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"É difícil preservar amizades tendo feito algo tão bem-sucedido", diz Eisenberg sobre papel em "A Rede Social"

Jesse Eisenberg interpreta Mark Zuckerberg, fundador do site de relacionamentos Facebook, em "A Rede Social" - Divulgação
Jesse Eisenberg interpreta Mark Zuckerberg, fundador do site de relacionamentos Facebook, em "A Rede Social" Imagem: Divulgação

THAÍS FONSECA

Enviada especial a Cancún, no México*

29/11/2010 11h17

Para um jovem ator como Jesse Einsenberg participar de um filme como “A Rede Social” significa encarar desafios promissores na carreira. Um deles é o de ser dirigido por David Fincher, cineasta que tem filmes de prestígio como “Clube da Luta”, “Zodíaco” e “O Curioso Caso de Benjamin Button” no currículo. O outro é o de dar vida a um personagem inspirado em uma pessoa real e famosa no mundo todo. No caso, o ator interpreta Mark Zuckemberg, jovem bilionário responsável pela criação do site de relacionamentos Facebook.

“Na época, eu não tinha visto nada sobre Zuckerberg na internet, construí o personagem pelo roteiro”, contou Einsenberg durante entrevista ao UOL Cinema e a um grupo de jornalistas da imprensa internacional em Cancún, no México, em julho deste ano, referindo-se ao teste para o papel. Ao ser escolhido, pesquisou vídeos online para observar os trejeitos de Zuckerberg, mas, sob orientação de Fincher, não procurou imitá-lo. “Ele não queria que ficássemos presos aos personagens reais”.

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    Erica Albright (Rooney Mara) e Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) são ex-namorados em ''A Rede Social"

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    No filme, Justin Timberlake é Sean Parker, que se envolve no projeto de Zuckerberg

Ao falar no plural, inclui outros personagens centrais da história, interpretados por Andrew Garfield e Justin Timberlake: o brasileiro Eduardo Saverin e Sean Parker, respectivamente, que a certa altura disputam, como rivais, a parceria rentável com Zuckerberg.  A relação controversa com ambos – especialmente com Saverin, que começa como seu melhor amigo e acaba excluído da jogada -, é apenas umas das facetas do personagem de Einsenberg, mais adequado ao rótulo de anti-herói do que de mocinho.

Apesar da inteligência fora do comum como programador e empreendedor, o protagonista mostra um lado ganancioso, arrogante e pouco carisma. Sua escalada ao sucesso começa como uma espécie de vingança à namorada, que lhe deu um fora. Acaba criando um site sobre as estudantes da universidade de Harvard, nos EUA, onde estuda, que gera polêmica e visibilidade.  A partir de então tem início a série de contatos, disputas e inimizades que fazem dele um bilionário hábil, mas solitário. “Ele aprende que é difícil preservar amizades tendo feito algo tão bem-sucedido”, opina o ator. O filme é baseado no livro “Bilionários por Acaso”, de Ben Mezrich, e tem roteiro assinado por Aaron Sorkin. Leia abaixo os principais trechos da entrevista com Eisenberg.

UOL CINEMA - Como foi interpretar um personagem real e famoso? Você procurou estudar os trejeitos dele?
Jesse Eisenberg -
De certa forma, sim. Fiz coisas como ouvir a voz dele no ipod durante o caminho para o trabalho e ver vídeos dele que estavam online. Mas na primeira reunião que tive com David Fincher, perguntei se ele gostaria que o personagem se parecesse com o cara real e esta nunca foi a intenção. Ele não queria que ficássemos presos aos personagens reais. No meu caso, Mark Zuckemberg era o que mais aparecia no noticiário.

UOL CINEMA -  Você fez audição para o papel?
Jesse Eisenberg - Fiz um vídeo em Nova York com algumas cenas. Eu estava em Nova York e os testes para o elenco eram em Los Angeles, então fiz um vídeo com minha irmã e enviei. Na época, eu não tinha visto nada sobre Mark Zuckerberg na internet, construí o personagem pelo roteiro. E fui escalado por causa do vídeo. E quando conversei com David Fincher nós nos baseamos no personagem que pensei inicialmente e não em informações que encontramos online.

UOL CINEMA - Você diria que as primeiras experiências dele com o site foram impulsionadas por uma garota?
Jesse Eisenberg -
Se você pegar a cena de abertura [quando a namorada termina com Zuckerberg], meu personagem se inspira em criar um site chamado Facemash, uma espécie de versão inicial do Facebook, com fotos de garotas de Harvard. É um site onde você pode comparar as fotos das garotas. Meu personagem faz isto tarde da noite e o site tem repercussão. Ele faz isto com um sentimento de vingança, após a namorada terminar o namoro com ele.

TRAILER DO FILME ''A REDE SOCIAL"

UOL CINEMA - Você é tão bom no computador quanto seu personagem?
Jesse Eisenberg -
Eu sempre achei que fosse bom com computadores, até eu conhecer pessoas que são realmente boas. E aí percebi que sabia muito pouco. Eu tenho um primo bom nisso, que trabalha perto de Zukerberg no Facebook e é um gênio do computador. Ao me comparar com ele, diria que não sou bom. Conheço de computadores como a maioria das pessoas.

UOL CINEMA - Te incomoda que as pessoas façam comparações entre você e seu personagem?
Jesse Eisenberg -
Não, é compreensível. Mas computadores não são a minha principal preocupação. O que me interessava era interpretar este papel interessante.

UOL CINEMA - O filme mostra pessoas que se incomodam com Zuckerberg. Para você, quais foram as coisas desagradáveis que ele fez?
Jesse Eisenberg -
No que se refere às coisas retratadas no filme, não diria que ele fez coisas terríveis. Fez parte do meu trabalho defendê-lo todos os dias. Para mim, as coisas que ele fez foram “desculpáveis”. Mesmo quando ele cria os sites, que deixam algumas pessoas bravas, a diferença é que o que ele faz se torna muito popular. E o que os outros fazem geralmente é esquecido.

UOL CINEMA - Seu personagem passa alguma mensagem para o espectador?
Jesse Eisenberg -
Eu diria que este filme não é do tipo que traz uma mensagem. Não acho que o personagem transmita mensagem, mas acho que ele aprende que é difícil preservar amizades tendo feito algo tão bem-sucedido, que estava além da imaginação das pessoas. Ele descobre que vai ter que trabalhar duro para ter relações próximas com as pessoas tendo tanto sucesso.

UOL CINEMA - E no seu caso, como é se relacionar com as pessoas tendo sucesso?
Jesse Eisenberg -
Não tenho o mesmo sucesso que Zuckerberg tem (risos). Sou ator de cinema, então tenho uma experiência isolada de sucesso. Não atuo em público com um grupo de pessoas, por exemplo. Não é bem o tipo de experiência em que posso perder amigos por causa do sucesso.

* (A jornalista viajou a convite da Sony Pictures)