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"Russell Crowe é um de nossos melhores atores", diz Paul Haggis, diretor de ''72 Horas''

Russell Crowe e o diretor Paul Haggis conversam durante uma pausa nas filmagens de "72 Horas" - Divulgação
Russell Crowe e o diretor Paul Haggis conversam durante uma pausa nas filmagens de "72 Horas" Imagem: Divulgação

ANA MARIA BAHIANA

Especial para o UOL, de Los Angeles

19/11/2010 07h02

Logo nos primeiros momentos de "72 Horas", uma família de classe média compartilha um ritual carinhoso e comum: pai, mãe e filho posam para uma foto juntos na mesa do café da manhã, todos apressados para seus compromissos - escola e trabalho -, a mãe operando a câmera do celular. Em segundos a cena será violentamente subvertida, deslanchando a ação e o drama que levarão o espectador do novo filme de Paul Haggis a todo tipo de emoção. Nas 72 horas do título, o pai (interpretado por Russel Crowe) tentará tirar da prisão a mãe (a atriz Elizabeth Banks) reunindo a família numa planejada, embora nada tranquila, fuga para o exterior. O filme estreia nesta sexta (19) nos EUA e está previsto para chegar no Brasil em 24 de dezembro.

“Sou um grande fã de Hitchcock. Acho que não se pode ser um diretor, especialmente no cinema norte americano, sem admirar e aprender com a obra de Hitch.”, diz Paul Haggis. “E também gosto muito dos filmes de ação dos anos 1970, que combinavam ação ininterrupta com drama humano e aprofundamento os personagens. Porque sempre achei que não adianta jogar 40 minutos de perseguição em cima do espectador se ele não estiver  emocionalmente envolvido pelos personagens.”

Para Haggis, vindo de dois filmes dramáticos e premiados – o oscarizado "Crash, No Limite" e "No Vale das Sombras", que rendeu uma indicação para Tommy Lee Jones – o exercício de combinar estudo de personagens com a pura adrenalina da ação foi “liberador”.”Minha carreira na verdade é muito curta comparada com a dos meus colegas - venho dirigindo há apenas seis anos”, diz Haggis. “E tive muita , muita sorte - e muita pressão também. Este tipo de exercício dentro de um gênero estabelecido provou ser muito divertido.”

A inspiração para "72 Horas" veio do filme francês "Pour Elle", de Frank Cavayé (2008): sem grandes recursos financeiros e absolutamente convencido da inocência de sua esposa contra todas as provas circunstanciais, um professor de colégio resolve não esperar mais pela resolução judicial. “Eu vi o filme e adorei”, Haggis conta. “É um pequeno fime francês, pequeno mesmo – apenas 84 minutos – mas excelente. Ótimos ossos, como se diz – ótima estrutura, cheia de potencial. Imediatamente tive vontade de colocar minha própria marca nele, fazer as minhas perguntas, chegar às minhas próprias conclusões.”

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    Em "72 Horas", a personagem de Elizabeth Banks recebe a ajuda do marido, interpretado por Russell Crowe, para provar sua inocência

Para Haggis, a premissa essencial de Pour Elle é “a natureza da fé e do amor, e o quanto uma pessoa estaria disposta a arriscar por aquilo em que acredita e ama, sem se importar com o que a sociedade diz” O que, Haggis completa, levou-o a escolher Russell Crowe para viver o obstinado marido. “Russell é um dos nossos melhores atores – é um ator perfeito para momentos de ação, mas capaz de enorme complexidade. Eu sabia que, com cinco minutos de filme, todo mundo na plateia estaria pensando - ah, coitado, ele jamais vai conseguir!”

Russell Crowe, na verdade, não queria fazer "72 Horas". Estava no meio das filmagens de "Robin Hood" quando recebeu o roteiro e, ele diz, “pensando seriamente nas férias que eu ia tirar. Li o roteiro exclusivamente pelo respeito que tenho por Haggis e por " Crash - No Limite", um filme que gosto muito. Mas já pensando que a reposta, muito educadamente, seria um ‘não’”

Para supresa de todos – inclusive dele mesmo - Crowe gostou tanto do script que acabou concordando e emendando "Robin Hood" com "72 Horas", com tempo apenas para “juntar a família e  desmontar o acampamento”, da Grã Bretanha para Pittsburgh, nos Estados Unidos, onde Haggis rodou seu projeto. “Para mim não era um thriller, nem mesmo um filme de ação. Era uma história de amor, pura e simples”, explica Crowe.  "Ele não está preocupado com a lei,  está preocupado com a justiça. A perspectiva dele - e o que guiou toda a minha abordagem do personagem - não é o que dentro ou fora da lei, mas o que precisa ser feito, por amor à sua mulher, à sua família.”

Seria o lado meigo de Russell Crowe vindo à tona graças aos esforços de Paul Haggis? “Humano, sim; afetivo, sim; mas nunca molengo.”, ele contrapõe."Para fazer o que ele acha que é necessário é essencial uma enorme coragem e força de vontade.”