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Depois de anos de "guerrilha", diretor de "Meu Mundo em Perigo" vai investir em comédia com Grazi Massafera

O diretor José Eduardo Belmonte na pré-estreia de "Se Nada Mais Der Certo", (20/08/2009) - FolhaPress/Patricia Stavis
O diretor José Eduardo Belmonte na pré-estreia de "Se Nada Mais Der Certo", (20/08/2009) Imagem: FolhaPress/Patricia Stavis

ALYSSON OLIVEIRA

Do Cineweb

11/12/2010 07h07

O cineasta José Eduardo Belmonte está em busca de lugares. Mais do que desafios, ele quer é andar pelo país e desvendar cidades. “Sou um viajante”, definiu-se em entrevista ao UOL Cinema. Com uma carreira muito bem consolidada, que inclui quatro longas elogiados, vários curtas, e muitos prêmios, ele se prepara para filmar seu quinto trabalho, “Billy Pig”, que dessa vez traz Grazi Massafera e Selton Mello nos papeis centrais. Ela, uma aspirante a atriz, dona do brinquedo que dá titulo ao longa; ele, seu marido, que faz de tudo para ajudá-la a realizar o sonho.

“Começo a rodar o longa no Rio, no próximo mês. Meus pais são de lá e fazer um filme nessa cidade é como voltar às minhas raízes”. Além disso, Belmonte adianta: “Quero fazer uma comédia popular e muito engraçada. Estou em busca de me comunicar com o grande público. Sempre quero algo diferente para meus filmes. A cada um deles, aprendo uma coisa”.

  • Pedro Paulo Figueiredo/CZN

    Grazi Massafera na série ''As Cariocas"

  • Cena do filme "Se Nada Mais Der Certo" (2009)

Antigamente, confessa, importava-se apenas em filmar. “O importante era fazer. Queria apenas isso. Depois de quebrar a cara várias vezes, a gente percebe que não vale a pena ter o filme pronto se ninguém vai ver. ‘Billy Pig’ começa a ser rodado não apenas com uma distribuidora acertada, mas até data de lançamento já planejada, para o segundo semestre de 2011”.

Antes de ser descoberto pelo grande público, porém, Belmonte diz que resolveu uma grande frustração, quando seu longa de 2007, “Meu Mundo em Perigo”, chegou aos cinemas do país. “É o meu filme de que mais gosto. Era muito triste não ter chegado ao público até agora”. A produção estreou no Festival de Brasília há três anos, de onde saiu com três prêmios – melhor ator, para Eucir de Souza; ator coadjuvante, para Milhem Cortaz; e o melhor longa para a crítica – e passou em alguns festivais, mas nunca chegou ao circuito. Até agora.

O filme posterior de Belmonte, “Se Nada Mais Der Certo” (2008), acabou estreando antes, inclusive – depois de ser consagrado no Festival do Rio. “Eu não conseguia um distribuidor para ‘Meu mundo em perigo’. Todo mundo o achava muito melancólico. Daí o filme posterior começou a ganhar prêmios, chamou a atenção e acabou sendo lançado bem antes”.

Filmado em 12 dias, com um orçamento modesto e muito apoio da equipe, “Meu Mundo em Perigo”, nas palavras do diretor, ‘é um filme sobre uma pessoa boa que faz algo ruim sem querer e como sua vida muda radicalmente’. O roteiro foi desenvolvido pelo dramaturgo e ator Mario Bortolotto a partir de um argumento do próprio Belmonte. “Eu queria fazer um filme barato, filmado como um documentário. Me interessava investigar a família e as experiências pessoais”.

Belmonte confessa que não conseguiria fazê-lo não fosse o suporte de toda a equipe – tanto que, logo no início, o longa é creditado como ‘”um filme de José Eduardo Belmonte e equipe”. Para o diretor, “filmar é como tocar um jazz, é preciso harmonia e espaço para a improvisação. Aceito sugestões de todo mundo dentro do set. Permito que todos criemos bastante”. Por isso, ele também busca atores inteligentes em quem possa confiar. Além dos dois premiados, o elenco conta com Rosane Mulholland, Wolney de Assis, Juliano Cazarré e Justine Otondo, entre outros.

“Meu Mundo em Perigo” foi rodado em São Paulo. Diversas cenas acontecem na região central da cidade, que na época ainda não havia passado por um processo de revitalização. “Fiz o filme para descobrir São Paulo. Apesar de morar aqui, era praticamente um estrangeiro. A equipe também não conhecia nada. Fomos descobrindo juntos. Fui tão ingênuo, que filmávamos perto da ‘cracolândia’ e eu nem sabia disso”, brinca o diretor.  “Tudo isso faz parte do aprendizado”.