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Musical "Léo e Bia" conta história de amor e sonhos em tempo de ditadura

"Léo e Bia", musical de Oswaldo Montenegro, ganha adaptação para o cinema - Divulgação
"Léo e Bia", musical de Oswaldo Montenegro, ganha adaptação para o cinema Imagem: Divulgação

ALYSSON OLIVEIRA

16/09/2010 19h25

Famoso compositor e cantor, Oswaldo Montenegro estreia na direção de cinema com o musical “Léo e Bia”, baseado numa peça homônima que ele montou em meados da década de 1980. A história se passa no começo dos anos de 1970, quando a censura interferia em qualquer obra de arte que fosse minimamente ousada, ou fora dos padrões, e retrata um grupo de jovens de Brasília, que só quer ser feliz e fazer – sem qualquer pretensão de mudar o mundo. O filme entra em cartaz nessa sexta-feira, em São Paulo.

Léo (Emílio Dantas) é jovem, criativo e diretor de um pequeno grupo de teatro experimental. Apaixonado por Bia (Fernanda Nobre), atriz de sua trupe, mas tem uma relação bastante próxima com sua melhor amiga, Marina (Paloma Duarte, que também assina a produção do filme e foi premiada no Cine PE, em abril passado).

Numa época de utopias, Léo, Bia e seus amigos sonham em ser felizes e fazer do mundo um lugar mais alegre – mas, o peso do tempo em que vivem entra no caminho. A mãe de Bia (Françoise Fourton), atriz frustrada, manipula a filha emocionalmente fazendo chantagem com a sua solidão. A garota se sente no dever de cuidar da mãe, e isso se põe entre ela, o teatro e seu namorado.

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Cenograficamente, “Léo e Bia” remete a “Dogville” e “Mandarlay”, de Lars von Trier, que usa poucos objetos em cena, e se desenvolve num galpão. Aqui, há também diversas canções, algumas cantadas em cena, e outras tocam de fundo, nas interpretações de cantores como Ney Matogrosso e Zélia Duncan.

O filme “Léo e Bia” parece seguir a mesma proposta das peças montadas por seus personagens, ou seja, apenas divertir, espalhar alegria e cantoria pelo mundo. Personagens e situações são inspiradas na vida do músico – especialmente Marina, que tem como base a flautista Madalena Salles, que trabalha com o músico há muito tempo e aqui faz assistência de direção.

Se há no filme um discurso que soa um pouco datado, por outro lado, há momentos de criatividade visual, como numa cena com um censor que pretende picotar a peça dirigida por Léo, que faz uma conexão entre Jesus Cristo e Lampião.

O músico parece saber que está começando como diretor e por isso não ousa vôos formais, nem sai do tema e formato que domina. Ainda assim, Montenegro, com “Léo e Bia” faz aquilo que melhor sabe: expressar sentimentos em forma de canções.