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Márcio Garcia estreia na direção de longas com comédia insossa e merchandsing exagerado

Juliana Paes e Dean Cain formam par romântico em "Amor por Acaso" - Divulgação
Juliana Paes e Dean Cain formam par romântico em "Amor por Acaso" Imagem: Divulgação

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

22/11/2010 07h01Atualizada em 09/12/2010 19h35

Conhecido ator de novelas e apresentador de televisão, Márcio Garcia estreia na direção de longas com a comédia romântica "Amor por Acaso", que tem previsão de chegar aos cinemas de todo país em 10 de dezembro. O filme é uma coprodução entre Brasil e Estados Unidos e falado, na maior parte do tempo, num inglês lento e cadente, que parece saído de algum vídeo de escola de línguas.

A trama, assinada por Leland Douglas, não podia ser mais surrada. Ana (Juliana Paes) herda uma dívida de seu pai, mas também fica sabendo que é dona de uma propriedade numa pequena cidade da Califórnia, deixada por sua avó que se mudou para os EUA, e ela nunca conheceu.

Aconselhada por seu advogado Victor (Julian Stone), os dois vão para lá para expulsar do local Jake (Dean Cain, que no passado ficou famoso como o Superman, da série "Lois e Clark"). O rapaz foi muito amigo da avó de Ana, que quando morreu deixou a casa para ele, que a transformou numa pousada.

TRAILER DO FILME "AMOR POR ACASO"

A trama de Douglas não faz a menor questão de usar sem o menor pudor qualquer clichê do gênero, além de personagens-clichês que só servem para fazer volume. Como é o caso dos hóspedes da pousada de Jake, que incluiu um casal japonês ninfomaníaco e um casal americano.

Como comédia, "Amor por Acaso" é insosso, sem timing ou piadas. A parte romance também não cria muito interesse, uma vez que não gera qualquer fagulha entre Cain e Juliana, que se esforça, mas não consegue superar as limitações de seu personagem, ou dos momentos estapafúrdios da trama.

A ideia central parece inspirada em "Um Bom Ano", romance de Peter Mayle, já adaptado para o cinema por Ridley Scott - mas é o crítico cuja percepção muda radicalmente depois de um belo jantar que soa como um plágio mais gritante, do filme "Ratatouille".

Nada disso, no entanto, supera a cena final. Protagonizada pelo próprio Márcio Garcia, mostra um dos merchandsings mais escancarados de que já teve notícia. O posto, até agora, pertencia às sandálias de "A Paixão de Jacobina".

Sem querer estragar o prazer da descoberta, mas a cena envolve Garcia e um frasco de xampu. E ele fica muito feliz de poder encontra nos EUA o mesmo produto que usa no Brasil. Ou seja, sutileza passa longe de "Amor por Acaso". Mas, no fim das contas, essa é a única coisa risível numa comédia em que a música nunca para, e a câmera insiste em fazer mil piruetas em tempo integral.