles eram convidados a contar suas histórias. Depois foi feita uma triagem e testes. Mais do que histórias interessantes, precisávamos de pessoas carismáticas, que soubessem como contá-las na frente das câmeras”, explica Nader.
Foi colhendo essas histórias que os diretores perceberam o vínculo familiar que unia torcedores. “Todo mundo que a gente entrevistava falava de alguma forma do pai, de como a paixão passou de uma geração para outra”, explica Arruda. Já com as imagens a dupla não teve tanta sorte e precisou fazer um trabalho de pesquisa bastante árduo. “Sofremos muito para encontrar imagens de alguns gols, especialmente dos campeonatos mais antigos”.
“Soberano – Seis Vezes São Paulo” chega aos cinemas na esteira de documentários sobre times de futebol, “Gigante – Como o Inter Conquistou o Mundo”, “23 anos em 7 segundos”, entre outros. Por curiosidade, quando estava no começo do projeto, Nader foi assistir a uma pré-estreia de “Fiel”, documentário sobre a passagem do Corinthians pela série B, com produção de Gustavo Ioschpe, que também é responsável por este filme do São Paulo. “As pessoas gritavam durante a sessão. A platéia se transformou em arquibancada de cinema. Esse é o tipo de filme que tem interatividade”. O documentarista, inclusive, acredita que esse seja o futuro do cinema. “Caminhamos para uma experiência audiovisual coletiva. O cinema vai ficar cada vez mais próximo do videogame”.
Arruda, que preferiu não ver nenhum dos documentários sobre outros times, se surpreendeu com a estrutura do SPFC com suas visitas ao CT para gravar depoimentos de jogadores e torcedores. “É incrível a estrutura e organização que o time tem. A gente percebe que é real tudo aquilo de que sempre ouvimos falar”. E Nader vai além: “O São Paulo tem a cidade que lhe empresta o nome, é muito ético, trabalhador, esforçado”, o que vai ao encontro de algo que seu colega também diz. “Os títulos nunca vieram de forma fácil. Sempre foi necessário muita garra e trabalho, esforço coletivo. Como o momento de agora. O São Paulo sempre mostra que é capaz de dar a volta por cima e chegar vitorioso”, conta Arruda.
Se o clichê popular reza que o futebol é uma caixinha de surpresas, para Nader o embate no campo é praticamente ficção. “Um jogo é quase uma fábula, muito mais próximo do sonho, da fantasia do que da realidade. A gente parece se esquecer disso”. A trajetória de tantos times, entre os quais o São Paulo, valida essa idéia do documentarista de que tudo é possível dentro das quatro linhas enquanto a bola estiver rolando.
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