Atores de "Machete", Danny Trejo e Jessica Alba falam da quebra de clichês no filme
Na aparência, eles não poderiam ser mais diferentes: a bela e miúda Jessica Alba parece uma formiguinha ao lado de Danny Trejo, o musculoso, tatuado e enrugado protagonista de "Machete", o novo filme de Robert Rodriguez e Ethan Maniquis, em que ele interpreta o herói mexicano que leva a melhor sobre todos os vilões, "gringos" ou não.
Nas opiniões, no entanto, os dois atores concordam: "Todo mundo já sabe que é mais do que tempo de mudar as leis de imigração nos EUA". Falando a um pequeno grupo de jornalistas no Festival de Veneza, em setembro último – do qual participou o UOL Cinema -, Jessica e Trejo comentam esse aspecto político que aparece no filme, mesmo que, fiel à marca Robert Rodriguez, com produção de Quentin Tarantino, a história beba mesmo na veia da diversão, embalada em tiroteios, perseguições e cenas do mais puro ‘gore’, com direito à visão de vísceras e uma crucificação.
Danny Trejo protagoniza o filme "Machete"
"Machete", que estreia sexta em São Paulo e no Rio, foi uma das atrações de abertura do festival italiano, fora de competição. Conta a história de Machete (Trejo), um ex-policial tido como morto que tem que escapar das armadilhas de traficantes de drogas, policiais corruptos e um senador que procura expulsar imigrantes dos EUA (Robert De Niro).
Veterano coadjuvante
Atuar como protagonista requereu uma paciência, aliás, fora do normal do californiano Trejo, de 66 anos de idade e há 25 na profissão. Se ele não reclama da demora, a causa está não só em sua incrível humildade, mas em sua inusitada biografia. Antes de tornar-se ator, ele foi um delinquente juvenil, que acabou cumprindo pena na prisão de San Quentin, por assalto a mão armada e tráfico de drogas. Mas foram também pessoas que conheceu ali dentro e uma série de coincidências que o colocaram na rota do cinema – mais precisamente no set da aventura "Expresso para o Inferno" (85), do diretor Andrei Konchalovsky, em que ele fez o primeiro de uma enorme série de papeis de mau.
Trejo mostrou-se resolvido sobre a sua longa trajetória como eterno coadjuvante. "Nos meus primeiros anos de carreira, a minha única fala costumava ser 'mate-me!' ou coisa assim. Eu era sempre o ‘detento número 1", diverte-se o ator.
TRAILER DO FILME ''MACHETE''
O papel do maior vilão da história, aliás, pertence ao astro Robert De Niro, com quem Trejo já havia compartilhado o set em 1995, no filme “Fogo contra Fogo”, de Michael Mann. Trejo não esconde sua admiração pelo intérprete de “Taxi Driver”: “Eu queria trazer um café pra ele”. Mas De Niro não quis saber disso. “Ele me deu os parabéns pelo papel de protagonista e disse que torceu por mim. ‘Sabia que você ia conseguir’, ele me dizia”, conta Trejo.
Sex symbol por acaso
Sobre a combinação de extrema violência e a crítica contra os excessos no combate à imigração ilegal nos EUA, o ator pondera: “Acho que há mais violência na internet e na TV do que no cinema. Também acredito que, se o filme puder levantar alguma controvérsia sobre a corrupção, é bom. Mas não simpatizo tanto com a ideia de procurar ‘passar mensagem’”.
O aspecto que o ator mais curte sobre o filme é ser, como ele diz, “movido pelo entusiasmo dos fãs”. Lembra, com orgulho, o caso de garotos ingleses que começaram a tatuar Machete nas costas só por causa do trailer em “À Prova de Morte”, origem do personagem do ex-policial vingador, há três anos.
Guindado ao posto não só de herói mexicano vingador e até como símbolo sexual, já que é objeto de desejo de todas as mulheres do elenco, Trejo desconversa: “Que nada, é apenas meu trabalho. Além disso, se alguma mulher chega perto, minha filha de 20 anos já vem logo me controlando,” (risos).
Ao seu lado, Jessica Alba, que interpreta a agente do FBI Sartana Rivera, complementa: “Acho que neste filme estão explodindo todos os estereótipos sobre mexicanos e, além disso, falando de algo socialmente relevante”.
A atriz também gostou que as personagens femininas mostrem-se tão ativas em “Machete”. “Elas são vulneráveis mas valentes, de algum modo desafiando também os clichês”, afirma. A atriz, que dispensou os dublês em todas as suas cenas perigosas, acha legal ver na tela heroínas valentes. Ela vai repetir a dose no próximo filme de Robert Rodriguez, “Pequenos Espiões 4”, em que interpretará, como ela define, “uma mãe de maus bofes”. Na vida real, a atriz, de 29 anos, tem uma filha de 2.
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