"É difícil preservar amizades tendo feito algo tão bem-sucedido", diz Eisenberg sobre papel em "A Rede Social"
Para um jovem ator como Jesse Einsenberg participar de um filme como “A Rede Social” significa encarar desafios promissores na carreira. Um deles é o de ser dirigido por David Fincher, cineasta que tem filmes de prestígio como “Clube da Luta”, “Zodíaco” e “O Curioso Caso de Benjamin Button” no currículo. O outro é o de dar vida a um personagem inspirado em uma pessoa real e famosa no mundo todo. No caso, o ator interpreta Mark Zuckemberg, jovem bilionário responsável pela criação do site de relacionamentos Facebook.
“Na época, eu não tinha visto nada sobre Zuckerberg na internet, construí o personagem pelo roteiro”, contou Einsenberg durante entrevista ao UOL Cinema e a um grupo de jornalistas da imprensa internacional em Cancún, no México, em julho deste ano, referindo-se ao teste para o papel. Ao ser escolhido, pesquisou vídeos online para observar os trejeitos de Zuckerberg, mas, sob orientação de Fincher, não procurou imitá-lo. “Ele não queria que ficássemos presos aos personagens reais”.
Erica Albright (Rooney Mara) e Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) são ex-namorados em ''A Rede Social"
No filme, Justin Timberlake é Sean Parker, que se envolve no projeto de Zuckerberg
Ao falar no plural, inclui outros personagens centrais da história, interpretados por Andrew Garfield e Justin Timberlake: o brasileiro Eduardo Saverin e Sean Parker, respectivamente, que a certa altura disputam, como rivais, a parceria rentável com Zuckerberg. A relação controversa com ambos – especialmente com Saverin, que começa como seu melhor amigo e acaba excluído da jogada -, é apenas umas das facetas do personagem de Einsenberg, mais adequado ao rótulo de anti-herói do que de mocinho.
Apesar da inteligência fora do comum como programador e empreendedor, o protagonista mostra um lado ganancioso, arrogante e pouco carisma. Sua escalada ao sucesso começa como uma espécie de vingança à namorada, que lhe deu um fora. Acaba criando um site sobre as estudantes da universidade de Harvard, nos EUA, onde estuda, que gera polêmica e visibilidade. A partir de então tem início a série de contatos, disputas e inimizades que fazem dele um bilionário hábil, mas solitário. “Ele aprende que é difícil preservar amizades tendo feito algo tão bem-sucedido”, opina o ator. O filme é baseado no livro “Bilionários por Acaso”, de Ben Mezrich, e tem roteiro assinado por Aaron Sorkin. Leia abaixo os principais trechos da entrevista com Eisenberg.
UOL CINEMA - Como foi interpretar um personagem real e famoso? Você procurou estudar os trejeitos dele?
Jesse Eisenberg - De certa forma, sim. Fiz coisas como ouvir a voz dele no ipod durante o caminho para o trabalho e ver vídeos dele que estavam online. Mas na primeira reunião que tive com David Fincher, perguntei se ele gostaria que o personagem se parecesse com o cara real e esta nunca foi a intenção. Ele não queria que ficássemos presos aos personagens reais. No meu caso, Mark Zuckemberg era o que mais aparecia no noticiário.
UOL CINEMA - Você fez audição para o papel?
Jesse Eisenberg - Fiz um vídeo em Nova York com algumas cenas. Eu estava em Nova York e os testes para o elenco eram em Los Angeles, então fiz um vídeo com minha irmã e enviei. Na época, eu não tinha visto nada sobre Mark Zuckerberg na internet, construí o personagem pelo roteiro. E fui escalado por causa do vídeo. E quando conversei com David Fincher nós nos baseamos no personagem que pensei inicialmente e não em informações que encontramos online.
UOL CINEMA - Você diria que as primeiras experiências dele com o site foram impulsionadas por uma garota?
Jesse Eisenberg - Se você pegar a cena de abertura [quando a namorada termina com Zuckerberg], meu personagem se inspira em criar um site chamado Facemash, uma espécie de versão inicial do Facebook, com fotos de garotas de Harvard. É um site onde você pode comparar as fotos das garotas. Meu personagem faz isto tarde da noite e o site tem repercussão. Ele faz isto com um sentimento de vingança, após a namorada terminar o namoro com ele.
TRAILER DO FILME ''A REDE SOCIAL"
UOL CINEMA - Você é tão bom no computador quanto seu personagem?
Jesse Eisenberg - Eu sempre achei que fosse bom com computadores, até eu conhecer pessoas que são realmente boas. E aí percebi que sabia muito pouco. Eu tenho um primo bom nisso, que trabalha perto de Zukerberg no Facebook e é um gênio do computador. Ao me comparar com ele, diria que não sou bom. Conheço de computadores como a maioria das pessoas.
UOL CINEMA - Te incomoda que as pessoas façam comparações entre você e seu personagem?
Jesse Eisenberg - Não, é compreensível. Mas computadores não são a minha principal preocupação. O que me interessava era interpretar este papel interessante.
UOL CINEMA - O filme mostra pessoas que se incomodam com Zuckerberg. Para você, quais foram as coisas desagradáveis que ele fez?
Jesse Eisenberg - No que se refere às coisas retratadas no filme, não diria que ele fez coisas terríveis. Fez parte do meu trabalho defendê-lo todos os dias. Para mim, as coisas que ele fez foram “desculpáveis”. Mesmo quando ele cria os sites, que deixam algumas pessoas bravas, a diferença é que o que ele faz se torna muito popular. E o que os outros fazem geralmente é esquecido.
UOL CINEMA - Seu personagem passa alguma mensagem para o espectador?
Jesse Eisenberg - Eu diria que este filme não é do tipo que traz uma mensagem. Não acho que o personagem transmita mensagem, mas acho que ele aprende que é difícil preservar amizades tendo feito algo tão bem-sucedido, que estava além da imaginação das pessoas. Ele descobre que vai ter que trabalhar duro para ter relações próximas com as pessoas tendo tanto sucesso.
UOL CINEMA - E no seu caso, como é se relacionar com as pessoas tendo sucesso?
Jesse Eisenberg - Não tenho o mesmo sucesso que Zuckerberg tem (risos). Sou ator de cinema, então tenho uma experiência isolada de sucesso. Não atuo em público com um grupo de pessoas, por exemplo. Não é bem o tipo de experiência em que posso perder amigos por causa do sucesso.
* (A jornalista viajou a convite da Sony Pictures)
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