"Eles são cheios de entusiasmo", diz David Yates sobre elenco jovem de "Harry Potter''
Em abril deste ano, ocupado com as filmagens dos dois últimos episódios da saga “Harry Potter”, o diretor David Yates confirmou que teria uma conversa rápida com o grupo de jornalistas da imprensa internacional – do qual UOL Cinema fez parte – de última hora. Apesar da correria no set, ao entrar numa sala dos estúdios Leaveasden, na Inglaterra, falou com voz baixa e calma sobre “Relíquias da Morte”, último título (dividido em dois filmes) de uma das séries cinematográficas mais esperadas do ano. “Foi interessante pegar esses personagens ligados ao mundo mágico e colocá-los no mundo real”, disse ao se referir ao trio de protagonistas, que estará fora de Hogwarts na ''Parte 1'', em cartaz desde sexta (19).
Para os fãs, os novos cenários são um diferencial em relação aos filmes anteriores da série, entre eles “A Ordem da Fênix” e “Enigma do Príncipe”, ambos dirigidos por Yates. Entre praias, florestas e outras paisagens, o diretor buscou um clima de "road movie" na primeira metade. Já na segunda, o tom será outro, voltado à ação. “Quis que os filmes fossem um pouco diferentes", afirmou, sem entrar em detalhes sobre a produção prevista para 2011. Na conversa, Yates falou ainda da divisão de “Relíquias de Morte” e disse que o prazer de trabalhar com os atores foi um dos motivos que o mantiveram na saga. "Eles são cheios de entusiasmo", elogiou. A seguir, leia os principais trechos da entrevista.
David Yates, diretor de ''Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1'', participa da première do filme em Nova York (15/11/2010)
UOL CINEMA - Como foi filmar a primeira parte do fim de “Harry Potter”, nos momentos em que eles estarão fora de Hogwarts?
DAVID YATES - Nós filmamos em locações e nos estúdios Leavesdean, na Inglaterra. Fomos a lugares diferentes como País de Gales, uma praia incrível, e em florestas. Havia o fato de que os três personagens centrais [Harry, Rony e Hermione] estariam na estrada, longe do mundo mágico no qual estávamos acostumados a vê-los. É como se eles fossem afastados de um lugar seguro. Em qualquer lugar que eles fossem estariam vulneráveis, pois não estariam em Hogwarts. Lugares urbanos e industriais fizeram parte da jornada. Foi interessante pegar esses personagens ligados ao mundo mágico e colocá-los no mundo real.
UOL CINEMA - Como foi para você decisão de transformar uma história em dois filmes?
YATES - Os dois filmes têm climas diferentes. Acho que o livro também é segmentado. E dividir foi uma boa oportunidade de ter um projeto maior. Outra coisa é evitar o que aconteceu em filmes anteriores, como o quinto e o sexto, em que foi preciso suprimir coisas, fazendo com que sequências ou cenas legais ficassem de fora por não terem contribuído tanto para o dinamismo da história. Nós também pensamos na história e encontramos um ponto para terminar um e começar o outro. Mas é preciso ver a primeira e a segunda parte para saber se este ponto é o mais adequado.
UOL CINEMA - Quais lições sobre a saga você teve com os filmes anteriores (“Enigma do Príncipe” e “Ordem da Fênix”?
YATES - Uma delas foi perceber que não gosto de fazer um filme igual ao que eu fiz antes. Quis, por exemplo, que a parte dois fosse diferente da parte um. Na parte um eles estão na estrada, é emotivo, e na parte dois é um filme de ação. Quis que os filmes fossem um pouco diferentes um do outro, como para mim o sexto foi diferente do quinto, teve um lado comédia romântica, por exemplo.
TRAILER DO FILME ''HARRY POTTER E AS RELÍQUIAS DA MORTE - PARTE 1"
UOL CINEMA - Como é para você trabalhar com os jovens atores que protagonizam “Harry Potter”?
YATES - Adoro, pois eles são cheios de entusiasmo, têm paixão pelo que fazem. Eles têm pouca experiência, mas suprem isto com energia e idéias. Um dos motivos de eu ter permanecido na série foi gostar de trabalhar com os jovens atores. Eles fazem ficar divertido, basicamente. E gosto de vê-los se desenvolvendo. “Ordem da Fênix” foi feito há cerca de três anos e é tão estranho ver como Daniel parece tão novinho (risos). E agora eu trabalho com um jovem homem. E eles querem agradar, querem fazer um bom trabalho, o que torna o trabalho mais dinâmico.
UOL CINEMA - Há coisas específicas que você pede para cada um dos atores?
YATES - Difícil dizer, pois isso muda muito. Cada ator e cada cena são diferentes. As situações também são diferentes. Agora eles já conhecem todos os meus truques para fazer com que coloquem as emoções para fora. Por exemplo, uma das coisas que digo, especialmente para os mais jovens, é que atuar é reagir, é responder a uma situação. É preciso projetar essas emoções para a câmera. Alguns atores mais velhos também tem esta dificuldade de guardar a emoção para si, mas é preciso dividir. E as câmeras são uma máquina incrível para capta-las. Digo a eles que é como escolher uma estação de rádio. Você tem que ouvir e se conectar com o momento.
* (A jornalista viajou para Londres a convite da Warner Bros.)
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